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O que é a filogenia?

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A filogenia estuda a origem, a formação e o desenvolvimento evolutivo geral das espécies. Graças a ela, podemos conhecer os nossos parentes mais distantes.
O que é a filogenia?
Última atualização: 21 janeiro, 2021

Você certamente já fez uma árvore genealógica na escola. Procurando como desenhá-la, todos nós já investigamos em algum ponto de onde os nossos ancestrais vieram ou, por exemplo, por que temos olhos castanhos se o nosso avô tinha olhos azul-celeste.

Tudo isso nos leva à questão que nos ocupa hoje: o que é a filogenia? Ou, em outras palavras, o que acontece quando, em vez de fazer uma árvore genealógica, os cientistas decifram o caminho evolutivo de uma espécie? Em que disciplina científica devemos nos concentrar se quisermos encontrar o primeiro ser vivo que habitou o planeta?

Nas linhas a seguir, vamos contar qual é a relação entre as árvores genealógicas, os olhos azuis e as ervilhas de Mendel. Leia mais para descobrir.

O que é a filogenia?

A filogenia é o ramo da biologia evolutiva que estuda a origem da vida, ou seja, a relação de parentesco entre as espécies ao longo da evolução. O objetivo é construir uma árvore filogenética que indique quem são os ancestrais de uma espécie específica. A palavra foi cunhada pelo naturalista e filósofo alemão Ernst Haeckel no final do século XIX.

Como já sabemos, a evolução é um processo tão lento que um indivíduo não vive o suficiente para vê-la com os seus próprios olhos. Atualmente, é do conhecimento popular que as aves são descendentes dos dinossauros, mas como foi possível chegar a essa conclusão? Existem duas maneiras principais de determinar a filogenia de uma espécie:

  • Filogenética morfológica: investiga as relações entre os seres vivos através das semelhanças entre a sua morfologia. É especialmente útil para encontrar convergências entre espécies fossilizadas e atuais.
  • Filogenética molecular: tenta determinar as relações entre as espécies através do estudo do DNA, do RNA e das proteínas. Quando a sequência de nucleotídeos e aminoácidos de duas espécies é semelhante o suficiente, considera-se que elas têm um ancestral comum.
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As árvores filogenéticas permitem a classificação dos seres vivos.

A filogenia humana

Quantas vezes já ouvimos que viemos dos macacos? O ser humano, o primeiro a considerar o que é a filogenia e como aplicá-la, tomou como um dos seus objetivos principais a sua própria espécie, é claro. No entanto, parece que, por mais semelhantes que sejamos aos grandes símios, a nossa origem não é a mesma.

A resposta à pergunta sobre a nossa origem ainda está, obviamente, por ser descoberta: quando o humano começou a ser humano? Chris Stringer, um dos antropólogos mais renomados do Reino Unido, dedicou a sua carreira a responder a essa pergunta.

Stringer é um dos mais ferrenhos defensores da teoria de que a espécie humana como a conhecemos se originou no continente africano, migrando de lá para a Europa e a Ásia e substituindo gradativamente os hominídeos que ali viviam, tais como o Homo erectus e o Homo neanderthalensis.

Para fomentar essa hipótese, foram apresentadas três provas a seu favor:

  • Os marcadores genéticos examinados pelos paleontólogos variam muito mais nessa espécie ancestral africana. Essa variação genética é reduzida à medida que nos afastamos da África.
  • Em árvores filogenéticas, a separação entre as espécies humanas africanas e não africanas é a mais antiga que se conhece.
  • Além disso, também foi verificado que o tempo de separação de ambas as espécies coincide com as datas estimadas para o surgimento do Homo sapiens.

No entanto, a velha teoria de que o Homo erectus e os neandertais foram expulsos dos seus territórios perdeu força quando foi demonstrado que houve cruzamentos entre as espécies. Os estudos de DNA mais recentes mostram que, de fato, herdamos características dessas duas espécies.

A árvore da vida

Embora a filogenia como tal tenha nascido com Haeckel, foi Charles Darwin quem introduziu o conceito de evoluçãopor meio dos seus estudos sobre as mudanças adaptativas na morfologia de diferentes espécies.

O objetivo final da filogenia é, portanto, completar a árvore da vida, o percurso filogenético de todas as espécies presentes no planeta Terra. Nela, a raiz seria a espécie primitiva da qual todos nós viemos, enquanto os últimos galhos seriam as espécies atuais.

Então, quem ocupa a posição de último ancestral comum universal? Conhecido como LUCA – Last Universal Common Ancestor, em inglês –, essa posição é ocupada pelas cianobactérias. Outras teorias dizem que, como elas formam um reino em si – não são animais nem vegetais –, a criatura mais antiga seria a esponja marinha, com mais de 750 mil anos sobre a Terra.

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Tudo isso nos deixa com uma clara dúvida: quem será o próximo LUCA? Chegaremos algum dia às raízes da nossa existência? Só nos resta esperar viver para descobrir.


Todas as fontes citadas foram minuciosamente revisadas por nossa equipe para garantir sua qualidade, confiabilidade, atualidade e validade. A bibliografia deste artigo foi considerada confiável e precisa academicamente ou cientificamente.


http://tolweb.org/tree/phylogeny.html

Éxodo de África. Los orígenes de los humanos modernos (African Exodus. The Origins of Modern Humanity), con Robin McKie, 1997. ISBN 0-8050-2759-9.


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