O 'unicórnio siberiano' que pode ter convivido com o homem

Um estudo publicado na Nature and Ecology sugere que o unicórnio siberiano pode ter sido extinto há 39.000 anos e, portanto, teria convivido com a espécie humana.
O 'unicórnio siberiano' que pode ter convivido com o homem
Eugenio Fernández Suárez

Escrito e verificado por o veterinário Eugenio Fernández Suárez.

Última atualização: 21 dezembro, 2022

O mito do unicórnio sempre foi baseado em animais reais, já que, desde rinocerontes a narvais, são várias as espécies que servem de inspiração para ele há milhares de anos, em diferentes culturas do planeta. Um dos animais que inspirou esse mito foi o Elasmotherium sibiricum ou elasmotério, conhecido como unicórnio siberiano.

Trata-se de um enorme rinoceronte asiático que viveu dezenas de milhares de anos atrás. Agora, um grupo de pesquisadores sugere que ele pode ter convivido com o homem.

Quando o unicórnio siberiano foi extinto?

Pensava-se que o elasmotério havia sido extinto entre 200.000 a 100.000 anos antes da nossa era, muito antes que isso acontecesse com grande parte da megafauna da Eurásia, após os seres humanos dominarem esse continente.

No entanto, um novo estudo publicado na Nature Ecology and Evolution sugere que a sua extinção poderia ter ocorrido há 39.000 anos, quando já havia seres humanos na Sibéria, de modo que eles poderiam ter convivido com a nossa espécie.

O 'unicórnio siberiano' que pode ter convivido com o homem

A datação por radiocarbono de 23 unicórnios siberianos levou a equipe do estudo a datar o mais recente deles em 39.000 anos, época na qual os humanos já haviam chegado à Sibéria e à Ásia Central.

Alguns podem até mesmo ser mais recentes, mas a verdade é que, se esses dados forem verdadeiros, isso significaria que o unicórnio siberiano conviveu com os seres humanos.

Esses dados são mais consistentes com a extinção da megafauna da Eurásia, que também ocorreu cerca de 40.000 anos atrás. Os pesquisadores também viram que o unicórnio siberiano seria a última espécie dessa linhagem. Portanto, ao mesmo tempo em que pereciam os últimos mamutes, talvez também estivesse perecendo o último desses gigantes de um chifre só.

Quais eram as suas características?

A equipe também verificou a dieta desse animal ao estudar os isótopos contidos em seus dentes. Foi confirmado que este herbívoro seguia uma dieta à base de grama muito seca e fibrosa, algo que já se suspeitava porque a sua dentição era semelhante à de um cavalo, ou seja, muito específica.

Essa técnica também foi usada para revelar o aparente tráfico de jaguares dos maias.

Esqueleto do unicórnio siberiano

Acredita-se que essa dieta possa estar por trás da sua extinção, pois ela é muito específica e pode ter ficado comprometida diante das mudanças climáticas. Assim, a extinção não teria sido causada pelo homem. Enquanto isso, o seu contemporâneo rinoceronte lanoso sobreviveu ao norte da área de distribuição do elasmotério.

O apelido de unicórnio siberiano se deve ao fato de que essa espécie de rinoceronte teria um único chifre, que seria de um tamanho colossal, podendo atingir dois metros de comprimento. Assim como no caso dos rinocerontes modernos, o chifre do elasmotério era composto de queratina.

Este animal pode ter sido caçado pelo homem, especialmente pelos neandertais. Há indícios de que isso ocorreu no caso do rinoceronte lanoso, mas parece claro que não causamos a extinção desse formidável animal. Quem sabe os nossos ancestrais não viram o último unicórnio siberiano com os seus próprios olhos?


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