Alergia alimentar em animais de estimação: como saber?

A alergia alimentar costuma ser uma das doenças alérgicas mais complexas de diagnosticar e tratar. A detecção pelo tutor é a primeira parte da solução.
Alergia alimentar em animais de estimação: como saber?
Juan Pedro Vazquez Espeso

Escrito e verificado por o veterinário Juan Pedro Vazquez Espeso.

Última atualização: 22 dezembro, 2022

A alergia alimentar representa um dos desafios diagnósticos mais complexos – e de certa forma emocionantes – que um veterinário pode enfrentar. Quando há a suspeita de que um animal possa estar sofrendo desse tipo de alergia, os neurônios devem ser postos para trabalhar a fim de tentar encontrar a raiz do problema.

Por que as alergias alimentares são tão complexas de detectar? Quais sintomas elas produzem em um animal de estimação? A seguir, vamos explicar tudo o que você precisa saber sobre esse processo imunológico.

Tipos de alergia

Para fins didáticos e para um melhor entendimento do processo de diagnóstico de alergia alimentar, explicaremos resumidamente todos os tipos de alergia existentes. Vamos lá:

  • Alergia alimentar: é quando o alérgeno, ou seja, o elemento causador da alergia, está presente em um alimento. É sobre essa que vamos tratar.
  • Alergia ambiental: nesse tipo de alergia, o alérgeno se encontra no ambiente.
  • Alergia de contato: a mais fácil de diagnosticar. Acontece quando a alergia é causada por um item específico, como, por exemplo, uma coleira ou um comedouro.
  • Alergia a picadas de pulgas: conforme o próprio nome sugere, a picada desses parasitas desencadeia uma reação alérgica no animal.

Essa classificação pode parecer óbvia e sem muita importância, mas, posteriormente, você vai entender que não é bem assim. Principalmente, se considerarmos que os animais podem sofrer combinações de todas essas alergias.

Alimentos envolvidos nas alergias alimentares

Nem todos os alimentos têm a mesma capacidade de causar um quadro de alergia alimentar em um animal de estimação. Embora seja verdade que teoricamente qualquer substância tenha potencial alérgico, existem certos alimentos que têm uma implicação maior no desenvolvimento desse processo.

Dessa forma, encontramos o frango e a carne bovina entre as substâncias proteicas com maior potencial alergênico. Na área dos cereais, é preciso destacar o milho e o trigo.

Alergia alimentar em animais de estimação

Como saber se um animal de estimação tem uma alergia alimentar?

Não existe uma resposta fácil para essa pergunta. Você se lembra dos tipos de alergia listados acima? Então, infelizmente, exceto pela alergia de contato – que tem uma reação mais local – todas as outras variações apresentam uma sintomatologia semelhante.

Além disso, para aumentar a complexidade, as alergias podem se desenvolver a qualquer momento e em qualquer idade. Muitos tutores descartam a possibilidade de alergia alimentar, pois alegam que o animal come a mesma ração desde sempre.

Infelizmente, a fidelidade alimentar não é uma garantia e o animal pode desenvolver uma alergia, da noite para o dia, à ração que comeu durante toda a sua vida. Por mais surpreendente que possa parecer, essas alergias espontâneas não ocorrem apenas em cães, pois também já foram documentadas em humanos.

São necessárias as mesmas reservas para a alergia ambiental, pois ela também pode se desenvolver de forma inesperada. Por todas essas razões, se o animal de estimação começar a se coçar de repente, não há uma forma aparente de saber a causa.

Abordagem diagnóstica

Para detectar esse processo patológico, primeiramente é feita uma abordagem baseada nos sinais clínicos, que geralmente são bastante inespecíficos. Entre os mais frequentes encontramos:

  • Prurido e coceira.
  • Pele avermelhada.
  • Erupções cutâneas.
  • Conjuntivite.
  • Vômito e diarreia – às vezes.
  • Alopecia autoinduzida, especialmente em gatos.

Esses sintomas orientam o veterinário a suspeitar da existência de um processo patológico alérgico, mas, para saber a causa, é preciso continuar investigando. É hora de usar métodos de detecção mais complexos.

Atualmente, existem testes diagnósticos que se baseiam na interpretação das quantidades de imunoglobulinas, as substâncias mediadoras da alergia presentes no sangue. Esses métodos, embora tenham grande potencial, atualmente podem não ser muito confiáveis ​​– especialmente no paciente felino.

Portanto, a melhor ferramenta de diagnóstico é o teste de eliminação.

Teste de Eliminação

O método de diagnóstico de alergia alimentar por eliminação consiste em fazer a exclusão dos alimentos mais suspeitos. Por exemplo, se o animal está consumindo ração de frango e arroz há vários meses, é melhor optar por outra que não contenha esses componentes.

Também existe a opção de fazer um cardápio caseiro ou, então, de administrar dietas hipoalergênicas especialmente formuladas. Estas últimas dão resultados muito bons na maioria dos casos, mas podemos citar o seu alto custo como uma desvantagem.

Com a comida pronta, é necessário dar ao animal a sua nova dieta durante pelo menos dois meses – de forma exclusiva. Ressaltamos o conceito de exclusividade, pois, se o animal consumir petiscos industrializados, por exemplo, pode haver interações que mascarem os resultados.

Da mesma forma, é conveniente manter a nova dieta durante um longo período para poder observar os resultados. Se o animal responder e os sintomas melhorarem, é hora de reintroduzir a ração anterior em busca de uma nova reação alérgica. Se isso ocorrer, a alergia alimentar terá sido diagnosticada.

Alergia alimentar em animais de estimação

Esperamos que este artigo tenha sido interessante para que você possa entender melhor o complexo processo de diagnóstico necessário para a identificação dos alimentos envolvidos em uma alergia alimentar em animais de estimação. O primeiro passo para tratar qualquer doença é, em todos os casos, a detecção rápida por parte do tutor.


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  • Atlas de dermatología canina y felina. Gustavo Machicote Goth

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