Os cães do marajá

Os cães do marajá

Última atualização: 27 fevereiro, 2016

Já estamos acostumados a quão excêntricas podem ser algumas pessoas famosas ou poderosas, sejam elas do governo ou da realeza. Mas particularmente na Índia, quando a mesma conseguiu alcançar a independência pondo fim nos marajás, o povo se sentiu aliviado já que eles praticavam um meio de vida focado na ostentação, e se destacavam por uma excentricidade que se assemelhava muito à loucura.

Entre todos eles, muitas excentricidades se destacaram. Algumas foram extremamente cruéis, como o que usava bebês recém-nascidos como isca para caçar tigres, ou aquele que usava um trem elétrico no palácio para transportar comida, bebida, serventes e até convidados.

Mas a excentricidade vencedora é a do marajá Muhammad Mahabat Khan III, que reinou sobre o estado de Junahadh, ao norte de Mumbai.

Este marajá tinha uma paixão desmedida pelos cães. Tanto foi assim que ele chegou a ter 800. Todos conhecem a frase “Vive como um marajá”. Será que seus cães viveram da mesma forma?

A excentricidade personificada

Cães na rua

Destes 800 cães, alguns eram os favoritos deste excêntrico marajá. Estes favoritos eram mantidos bem acomodados em apartamentos que contavam com ar condicionado, telefone e eletricidade, banhos de espuma, manicure, pedicure, e até criados que davam a sua vida para atender aos animais como se se tratasse do próprio marajá.

Ele chegou a contratar um famoso veterinário inglês que passava suas jornadas de trabalho diárias em um hospital canino, fruto da excentricidade do marajá. Era um hospital com características similares aos dos que atendem pessoas; diversos quartos e a última tecnologia existente na época.

Se algum dos cães morria, seja no palácio ou no hospital, era feito um funeral do Estado, como se fosse um príncipe. O funeral era ao som de Chopin e os súditos deviam se manter de luto pelo “filho” do marajá.

E sua maneira de se divertir

Este marajá parecia se divertir incomodando os outros. É por isso que, toda vez que havia uma cerimônia, não importa de que calibre ou importância, ele adorava soltar dezenas e dezenas de seus cães para perturbar os convidados ingleses.

O grande casamento

Mas o cúmulo da excentricidade foi a decisão que o marajá tomou de casar uma de suas cadelas, ou mais especificamente a sua cadela preferida, Roshnara, com um labrador chamado Bobby. O marajá não se conformou com uma simples cerimônia simbólica, e cuidou de todos os preparativos para fazer o casamento de acordo com o ritual muçulmano, algo que não foi do agrado de todos, e muitos recusaram amavelmente o convite para a festa.

A cerimônia de casamento organizada pelo marajá

A enorme cerimônia custou 22 mil rúpias. Levando em conta que estamos falando de antes do século XX, era uma quantidade exorbitante. Compareceram 50 mil personagens da realeza e da aristocracia, que junto com outras milhares de pessoas aclamaram “os noivos”. O marajá havia ordenado vestir o noivo em seda e colocar pulseiras nele, várias delas talhadas em ouro.

A noiva não seria a exceção na nossa excentricidade do marajá, e foi vestida de forma muito luxuosa, com essências caríssimas, adornos de ouro, e foi transportada em um palanquim de prata. Já parece loucura suficiente? Pois ainda há mais.

Não poderia faltar a lua de mel

Cães se cheirando

Durante o banquete da festa, os noivos estiveram sentados junto ao marajá, como se fossem seus filhos. Quando o jantar terminou o casal de cães foi dirigido a uma das luxuosas suítes para cães, para que pudessem ter sua luxuosa e excêntrica lua de mel.

Esta cerimônia foi a base para que diferentes marajás em outras regiões da Índia começassem a fazer o mesmo.

Suponho que assim como eu, você tenha ficado sem palavras ao ler este artigo. Se você é leitor assíduo de nosso blog, já sabe que somos amantes dos animais e defensores dos bons tratos que eles merecem ter, mas há exceções que estão fora de contexto.

É triste ver como um país que sempre esteve afundado na pobreza poderia ter prosperado na época dos marajás se fosse encontrado um equilíbrio entre ter os animais de estimação bem e dar de comer às pessoas.


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