Proteger os elefantes da caça furtiva
Escrito e verificado por a bióloga Ana Díaz Maqueda
Nick Murray, um zoólogo galês, tem como missão autoimposta proteger os elefantes da caça furtiva há mais de 10 anos. Depois de muito esforço e trabalho árduo, ele e sua equipe conseguiram deter os caçadores de elefantes africanos.
Apesar desse sucesso, com a chegada da pandemia e a redução do turismo, Nick temeu pela vida dos animais que vem protegendo há tantos anos. Como ele e sua equipe conseguiram evitar a morte dos elefantes? Vamos falar sobre isso nas linhas a seguir.
Nick Murray e a vida selvagem
O zoólogo Nick Murray estudou na Universidade da África do Sul e, desde o início da faculdade, estabeleceu um forte vínculo e paixão pela vida selvagem. Por essa razão – e há mais de 23 anos – ele é guia de canoagem no rio Zambeze, no Zimbábue.
Conforme contou à BBC, o seu interesse pelo mundo da zoologia surgiu pela primeira vez quando seu avô lhe presenteou com uma revista sobre a vida selvagem.
Apesar dessa enorme paixão, a preocupação de Nick com o estado de conservação dos elefantes não surgiu até que ele teve uma das experiências mais traumáticas de sua vida. Vamos resumi-la em algumas linhas.
Há cerca de 10 anos, Murray estava guiando um grupo de turistas quando uma cena desagradável apareceu diante de seus olhos: um grupo de 12 elefantes mortos próximo a um reservatório de água envenenado com cianeto por caçadores furtivos.
Felizmente, eles conseguiram alertar os guardas-florestais e, finalmente, os 11 caçadores furtivos foram presos e julgados perante a lei. A partir daquele momento, o zoólogo passou a travar uma batalha para proteger os elefantes da caça furtiva.
Os elefantes do Parque Nacional Mana Pools
Desde que Murray se estabeleceu na África, as diferentes populações de elefantes na região do Zimbábue tiveram o seu número reduzido quase pela metade, passando de um número inicial de 20 000 indivíduos para 12 000 exemplares atualmente.
De acordo com dados oficiais, os anos de 2008 e 2009 foram os piores, pois se tornou comum os caçadores colocarem cianeto nas árvores das quais os elefantes se alimentam. Porém, quando essa ação não dava resultados suficientes, eles envenenavam os reservatórios de água, com as suas terríveis consequências para a flora e a fauna.
Esse tipo de ação mata não apenas os elefantes, mas também todos os animais que beberem a água contaminada, mesmo que não sejam do interesse dos caçadores furtivos que buscam apenas o marfim. Além disso, os animais necrófagos que se alimentam de carcaças também podem perecer.
A importância do marfim no mercado
As presas dos elefantes são compostas por esse material precioso, que tem um preço muito alto no mercado negro. Quando há queda no turismo, certos grupos de habitantes locais precisam ganhar a vida de outra forma e, então, muitos moradores acabam se tornando caçadores furtivos.
O aumento do ecoturismo, os safaris e tudo o que promove a manutenção da vida selvagem na África dá dinheiro aos seus habitantes e segurança à vida selvagem.
Diante da situação atual que vivemos e com as restrições na circulação de pessoas, muitos conservacionistas viram ameaçada a segurança dos elefantes em muitos Parques Nacionais Africanos. Graças ao projeto de conservação dos elefantes, a queda no turismo não causou um aumento nas mortes causadas por caçadores furtivos.
Projeto de conservação para proteger os elefantes
Nick Murray dirige – juntamente com a sua esposa Desiree – um grande projeto de conservação da vida selvagem no Zimbábue, no qual os elefantes são a espécie-alvo.
Esse programa, chamado Bushlife Conservancy, é muito complexo e perigoso, pois envolve a luta ativa contra os caçadores furtivos que, além de matar os animais, também não hesitam em matar as pessoas que os protegem.
Assim, a Bushlife Conservancy treina os guardas florestais para que possam portar armas e, dessa forma, proteger os animais. Além disso, esses profissionais também adquiriram automóveis para uma ação mais rápida.
O aspecto mais interessante do projeto é o monitoramento dos elefantes “touros”, os machos maiores e mais fortes que geralmente entram e saem das manadas. Por isso, são eles os que correm mais riscos. Da mesma forma, esses espécimes geralmente deixam o Parque Nacional e entram em áreas de caça furtiva, onde são muito valorizados por causa de suas enormes presas.
Monitorando a vida
Desde 2018, foram instaladas coleiras GPS em nove elefantes “touros” e é esperado que ainda em 2020 possam ser usadas mais cinco coleiras. O problema desse tipo de monitoramento de animais é o custo elevado, já que cada coleira custa cerca de 5000 dólares e todo o dinheiro da organização vem de doações privadas.
Felizmente, o trabalho de Nick Murray e de toda a sua equipe chamou a atenção do prestigiado Sir David Attenborough. Tanto que Murray foi o guia e assessor dos dois últimos documentários desse emblemático naturalista.
Além de trabalhar para proteger os elefantes, a organização Bushlife Conservancy também mantém outros projetos de conservação, como o do mabeco, ou cachorro-selvagem-africano, e o do pangolim, ambas as espécies extremamente ameaçadas.
Graças a projetos como o de Nick Murray, a vida selvagem pode ter uma nova chance em um mundo que parece permanecer impassível diante do sofrimento dos seres vivos.
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- de Sales, A. R., Anastácio, R. S. S., & Pereira, M. J. (2020). The African Elephant (Loxodonta africana): Mini-Review of an Endangered Species. Natural Resources, 11(8), 317-350.
- Leader-Williams, N., Smith, R. J., & Walpole, M. J. (2001). Elephant hunting and conservation. Science, 293(5538), 2203-2204.
- Murray, M. (October, 2020). Elephants: ‘My mission to stop poachers in Zimbabwe’. BBC News. Disponible en: https://www.bbc.com/news/uk-wales-54552670
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