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Como identificar a dor nos gatos?

4 minutos
Identificar a dor nos gatos é uma tarefa complexa, pois esses animais estão evolutivamente preparados para nunca se mostrarem vulneráveis.
Como identificar a dor nos gatos?
Última atualização: 12 junho, 2021

Saber reconhecer a dor nos gatos é essencial, não só para evitar o sofrimento, mas para fortalecer o vínculo entre tutor e felino. No entanto, aprender a reconhecer os sinais não é algo totalmente intuitivo: requer tempo e conhecimento.

Neste artigo, você poderá aprender todos os fundamentos relacionados à dor nesses mamíferos. Desde a própria definição até os diferentes comportamentos que a indicam, você encontrará as ferramentas necessárias para evitar a dor no seu gato de forma definitiva.

O que é a dor nos gatos?

Vamos começar definindo o processo em questão. A dor é definida como uma experiência sensorial e emocional desagradável associada a um dano real ou potencial ao tecido. É um mecanismo de proteção que envolve mudanças fisiológicas e comportamentais.

Tipos de dor

A dor pode ser classificada em 2 categorias de acordo com sua duração, independentemente de ser em gatos ou em qualquer outro animal. São as seguintes:

  • Dor aguda: é aquela que surge após uma lesão ou doença e desaparece com a recuperação. Essa dor é considerada adaptativa, pois regula o comportamento para evitar que os danos piorem durante a recuperação.
  • Dor crônica: ao contrário da anterior, essa dor permanece após o dano ser reparado. Ocorre como resultado de alterações no sistema nervoso e não é reversível. Portanto, não é considerada adaptativa, uma vez que não cumpre nenhuma função de sobrevivência e recuperação.

 

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Sinais de dor nos gatos

À primeira vista, os gatos parecem animais resistentes, pois eles tendem a esconder os sintomas de alguma doença e de dor, a fim de evitar parecerem fracos aos competidores. Alguns dos sinais clínicos desse desconforto são fáceis de identificar, mas outros não, e você precisa saber o que observar. A seguir, apresentamos os mais comuns.

Sinais posturais e de movimento

Quando o gato sofre uma lesão nas articulações, nos músculos e em outras estruturas que permitem a movimentação, a dor pode ser identificada por meio da postura, principalmente. Mesmo a ausência de atividade e movimento pode ser um sinal de dor física. Alguns dos movimentos e das posturas antálgicas que você pode notar nos felinos são os seguintes:

  • Postura curvada, com as costas arqueadas na maior parte do tempo.
  • Claudicação e/ou patas que não são apoiadas no chão.
  • Alongamento das patas dianteiras, como se o gato estivesse se espreguiçando continuamente.
  • Inatividade geral.

Por outro lado, quando se trata de dores viscerais, é possível pode notar que o felino se enrola – assim como os humanos nos encolhemos quando sentimos dores abdominais – ou que se estica para apoiar sua barriga em uma superfície. Esse sinal comportamental geralmente é acompanhado por vômitos ou diarreias.

Mudanças nos excrementos

A dor nos gatos também pode se manifestar na maneira como eles urinam e defecam. Em geral, você vai notar que o gato não usa a caixa de areia – talvez o animal não consiga acessá-la devido à dor – ou marca determinados lugares com urina, o que normalmente não faria.

Quando se trata de distúrbios digestivos ou renais, o gato pode associar a dor a defecar ou urinar na caixa de areia, por isso deixará de usá-la.

Alterações no caráter

Como qualquer outro animal, os gatos percebem que a dor os deixa de mau humor. Isso resulta em vários comportamentos, como os seguintes:

  • Episódios agressivos, arranhões ou mordidas fora de lugar.
  • Ausência de interação com outros animais ou com o tutor.
  • Falta de cuidado com a higiene, pois a pelagem fica desgrenhada e suja.
  • Ausência de marcas faciais.
  • Anorexia ou diminuição da ingestão de alimentos.
  • Salivação excessiva
  • Vocalizações frequentes.

Ferramentas para identificar a dor nos gatos

Identificar adequadamente todos esses sinais não é uma tarefa fácil, mesmo sabendo de sua existência. A linguagem corporal é o ponto-chave para detectar a dor nos gatos, mas requer tempo com o indivíduo para aprender como cada um a manifesta.

Ao levar o animal ao veterinário, o profissional terá outras ferramentas para avaliar o desconforto do felino. As escalas de medição utilizadas pelos profissionais, no entanto, avaliam a intensidade da dor por meio da análise do comportamento do felino. As 3 escalas mais representativas são estas:

  • Escala UNESP – Botucatu: possui 10 variáveis diferentes que devem ser analisadas: postura, conforto, atividade, atitude, reação à palpação da ferida e do abdômen, pressão arterial, apetite, vocalização e outros.
  • Escala de dor de Glasgow para gatos: possui 7 variáveis relacionadas a comportamentos espontâneos e evocados, interações com o animal e observações clínicas.
  • Escala Grimace: avalia a dor em gatos através da posição das orelhas, orientação dos olhos, tensão no focinho, bigodes e posição da cabeça.

Embora essas escalas tenham sido criadas e avaliadas de forma científica, os resultados dependem em grande parte de uma anamnese correta. Isso, por sua vez, aumenta a responsabilidade do tutor na análise do comportamento de seu felino, uma vez que precisa responder da maneira mais adequada às dúvidas do veterinário.

 

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Ver um ser amado sofrer não é agradável para ninguém. Conhecer esses sinais e saber reconhecê-los facilmente será de grande ajuda para minimizar o desconforto do seu animal de estimação e, claro, para detectar precocemente situações que podem se agravar.


Todas as fontes citadas foram minuciosamente revisadas por nossa equipe para garantir sua qualidade, confiabilidade, atualidade e validade. A bibliografia deste artigo foi considerada confiável e precisa academicamente ou cientificamente.


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  • Adrian D, Papich M, Baynes R, Murrell J, Lascelles BDX. Chronic maladaptive pain in cats: A review of current and future drug treatment options. Vet J. 2017 Dec;230:52-61. doi: 10.1016/j.tvjl.2017.08.006. Epub 2017 Aug 20. PMID: 28887012.

Este texto é fornecido apenas para fins informativos e não substitui a consulta com um profissional. Em caso de dúvida, consulte o seu especialista.