Vitamina C para cães: o que a ciência diz sobre a suplementação?

Dada a potente atividade como antioxidante exercida pela vitamina C sobre os cães, ela pode trazer muitos benefícios em condições que envolvem danos oxidativos. Descubra quando é interessante optar por este suplemento.
Vitamina C para cães: o que a ciência diz sobre a suplementação?
Luz Eduviges Thomas-Romero

Escrito e verificado por a bioquímica Luz Eduviges Thomas-Romero.

Última atualização: 21 dezembro, 2022

Ao contrário dos seres humanos, os cães podem produzir a vitamina C (ácido ascórbico) no seu próprio corpo. Devido a essa capacidade, os nutricionistas consideraram desnecessária a suplementação de vitamina C para cães.

Até recentemente, era raro que os fabricantes de rações para cães adicionassem vitamina C aos seus produtos. Em alguns casos, a vitamina era adicionada mais pela sua ação como conservante do que pelo seu valor nutricional.

Efeitos e benefícios desta vitamina

A vitamina C atua como um antioxidante no organismo. A oxidação é a reação química apresentada pelo oxigênio quando combinado com outra substância.

No metabolismo corporal, as calorias consumidas pelo seu animal de estimação são processadas através do processo de oxidação. Assim, quando o corpo ‘queima calorias’, tanto o calor quanto a energia de que o corpo precisa para um bom funcionamento são produzidos.

No entanto, quando há um excesso ou uma deficiência de oxigênio no sistema, podem ser criados subprodutos tóxicos chamados radicais livres. Esses radicais podem danificar a estrutura celular, alterar a resposta imunológica e alterar os códigos de DNA.

É aqui que a vitamina C se torna importante, pois ela atua como um interceptador de oxigênio e como um eliminador de radicais livres. Dessa forma, ela protege as células da destruição ou da alteração pela oxidação.

Portanto, a vitamina C é uma substância restauradora que inibe a degeneração do tecido e do colágeno. Isso ocorre quando ela trabalha em conjunto com outras vitaminas e minerais que protegem o corpo e os seus sistemas.

Vitamina C para cães

Uso clínico da vitamina C para cães

Há mais de cinco décadas, dois estudos estabeleceram os benefícios terapêuticos da vitamina C para cães afetados pelo vírus da cinomose canina.

  • Belfield (1967) descreveu os benefícios do uso da vitamina C intravenosa em tratamentos de três dias. Os seus estudos foram realizados em uma série de 10 cães.
  • Leveque (1969) mostrou que o tratamento com vitamina C era fundamental para a recuperação de distúrbios do sistema nervoso central. Estes estudos foram realizados em uma série de 16 cães.

Vários estudos foram realizados em cães com queimaduras. Um deles determinou que a administração de vitamina C diminuiu o estresse oxidativo. Além disso, a perda microvascular de proteínas e líquidos diminuiu (Matsuda, 1993).

Mais recentemente, a suplementação de vitamina C para cães foi eficaz no tratamento de problemas cardíacos. Da mesma forma, essa vitamina colaborou no combate ao estresse oxidativo e na melhora dos episódios de taquicardia (Carnes et al., 2001, Shiroshita-Takeshita, 2004).

Devido ao seu papel na manutenção da saúde do colágeno, esta vitamina é útil para retardar distúrbios degenerativos. Entre eles estão as doenças articulares degenerativas, a displasia de quadril e os distúrbios da coluna vertebral (Hastings, 2004).

Muito interessante é o relato do efeito da vitamina C para cães afetados pela síndrome da disfunção cognitiva (SDC). Esta condição é comum em cães idosos; ela é considerada análoga à demência, da mesma forma que o mal de Alzheimer em humanos.

Nestes cães, a vitamina demonstrou que podia colaborar na redução dos sintomas associados, uma vez que a degeneração diminuiu.

Uso clínico da vitamina C para cães

Contraindicações do uso da vitamina C para cães

O uso do ácido ascórbico é seguro para os animais. No entanto, sabe-se que o uso excessivo desta vitamina pode causar cálculos renais.

Irritação intestinal e diarreia também podem ocorrer com doses elevadas e, em casos muito raros, pode ocorrer anemia. A vitamina C também pode interagir com outros medicamentos prescritos, tais como ciclosporina, tetraciclina, betabloqueadores, diuréticos de alça, aspirina e acetaminofeno, entre outros.

A importância da raça no momento do tratamento com vitamina C 

Infelizmente, muitos donos de animais de estimação podem não saber se o seu animal de estimação corre o risco de ter cálculos. Certamente, a vitamina C deve ser evitada se o animal de estimação tiver um histórico de formação de cálculos de oxalato.

A suplementação em raças com alto risco, tais como schnauzers, lhasa apso, yorkshire terrier, poodle miniatura, shih tzu e bichon frisé deve ser evitada.

Os exames de urina para verificar a existência de cristais podem ajudar a identificar outros animais de estimação que não são considerados de alto risco.

Não pecar pelo excesso

É importante que você consulte o seu veterinário e o informe de tudo que está sendo dado ao seu animal de estimação. Lembre-se sempre de perguntar antes de começar a usar novos suplementos.

No caso da vitamina C, a duração da administração depende da condição a ser tratada. Sempre considere a resposta do animal e a evidência de quaisquer efeitos colaterais.

Em resumo, embora essa vitamina seja um ótimo complemento terapêutico para o tratamento veterinário, ela pode não ser adequada para todos os animais de estimação.

Tenha em mente que, embora o ácido ascórbico possa ser comprado sem receita médica, é extremamente importante seguir as instruções de dosagem indicadas pelo seu veterinário.


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  • Belfield, W. O. (1967). Vitamin C in treatment of canine and feline distemper complex. Veterinary medicine, small animal clinician: VM, SAC, 62(4), 345-348.
  • Leveque, J. I. (1969). Ascorbic acid in treatment of the canine distemper complex. Veterinary medicine, small animal clinician: VM, SAC, 64(11), 997-9.
  • Carnes, C. A., Chung, M. K., Nakayama, T., Nakayama, H., Baliga, R. S., Piao, S., … & Bauer, J. A. (2001). Ascorbate attenuates atrial pacing-induced peroxynitrite formation and electrical remodeling and decreases the incidence of postoperative atrial fibrillation. Circulation research, 89(6), e32-e38.
  • Shiroshita-Takeshita, A., Schram, G., Lavoie, J., & Nattel, S. (2004). Effect of simvastatin and antioxidant vitamins on atrial fibrillation promotion by atrial-tachycardia remodeling in dogs. Circulation, 110(16), 2313-2319.
  • Matsuda, T., Tanaka, H., Yuasa, H., Forrest, R., Matsuda, H., Hanumadass, M., & Reyes, H. (1993). The effects of high-dose vitamin C therapy on postburn lipid peroxidation. The Journal of burn care & rehabilitation, 14(6), 624-629.
  • Pan Y, Landsberg G, Mougeot I, Kelly S, Xu H, Bhatnagar S, Gardner CL and Milgram NW (2018) Efficacy of a Therapeutic Diet on Dogs With Signs of Cognitive Dysfunction Syndrome (CDS): A Prospective Double Blinded Placebo Controlled Clinical Study. Nutr. 5:127.

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