Quais são as características das aves aquáticas?

As aves aquáticas evoluíram ao longo dos séculos para se adaptarem da melhor forma possível a um ambiente fluido, em muitos casos, sem perder a capacidade de voar.
Quais são as características das aves aquáticas?
Silvia Conde

Escrito e verificado por a biólogo Silvia Conde.

Última atualização: 04 junho, 2024

As aves são um grupo de animais muito heterogêneo, pois as espécies nelas incluídas aparecem em diferentes tamanhos, formas e cores. Além disso, mesmo não sendo especialistas e com base na nossa intuição, podemos aprender  muito sobre o seu estilo de vida, alimentação, voo ou hábitos simplesmente observando a sua morfologia.

Ao longo da evolução, a seleção natural favoreceu diferentes adaptações para a sobrevivência num ambiente semiaquático. As aves aquáticas, embora passem grande parte da vida na água, completam seu ciclo em terra, reproduzindo-se e criando filhotes.

Características gerais das aves aquáticas

Se descrevermos cuidadosamente uma ave, perceberemos que muitas das características mudam de um tipo para outro. A forma e o tamanho do bico, a morfologia das patas e das penas podem ser completamente diferentes de um animal para outro.

As aves aquáticas partilham características gerais, mas dentro desse grupo podemos encontrar vários subgrupos diferentes com base no voo, no habitat ou na dieta. Abaixo mostramos alguns exemplos claros disso.

Um pato nadando.

Inserção das patas

Como característica geral, podemos destacar que as aves nadadoras têm a inserção dos membros posteriores deslocadas para a extremidade do corpo, o que facilita a natação. Essa característica é uma adaptação generalizada em aves semiaquáticas.

A glândula uropigial

Essa glândula está presente na maioria das aves, mas é mais desenvolvida nas variedades aquáticas, como os patos. Está localizada próximo à cloaca – na base da cauda – e secreta ceras e óleos que os pássaros usam para se limpar.

A ave coleta essa substância cerosa com o bico e a aplica no corpo, espalhando-a sobre as penas e conferindo-lhes um efeito limpo e impermeável, aspectos muito importantes para a vida na água.

A glândula de sal nas aves marinhas

As aves marinhas – assim como tubarões e répteis – possuem um sistema que lhes permite excretar o excesso de sal que ingerem com água ou comida e, assim, evitar a desidratação e manter o equilíbrio osmótico no sangue, como se fosse uma espécie de rim complementar.

A glândula salina é o órgão responsável por essa função e, nas aves marinhas, está localizada acima do olho. O animal elimina esse excesso de sal pelas narinas por meio de movimentos vigorosos da cabeça, como se estivesse espirrando.

Esse movimento é comum em petréis, albatrozes, gaivotas ou aves do gênero Phalacrocorax. Se você tiver a oportunidade de observar atentamente alguma dessas aves poderá perceber que, regularmente, há uma gota caindo da ponta do seu bico.

Alguns tipos de aves aquáticas

Existem mais de 30 famílias diferentes de aves aquáticas – todas muito diferentes entre si – por isso citaremos alguns grupos de acordo com técnicas de alimentação, voo ou habitat.

Aves limícolas

São aves associadas a zonas úmidas, principalmente costeiras (pântanos, estuários e praias). Muitas delas realizam longas migrações anuais.

Em geral, são aves com pernas e bicos muito alongados, utilizados para capturar suas presas – anelídeos, crustáceos e moluscos que encontram enterrados no substrato – embora haja muita variedade dentro do grupo das limícolas.

Uma ave aquática pernalta.

Aves marinhas

São um grupo muito heterogéneo, que inclui desde aves grandes, como os albatrozes, até aves pequenas, como os petréis – semelhantes em tamanho a uma andorinha.

As aves marinhas passam a maior parte da vida no mar ou perto dele, exceto na época de reprodução, que geralmente é passada na costa. Além disso, podem se alimentar de animais localizados na superfície do mar durante o voo ou mergulhar enquanto nadam para capturar suas presas.

Os albatrozes são aves aquáticas marinhas.

Aves que não voam

Os pinguins são as aves aquáticas por excelência. Esses animais não podem voar, mas têm um corpo perfeitamente adaptado à vida na água: suas asas se transformam em nadadeiras funcionais, com as quais podem atingir altas velocidades de natação e mergulho.

Um pinguim Adelie incubando um ovo.

Aves pernaltas

Vivem em águas rasas por onde caminham graças às suas longas pernas. Flamingos, cegonhas e garças pertencem a esse grupo. Essas aves capturam suas presas submergindo seus longos bicos.

Além disso, os flamingos possuem um bico muito especializado, com lamelas córneas com as quais retêm os alimentos, mecanismo com o qual filtram a água que coletam na captura dos peixes.

As cegonhas não são aves aquáticas.

Aves mergulhadoras

Essas aves ocupam águas mais profundas que as anteriores e procuram alimento submergindo completamente, nadando ou mergulhando. Seus dedos palmados facilitam sua movimentação debaixo d’água.

Um exemplo claro são os patos, que possuem três dedos voltados para frente unidos por uma membrana interdigital e o quarto – que está direcionado para trás – reduzido e elevado acima dos demais.

Neste grupo, podemos incluir aves marinhas e de água doce e de alimentação onívora ou herbívora.

O cormorão é outra das aves aquáticas.

Outras aves piscívoras

Essas aves não apresentam as adaptações à vida na água das aves aquáticas, mas vivem próximas a corpos d’água, pois sua dieta é principalmente piscívora.

A águia-pescadora e o martim-pescador são aves muito diferentes, mas ambos utilizam um método de caça semelhante, detectando as suas presas no ar e mergulhando em busca delas.

A águia-pescadora coloca as patas à frente e submerge completamente na água, impulsionando-se para voar depois de capturar a presa com as garras.

Já o martim-pescador procura seu alimento empoleirado em galhos altos e observando a água. Quando avista um peixe próximo à superfície, ele mergulha de cabeça – primeiro o bico – e captura sua presa em questão de segundos.

O martim-pescador é um dos animais que comem peixe.

Como vimos, as adaptações à vida aquática são múltiplas e muito diversas. Além disso, muitas dessas aves se especializaram em caçar e sobreviver debaixo d’água sem perder a capacidade de voar. Sem dúvida, a natureza nunca deixará de nos surpreender.


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  • Seo BirdLife
  • Laborda, Antonio & Blanco, Luis. (2012). Las aves y el agua. Iniciación al conocimiento de las aves acuáticas.

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