Como a poluição da água afeta os peixes?
Os ecossistemas aquáticos do planeta são seriamente afetados pela poluição da água causada pela atividade humana. Infelizmente, a biodiversidade de peixes e outras espécies diminui como resultado desse fenômeno.
Metais pesados, microplásticos, alterações físico-químicas da água e a eutrofização de lagos e rios têm influência direta na diversidade, abundância e ciclo de vida dos peixes marinhos e de água doce. Descubra alguns dos maiores problemas decorrentes da poluição da água nas linhas a seguir.
Os microplásticos na água
O ser humano é o único produtor de plásticos e, portanto, a sua presença na terra ou na água é uma consequência direta da nossa atividade. Apesar dos poucos esforços para reduzir o seu consumo, temos evidências da presença de microplásticos no oceano desde a década de 1960.
Os microplásticos são pedaços muito pequenos de material inorgânico que poluem o meio ambiente. A Administração Oceânica e Atmosférica Nacional (NOAA), uma agência americana, considera esse termo para descrever os plásticos com menos de cinco milímetros de diâmetro.
Esses elementos podem ter múltiplas origens: pneus, produtos de limpeza, cosméticos, roupas, resíduos plásticos de uso cotidiano – garrafas, sacolas, embalagens e canudos –, processos industriais, etc. Estima-se que entre 2% e 5% de todos os plásticos manufaturados terminem nos oceanos.
Tipos de microplástico
Os microplásticos são divididos em diferentes categorias. Confira nosso resumo a seguir:
- Primários: são as partículas de plástico lançadas diretamente no meio ambiente. Por exemplo: cremes dentais, géis e outros produtos cosméticos por meio do esgoto.
- Secundários ou nanoplásticos: originam-se a partir da degradação de grandes objetos plásticos, tais como sacolas, garrafas ou redes de pesca. Constituem a maior porcentagem de microplásticos no oceano.
Os plásticos não se degradam, eles se fragmentam em partes menores e são ingeridos por todos os tipos de animais marinhos e de água doce: peixes, crustáceos e moluscos. Além disso, acabam se alojando nos tecidos desses animais e muitos deles chegam a nós através da cadeia alimentar.
Os níveis de microplásticos em uma espécie marinha não se devem apenas ao seu consumo direto, visto que também aumentam por causa da ingestão de outras espécies que tenham comido microplásticos em algum momento do seu ciclo de vida.
A poluição da água muda o comportamento dos peixes
Rios e mares são reservatórios de grandes quantidades de efluentes procedentes de águas residuais, que são produzidos por atividades industriais e de mineração, e têm um grande impacto sobre a água e seus habitantes.
Tanto que foram observadas mudanças no comportamento dos peixes do rio Tâmisa, na Inglaterra, devido ao despejo de resíduos – tais como cocaína ou cafeína – pelos esgotos da cidade.
A droga, que chega aos peixes por meio de restos de urina dos usuários, causa os mesmos efeitos de euforia e hiperatividade experimentados pelas pessoas. Pesquisas em condições experimentais replicadas em laboratório produziram os mesmos resultados em animais.
Essas substâncias se acumulam no cérebro, nos músculos, nas brânquias e na pele, e geram uma mudança no comportamento dos peixes que pode afetar a sua sobrevivência, principalmente em relação ao comportamento de fuga diante de predadores.
A eutrofização da água
A eutrofização consiste em um excesso de nutrientes na água devido ao acúmulo de resíduos orgânicos. Esses nutrientes – compostos principalmente de nitrogênio e fósforo – causam o crescimento descontrolado de algas que acabam consumindo o oxigênio da água. Isso geralmente ocorre em sistemas onde há pouca renovação da água, tais como lagos e represas.
Os fertilizantes, os excrementos pecuários, a atividade industrial, as emissões de óxidos de nitrogênio e enxofre que se precipitam da atmosfera na forma de chuva ou os resíduos procedentes da atividade florestal são algumas das causas da eutrofização das águas.
A explosão de algas que acompanha a primeira fase de eutrofização faz com que as águas se tornem turvas, impedindo que a luz penetre até o fundo do corpo d’água.
Consequentemente, as plantas que estão nos estratos inferiores não conseguem fazer a fotossíntese e renovar o oxigênio dessas camadas e acabam morrendo, assim como os peixes e o restante da fauna. Muitas das mortes massivas de peixes têm a sua origem na eutrofização das águas.
O resultado dessa reação em cadeia é uma água turva, de aparência densa e com uma grande quantidade de biomassa. Isso pode parecer positivo à primeira vista, mas causa a perda da qualidade da água e a diminuição da biodiversidade de espécies no ecossistema.
Uma ação de origem humana
Conforme vimos nessas linhas, tanto a falta de vida quanto o excesso dela podem ser deletérios para um ecossistema aquático. De qualquer forma, a presença de microplásticos nos mares é o inimigo mais imediato e preocupante que devemos combater.
A poluição está destruindo a vida marinha e de água doce e, certamente, está em nossas mãos mudar o curso das coisas. O segredo para a manutenção do planeta está na redução dos resíduos.
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- Microplastics in fisheries and aquaculture, FAO, 2017.
- The Times. Cocaine in Thames makes eels hyperactive, 2019.
- Fundacionaquae
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