4 ameaças aos narvais

Esses cetáceos inspiraram as lendas sobre os unicórnios marinhos. Agora, as ameaças aos narvais estão se multiplicando.
4 ameaças aos narvais

Última atualização: 09 março, 2022

As baleias são a memória viva dos tempos pré-históricos, quando gigantes caminhavam na Terra e nadavam nos oceanos. Agora, a existência de muitos deles está em perigo e, especificamente, as ameaças aos narvais preveem um desastre não apenas restrito à espécie, mas com impactos no mundo.

Os narvais, que no século XVI aterrorizavam navios que faziam expedições ao Ártico, agora são vítimas de sua grande especialização e das mudanças climáticas. Vamos conhecer um pouco mais a fundo essa situação.

Características dos narvais

O narval ( Monodon monoceros) é um cetáceo odontoceto, isto é, com dentes, da família Monodontidae, composta apenas por eles e pelas belugas (Delphinapterus leucas). Habita as águas do Ártico e do Atlântico Norte.

A característica mais marcante dessa espécie é a longa presa helicoidal que os machos possuem e que pode medir até 2 metros de comprimento. Sem essa extensão, o comprimento do seu corpo varia em torno de 4,5 metros e um espécime adulto pesa entre 1 e 1,5 tonelada. Especula-se que sua utilidade seja orientar os ultrassons da ecolocalização.

A princípio, pensava-se que a presa dos narvais servia para fazer buracos nas espessas camadas de gelo do Ártico, mas outras hipóteses não são descartadas, como a de que sirva para impressionar as fêmeas ou que seja apenas uma característica sexual secundária. Sem dúvida, ainda temos muito o que descobrir sobre esse mamífero aquático.

Os narvais se alimentam de peixes e crustáceos do fundo do mar, onde mergulham no máximo por meia hora e a uma profundidade de 800 metros. As espécies que consomem são seletas (bacalhau, arenque, halibute, linguado e salmão), e os espécimes costumam ir para a costa no inverno e entrar em mar aberto no verão.

São animais gregários que vivem em grupos de 5 a 10 indivíduos, mas no verão podem se reunir em grupos de centenas de exemplares. Eles têm uma grande variedade de vocalizações, incluindo cliques de ecolocalização e assobios diferentes, que eles modulam para reconhecer uns aos outros.

Quando os narvais se aproximam de um local de interesse, eles o comunicam aos seus colegas como se fosse o sensor de proximidade de um carro. Aumentam a frequência dos cliques, até se tornar quase um apito contínuo.

 

As orcas são ameaças aos narvais?

As orcas (Orcinus orca) são os cetáceos mais amplamente distribuídos nos oceanos do mundo, mas não iam muito longe no Ártico, porque sob as espessas camadas de gelo poderiam se perder e morrer afogadas, ou ainda perder sua nadadeira dorsal. No entanto, com o degelo causado pelas mudanças climáticas, elas viram a oportunidade de procurar novas presas.

Um novo estudo descobriu que uma população de 136 a 190 orcas passou os meses mais quentes do verão na região norte da Ilha de Baffin, no Canadá. Entre 2009 e 2018, as orcas se alimentaram de até 1504 narvais por temporada. Como esses predadores caçam de forma cooperativa, são capazes de matar animais tão grandes quanto os narvais.

Atualmente, esses cetáceos não contam como uma das ameaças aos narvais, pelo menos em curto prazo. No entanto, especialistas apontam que é um fato que deve ser monitorado. Conforme o degelo avança, as orcas podem se mover cada vez mais para o norte.

Um narval no mar.

Ameaças devido ao aquecimento global

O Ártico está derretendo, isso é um fato que praticamente todo mundo sabe. No entanto, as consequências são tão variadas e operam em tantos níveis que é difícil compreender em um primeiro momento. Estas são algumas delas:

  • O Ártico, como tal, pode desaparecer: ao contrário da Antártica, que tem uma superfície terrestre, o Ártico é um gigantesco pedaço de gelo flutuando no mar.
  • O degelo está produzindo uma elevação progressiva do nível do mar, o que ameaça reduzir drasticamente a superfície dos continentes.
  • A mudança nas temperaturas do oceano está modificando as correntes marinhas e atmosféricas. Isso resulta em eventos climáticos anômalos em todo o planeta.
  • Emissão de gases de efeito estufa acumulados no permafrost.
  • Ressurgimento de doenças: o degelo de um cadáver de rena em 2016 levou ao reaparecimento do antraz.
  • Um clima mais quente tem implicações em todos os níveis da cadeia alimentar. Os primeiros afetados serão as algas que vivem sob o gelo marinho e formam a base da teia alimentar das espécies que habitam o Ártico.

Os narvais são intensamente afetados por essas mudanças, pois, como eles são altamente especializados em seu habitat, sua capacidade de adaptação é limitada. Nas linhas a seguir, você vai entender como as mudanças climáticas estão alterando a vida desses animais.

 

1. A perda de habitat é uma das maiores ameaças aos narvais

Quanto menos gelo, menos superfície habitável existe para esses mamíferos. Suas incursões sob a densa camada de gelo parecem ser uma estratégia para fugir de predadores e ameaças humanas, de forma que eles estão cada vez mais expostos a essas ameaças.

2. Atividade humana

O recuo da camada de gelo deixou expostos campos de petróleo, o que atraiu prospectores e empresários. Por outro lado, a indústria pesqueira está cada vez mais entrando no território dos narvais e de outros animais marinhos, alterando as águas e privando-os de seus alimentos.

O barulho do sonar dos barcos atrapalha a ecolocalização dos cetáceos da área. Por outro lado, muitos narvais são apanhados nas redes de pesca ou morrem ao colidir com as hélices dos barcos.

3. Mudanças na camada de gelo

As alterações nas temperaturas mudam o padrão da superfície do gelo. Os narvais costumam localizar as áreas onde podem sair à superfície para respirar, mas, diante dessas alterações, foram documentados mais casos desses cetáceos ficando presos sob uma camada de gelo que não existia antes, e consequentemente se afogando.

 

Como você pode ver, as ameaças aos narvais, que também afetam outros cetáceos, são uma das grandes preocupações das organizações ambientais, assim como de grande parte da população humana. Porém, para pressionar os organismos responsáveis pela proteção do meio ambiente não é necessário pensar neles: nós, humanos, também sofremos as consequências do degelo.

Nevascas nunca vistas, secas, incêndios que duram meses. Isso tudo é incomum e a maioria das pessoas sabe que algo tem se mostrado errado com o clima nos últimos anos. Cada vez mais distante a ideia de poder continuar admirando as maravilhas da natureza, resolver as mudanças climáticas está se tornando uma questão de mera sobrevivência.


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