Cação-anjo Squatina oculata: habitat e características

O cação-anjo Squatina oculata é uma das espécies de tubarão mais belas e ameaçadas de extinção. Saiba tudo sobre ele aqui.
Cação-anjo Squatina oculata: habitat e características

Última atualização: 09 julho, 2021

Nem todos os animais marinhos que povoam a escuridão são um pesadelo. O cação-anjo é um bom exemplo disso: curiosamente semelhante às raias, sua aparência sinuosa e achatada chamou a atenção pesquisadores e mergulhadores que o avistaram.

Seu tamanho pequeno e aparência diferente fizeram com que esse esquatiniforme passasse despercebido entre seus congêneres em termos de questões de conservação. No entanto, sua divulgação é necessária, uma vez que está em perigo crítico de extinção. Aqui você pode conhecer todas as suas características antes que seja tarde demais.

Habitat do cação-anjo Squatina oculata

Em primeiro lugar, é necessário ressaltar que essa espécie de cação-anjo, Squatina oculata, pertence ao gênero Squatina, por sua vez incluído na família Squatinidae. Um total de 24 espécies são reconhecidas nesse gênero de peixes condríctios, todos eles achatados e habitantes de fundos arenosos de baixa profundidade, cerca de 150 metros.

Essa espécie vive principalmente em águas do Mediterrâneo ocidental e nas costas gregas. Também pode ser encontrado nas zonas costeiras do Marrocos, da Angola e do Mar Negro, bem como em partes do Oceano Atlântico.

Esse peixe cartilaginoso costuma frequentar o fundo do mar, principalmente em espaços abertos e sem vegetação, pois se esconde na areia ou na lama. Pode ser avistado em profundidades entre 50 e 100 metros, com alcances limites de 20 a 500 metros.

Um tubarão no fundo do mar.

Características físicas

A aparência do cação-anjo Squatina oculata é achatada e sua área dorsal é salpicada em tons de marrom e preto. Esse aspecto facilita sua camuflagem no fundo do mar, onde espera para emboscar suas presas quando passam perto dele. Essa estratégia é conhecida como crípse, ou seja, passar despercebido no ambiente para fins de ataque ou defesa.

Por outro lado, suas nadadeiras peitorais se prolongam para trás para permitir que o peixe deslize ao longo do fundo do mar. A cauda é mais parecida com a de um tubarão do que com a de uma raia, o que permite distinguir os 2 grupos de animais a olho nu.

Não é um tubarão de grande porte, pois atinge apenas 1,6 metros de comprimento. No entanto, as fêmeas são significativamente maiores do que os machos, pois podem chegar a 40 quilos de peso.

Por outro lado, esse tubarão é capaz de bombear água pelas guelras, o que lhe dá a capacidade de permanecer parado enquanto descansa ou espreita sua presa. Outros tubarões precisam estar em movimento contínuo para que a água circule passivamente por suas guelras, o que condiciona bastante seus hábitos alimentares.

A alimentação do cação-anjo Squatina oculata

O cação-anjo Squatina oculata é um peixe caçador que usa a emboscada como técnica, camuflando-se no fundo arenoso e esperando que sua presa se aproxime para capturá-la com uma rápida mordida (Sit and wait). Suas principais fontes alimentares são crustáceos, lulas e polvos.

Seus hábitos de caça são noturnos e durante o dia repousa no fundo do mar, camuflado e a salvo de predadores.

Reprodução do cação-anjo Squatina oculata

O cação-anjo Squatina oculata é ovovíparo placentário. Isso significa que a fêmea desenvolve os ovos internamente e depois dá à luz os filhotes, expelindo posteriormente as cascas vazias. O período de gestação é de 8 a 11 meses, e as fêmeas fertilizadas dão à luz em média 25 filhotes, que medem de 24 a 27 centímetros ao nascer.

Com base na presença de fêmeas grávidas e filhotes, os cientistas estabeleceram o Golfo de Tunes como um “berçário” para essa espécie.

Estado de conservação

O grupo dos cações-anjo (Squatinidae) é considerado a segunda família mais ameaçada de elasmobrânquios (tubarões e raias), atrás apenas dos peixes-serra. Assim como acontece com as espécies de cação-anjo Squatina squatina e Squatina aculeata, a população da espécie Squatina oculata tem diminuído de forma alarmante nos últimos 50 anos.

Essa espécie de tubarão está em estado de “perigo crítico”, conforme indicado pela União Internacional para Conservação da Natureza (UICN). A maioria dos problemas que causaram seu declínio foram provocadas pelo ser humano. Alguns deles são os seguintes:

  • Pesca comercial: a superexploração de locais de caça e reprodução reduziram o número de exemplares da espécie, tanto por mortes quanto pela destruição do habitat devido ao uso de redes ilegais, como as redes de arrasto.
  • Capturas acidentais: a morfologia do cação-anjo Squatina oculata torna muito mais fácil que ele seja capturado em redes que varrem o fundo do mar.
  • Atividade humana recreativa: a pesca esportiva, o mergulho e outras atividades decorrentes do desenvolvimento comercial e residencial das costas afetam seriamente a capacidade de sobrevivência desse peixe.

Embora essa espécie seja beneficiado pelas regulamentações sobre a exploração pesqueira, é uma das mais negligenciadas no âmbito da proteção aos tubarões. O trabalho específico de conservação e divulgação do cação-anjo Squatina oculata é realizado por organizações independentes, que concentram seus esforços em locais essenciais para sua sobrevivência.

A espécie cação-anjo Squatina oculata camuflada no fundo marinho

Conservar essa espécie é uma responsabilidade comum

No âmbito individual, o melhor que se pode fazer para salvar essa espécie e seus congêneres é colaborar com as entidades que lutam pelo seu bem-estar. Por outro lado, também é necessário levar um modo de vida o mais responsável possível com o planeta e os oceanos que nos rodeiam.

Se você costuma mergulhar e um dia se deparar com um cação-anjo, não tenha medo: é um animal muito dócil. Respeitando seu espaço, você terá a visão de uma das mais belas criaturas do fundo do mar.


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