A arraia: a bela misteriosa do mar
Escrito e verificado por a bioquímica Luz Eduviges Thomas-Romero
A arraia é uma criatura que, devido à sua aparência, é considerada um símbolo da elegância marinha. Ao longo da história, essa criatura foi temida devido à semelhança de suas barbatanas cefálicas com “chifres de demônio”. Além disso, há o fato de que a forma de seu corpo se assemelhava a uma capa.
No entanto, esses gigantes não representam nenhuma ameaça porque se alimentam de plâncton e são criaturas pacíficas. Sua graça nos evoca virtuosos dançarinos que interpretam um balé subaquático. Elas voam pelo mar realizando piruetas incríveis, saltos mortais e acrobacias fora da água.
Este peixe é conhecido por diversos nomes ao redor do mundo. No Brasil, esse animal também é popularmente chamado de “raia”. Neste artigo, você conhecerá as características surpreendentes deste peixe.
A classificação das arraias
A arraia pertence à classe de peixes cartilaginosos ou condrictios, caracterizados por possuir um esqueleto inteiramente composto de tecido cartilaginoso. De fato, esse grupo abrange diferentes espécies de tubarões e arraias.
Os peixes cartilaginosos são caracterizados por não apresentarem bexiga natatória ou pulmões. A respiração ocorre através de cinco a sete pares de guelras abertas para o exterior através de brânquias.
Este grupo de peixes não possui opérculo, a barbatana óssea que cobre e protege as brânquias dos peixes ósseos. Portanto, eles não possuem esse mecanismo para controlar a entrada e saída de água através das brânquias.
Por esse motivo, os peixes cartilaginosos devem permanecer em movimento contínuo para forçar a água a penetrar nas brânquias. Isso significa que a arraia é um animal que nunca para de nadar, do nascimento à morte.
Os peixes cartilaginosos — elasmobrânquios — são muito antigos e existem há pelo menos 400 milhões de anos.
Os especialistas reconhecem duas espécies de arraias: a manta de recife (Manta alfredi) e a arraia gigante (Manta birostris).
O que caracteriza a arraia?
As arraias e mantas expandiram as barbatanas peitorais em forma de asas. Na natação, elas batem as nadadeiras em um movimento ondulado, análogo aos pássaros durante o voo.
Eles apresentam as brânquias na parte ventral. A cabeça de ambas as espécies é larga, com os olhos de cada lado e a boca comprida na frente. Na boca, existem várias fileiras de dentes pequenos que não são usados na mastigação, mas são usados para que os machos possam segurar a fêmea durante o acasalamento.
Acima da boca, existem duas estruturas cefálicas, que prolongam e orientam o fluxo de água para a boca. Essas estruturas otimizam o processo de alimentação que a arraia realiza por filtração da água para ingerir plâncton marinho. De fato, elas são grandes consumidoras do plâncton.
Ambas as espécies têm uma cauda em forma de chicote. No entanto, ao contrário de outras espécies da mesma ordem, as duas espécies de arraias não possuem um ferrão venenoso na cauda.
Este animal marinho é muito inteligente: os especialistas reconhecem que ele possui o maior cérebro entre todos os peixes. Recentemente, foi demonstrado que possuem as habilidades cognitivas mais desenvolvidas entre os peixes.
Habitat das arraias
Elas vivem em mares de águas tropicais ao redor do mundo. Curiosamente, as arraias-manta visitam “estações de manutenção” nos arrecifes, onde a sua limpeza é realizada por peixes ou rêmoras oportunistas.
Qual é o tamanho da arraia?
O corpo grande e achatado possui um centro que é chamado de “disco”. No caso da arraia de recife, a largura de disco varia entre 3 e 3,5 metros. Na arraia gigante, o disco pode medir até nove metros de largura e pesar até 1350 kg.
Geralmente, são encontrados exemplares de quatro metros e meio. Além disso, uma arraia pode viver em torno de 25 anos.
Sensibilidade à flor da pele
O corpo da arraia é coberto por uma membrana mucosa protetora. Esse muco tem duas funções básicas: atua como uma barreira contra infecções e reduz o atrito para facilitar seu movimento ao nadar.
Essa membrana pode ser danificada pelo contato humano. Portanto, se você estiver perto de uma arraia, evite tocá-la.
Uma característica extraordinária das arraias-manta — e de todos os peixes cartilaginosos — é que eles apresentam na pele um sistema elaborado de bolhas sensíveis a estímulos elétricos de baixa frequência. Esses eletrorreceptores são conhecidos como “ampolas de Lorenzini”.
Por isso, são fatores determinantes para orientação em direção a campos elétricos, causados pelo geomagnetismo terrestre e pelas marés.
Além disso, o sistema eletrorreceptor também permite detectar os campos eletromagnéticos gerados por suas presas ou predadores em potencial e seus congêneres durante interações sociais e acasalamentos.
Ameaças à arraia
Esses peixes foram caçados por esporte, por sua carne, óleo ou por erro em tarefas de pesca comercial. Atualmente, a caça à arraia é limitada. Além disso, em áreas como o Havaí, nos Estados Unidos, ela está na lista de espécies protegidas.
A proteção da arraia é de interesse econômico, pois ela atrai um grande número de turistas. Sem dúvida, este peixe acrescenta beleza, diversidade e mistério ao nosso mundo.
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