Quais doenças um gato de rua pode transmitir?
Escrito e verificado por o biólogo Cesar Paul Gonzalez Gonzalez
A irresponsabilidade de alguns tutores fez com que muitos animais de estimação acabassem na rua. Felizmente, a adoção tem sido uma das principais estratégias para reduzir essa situação. Porém, um cão ou gato de rua é mais suscetível a doenças que colocam em risco sua saúde e a de seus tutores, por isso deve-se ter cuidado ao adotá-los.
Isso não significa que acolher um animal sem-teto seja ruim, mas que é preciso levá-lo ao veterinário para confirmar seu bem-estar. Com isso, não só os contágios de qualquer patologia são evitados, mas a qualidade de vida do novo membro da família também é bastante melhorada. Continue lendo neste espaço para aprender sobre algumas doenças que um gato de rua pode transmitir.
Por que os gatos de rua contraem doenças com mais facilidade?
Os gatos de rua vivem ao ar livre, em locais onde abundam várias fontes de infecção. Por isso é fácil que, ao procurar comida, contraiam uma doença. Além disso, devido à desnutrição que costumam apresentar, as defesas do corpo não funcionam adequadamente e sua condição se deteriora ainda mais.
Isso, aliado à constante perseguição por cães, pessoas ou outros gatos, faz com que sua saúde fique mais fraca e propícia ao desenvolvimento de patologias. Essa é a razão pela qual, na maioria dos casos, é necessário um processo de reabilitação antes que o gato recupere sua condição normal. Tudo isso inclui desde cuidados veterinários até readaptação e contato humano.
Doenças que um gato de rua pode contrair
Ao chegar em sua nova casa, os felinos vão conviver com tutores e outros animais de estimação. Portanto, é necessário estar atento a qualquer sinal que indique uma patologia, pois, do contrário, o animal se tornará uma perigosa fonte de contágio para todos. Algumas das doenças mais comuns em gatos de rua estão listadas abaixo.
Toxoplasmose
A toxoplasmose é uma patologia que infecta diferentes mamíferos (e algumas aves). É causada por um protozoário (Toxoplasma gondii), que pode ser contraído ao comer roedores infectados ou ao viver com felinos doentes. Gatos de rua, quando expostos às intempéries, têm maior probabilidade de serem infectados.
Na verdade, esse protozoário é capaz de modificar o comportamento dos ratos para fazê-los perder o medo dos gatos. Consequentemente, isso torna mais fácil para animais sem-teto serem infectados ao comer um roedor. Além disso, as fezes do felino infectado disseminam a toxoplasmose. Portanto, se não houver cuidado com a higiene, os familiares podem adoecer.
Este último fator é importante, uma vez que a infecção em humanos apresenta grandes riscos em mulheres grávidas. Portanto, se você deseja adotar um gato, é melhor evitar fazer isso durante a gravidez. Além disso, não se esqueça de levar o felino ao veterinário para se certificar de que sua saúde está em ótimas condições.
Raiva
A raiva é uma doença causada por um vírus transmitido por vários tipos de animais. Para que a infecção ocorra, a saliva do organismo infectado deve entrar no corpo através de uma ferida aberta. Por esse motivo, é normal que gatos de rua sejam infectados por picadas de outros organismos selvagens.
Essa doença altera o sistema nervoso central e pode levar à morte. Na verdade, a letalidade da raiva é de 100%. Como se não bastasse, essa patologia também pode infectar os tutores e causar um desfecho fatal. Para evitar isso, tome as precauções necessárias para lidar com gatos de rua sem deixá-los arranhar, morder ou lamber você.
Doença do arranhão do gato
Esta patologia é causada por arranhões ou mordidas de um gato infectado com a bactéria Bartonella henselae. Os felinos se contaminam através de pulgas ou carrapatos que transmitem a infecção. No entanto, muitos animais de estimação não apresentam sinais clínicos evidentes da doença que só é perceptível se atacarem uma pessoa.
Por outro lado, a vítima do arranhão apresentará uma série de sintomas leves, entre os quais febre, dor de cabeça e glândulas inchadas. Esses sinais clínicos tendem a diminuir sem a necessidade de monitoramento rigoroso, embora se o seu sistema imunológico estiver fraco, você provavelmente precisará de medicação.
Embora não seja uma doença de risco, é melhor evitar arranhões de um gato de rua.
Micose (dermatofitose felina)
A micose é uma doença de pele causada pelo fungo Microsporum canis. Esse tipo de patologia é muito contagiosa devido à forma de infecção do microrganismo. Sem muitos detalhes, os pelos caídos do animal doente podem infectar outros animais de estimação sem que haja contato direto entre eles.
Essa patologia começa como uma pequena inflamação circular na pele, que se espalha e começa a descamar. Felizmente, os casos leves tendem a se resolver espontaneamente. No entanto, em gatos de rua, o monitoramento veterinário é necessário, uma vez que a desnutrição pode impedir que seu sistema imunológico atue de forma eficiente.
Além disso, é necessário que os tutores tenham muito cuidado com esse problema, pois também são suscetíveis à infecção. É verdade que essa doença não tem consequências graves, mas é melhor evitar o contato direto sem proteção ao resgatar felinos na rua.
Vírus da imunodeficiência felina
O vírus da imunodeficiência felina é muito semelhante ao HIV que afeta os humanos. Essa patologia faz com que o sistema imunológico do felino não funcione corretamente, abrindo a porta para várias infecções. Consequentemente, um gato de rua não pode se defender de outras doenças e suas complicações.
Esse vírus só pode ser transmitido de um gato para outro, e um animal de rua é capaz de infectar animais de estimação se não tomarmos cuidado. Por esse motivo, é importante que você leve o novo membro da sua família ao veterinário o mais rápido possível. Dessa forma, você garantirá que ninguém corra o risco de desenvolver uma possível infecção. Além disso, lembre-se de que essa patologia não pode ser transmitida a humanos.
Parasitas intestinais
Os endoparasitas como nematoides, lombrigas, oxiúros e coccídios são patógenos comuns em gatos jovens. Além disso, espécimes de rua têm maior chance de contrair a infecção devido à sua baixa qualidade de vida. Consequentemente, quando esse felino chega a um novo lar, pode causar uma infecção em outros membros da família.
Esses tipos de problemas geralmente não são muito perigosos, embora se não forem controlados podem causar sérias condições de saúde para o animal. Os tratamentos para eliminar os parasitas são rápidos e eficazes.
Vírus da leucemia felina
Esse vírus pertence ao mesmo grupo da imunodeficiência felina e causa os mesmos efeitos imunossupressores. Além disso, também é transmitido quando a saliva entra em contato com feridas abertas. Portanto, é muito fácil para os gatos serem infectados quando vários vivem no mesmo lugar.
No caso dos gatos de rua, a doença é transmitida pelas brigas que travam com outros animais, e quando chegam ao novo lar são capazes de infectar outros animais de estimação. A infecção pelo vírus da leucemia felina foi considerada por muito tempo a principal causa de morte nesses animais, embora atualmente esteja em declínio graças às medidas preventivas.
Os gatos não podem transmitir esse vírus aos humanos, por isso o tutor não corre risco de infecção. Apesar disso, o felino infectado deve se submeter a um tratamento para o alívio dos sintomas.
Rinotraqueíte felina
A rinotraqueíte é uma doença respiratória altamente contagiosa em gatos, pois se espalha por meio de espirros ou secreções do animal infectado. É causada pelo vírus herpes tipo 1 e calicivírus. Esses patógenos permanecem no corpo mesmo não causando nenhum tipo de sintoma. Consequentemente, um espécime pode ser um foco infeccioso ao longo de toda sua vida.
Essa doença é muito comum em criadouros ou em grupos de felinos. Portanto, os gatos de rua são suscetíveis à infecção. A rinotraqueíte não costuma ser fatal, mas se o animal estiver muito fraco, podem ocorrer casos fatais. Por esse motivo, é melhor prevenir o problema com um esquema de vacinação completo para todos os animais de estimação.
Resgatar um gato de rua é um ato altruísta que muda a vida dos animais. No entanto, para garantir que a saúde do felino e de sua nova família permaneça em ótimas condições, é melhor levá-lo ao veterinário o mais rápido possível. Lembre-se de que a vida desse pequeno ser não tem sido nada fácil e ele precisa de todos os cuidados possíveis. Ainda assim, tenha certeza de que o esforço para vê-lo saudável valerá a pena.
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