Medicina de emergência para pequenos animais: atenção primária e secundária

Levar o animal de estimação ao veterinário nem sempre é uma tarefa fácil, menos ainda quando se trata de uma emergência, já que a forma de agir pode ser a diferença entre a vida e a morte.
Medicina de emergência para pequenos animais: atenção primária e secundária
Érica Terrón González

Escrito e verificado por a veterinária Érica Terrón González.

Última atualização: 22 dezembro, 2022

Todas as etapas da medicina de emergência são importantes para o manejo bem-sucedido do paciente crítico. Assim que a triagem e a avaliação inicial forem resolvidas, as próximas etapas serão a atenção primária e secundária.

Se a triagem permite que o paciente seja classificado de acordo com as prioridades clínicas, a avaliação inicial permite determinar com mais detalhes a sua estabilidade. Assim, na medicina de emergência, é possível decidir como agir diante de qualquer problema imediato que ameace a vida do animal.

Uma vez estabelecidas essas bases, qual é o procedimento a ser seguido? Você sabe em que consistem as fases de atenção primária e secundária na clínica veterinária de emergência? Vamos te mostrar tudo sobre o assunto.

Medicina de emergência para pequenos animais: atenção primária e secundária

Durante a avaliação inicial, são  avaliados o sistema respiratório, o sistema cardiovascular, o sistema nervoso central e o sistema urinário. Dessa forma, o veterinário pode classificar o paciente como estável ou instável. A partir de então, o processo de atendimento de emergência pode continuar.

Atenção primária para animais de estimação

Na atenção primária, são avaliados praticamente os mesmos parâmetros físicos da fase anterior, porém de forma mais exaustiva. Vamos falar sobre os parâmetros mais importantes que devem ser monitorados.

Avaliação da respiração

A avaliação do sistema respiratório inclui garantir o bom funcionamento das vias aéreas superiores, a cor da mucosa respiratória e outros parâmetros. Nessa etapa, talvez o mais importante seja avaliar a frequência, o ritmo e o esforço respiratório.

A traqueia e todas as áreas do tórax devem ser cuidadosamente auscultadas. Também pode ser interessante realizar uma oximetria de pulso – por meio de um aparelho que mede o oxigênio no sangue.

A hipóxia pode levar a problemas sistêmicos, pois impede o transporte de oxigênio suficiente para os tecidos. Portanto, em caso de hipóxia – falta de ar – é necessária correção imediata.

Medicina de emergência para pequenos animais

Reconhecimento do funcionamento adequado do sistema cardiovascular

A avaliação da perfusão tecidual no animal inclui os seguintes processos:

  • A avaliação da cor das membranas mucosas.
  • O tempo de enchimento capilar – um teste que avalia os níveis de circulação e de desidratação.
  • A temperatura corporal.
  • A auscultação do coração.
  • A palpação da frequência, do ritmo e da qualidade do pulso em regiões periféricas – nas veias dos membros, do pescoço, da cabeça ou do rabo.

Os sinais de má perfusão tecidual são os seguintes:

Qualquer um desses sinais justifica a necessidade de buscar, rapidamente, a causa subjacente e o tratamento definitivo.

Avaliação do sistema nervoso central

Mudanças extremas no comportamento do animal, tais como estupor, coma ou até mesmo convulsões, exigem a busca rápida pela causa subjacente. Além disso, na maioria das vezes, aplicar um tratamento rapidamente fará a diferença entre a vida e a morte do animal.

Existem muitas causas que levam à disfunção do sistema nervoso central, incluindo crises epilépticas prolongadas ou hipoglicemia. Elas podem causar danos irreversíveis se não forem tratadas rapidamente. Portanto, os sintomas dessas patologias devem ser identificados rapidamente.

Da mesma forma, o aumento da pressão intracraniana causa – entre outras coisas – o estupor ou o coma. Esse aumento pode ter inúmeras etiologias, algumas convencionais como um traumatismo ou hematoma, e outras mais graves que exigirão um diagnóstico mais extenso, tais como um tumor ou uma infecção.

Atenção secundária ou especializada para animais de estimação

Uma vez que as fases de triagem e avaliação inicial tenham sido concluídas – e a atenção primária tiver sido completada – deve ser avaliada a necessidade de continuar com os cuidados veterinários. Assim, assim que as condições que colocam o animal em perigo de morte iminente estiverem estabilizadas, é possível prosseguir com a atenção secundária.

Essa fase já inclui um exame completo e minucioso. Em primeiro lugar, é necessário obter um histórico detalhado do animal de estimação, que é de responsabilidade do tutor. É aconselhável que qualquer tutor mantenha um registro de todos os dados marcantes relacionados à saúde do seu animal de estimação.

Em segundo lugar, é essencial a realização de um exame físico completo, uma avaliação da resposta à terapia inicial e quaisquer outros achados diagnósticos que sejam descobertos. Nesse momento, pode ser aconselhável recorrer ao diagnóstico por imagem, por meio de radiografias, ultrassons ou quaisquer outros exames laboratoriais que possam ser interessantes.

É durante essa fase que se pode elaborar um plano diagnóstico e terapêutico completo e fazer uma estimativa do prognóstico e dos custos da consulta.

Medicina de emergência para pequenos animais

A importância das etapas na medicina de emergência

Em suma, a atenção primária garante a identificação e o tratamento imediato das condições que ameaçam a vida do animal. Essa fase também permite confirmar a identificação de pacientes instáveis, para que sejam submetidos a um monitoramento adequado, prevenindo, assim, problemas posteriores.

Uma vez que a atenção primária for concluída, é hora de fazer exames mais específicos. O paciente, a princípio, não corre mais perigo imediato e, por isso, é possível fazer exames que exigem mais tempo e dedicação. Portanto, a atenção primária e secundária permitem resolver, finalmente, a emergência sanitária.


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  • King L, Boag A. BSAVA manual of canine and feline emergency and critical care. 2nd ed.

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