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Comportamento das girafas

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De todos os animais emblemáticos da savana, o comportamento das girafas é o mais misterioso. Aqui você pode descobrir o que se sabe até agora sobre elas.
Comportamento das girafas
Última atualização: 09 março, 2022

Por serem animais tão icônicos na cultura popular, você poderia pensar que o comportamento das girafas já foi estudado em profundidade. No entanto, não existe uma bibliografia extensa sobre elas e foi apenas nos últimos anos que se começou a investigar a fundo sua etologia.

Se você deseja conhecer um pouco melhor essas gigantas, aqui poderá encontrar suas características mais importantes e o que se sabe até agora sobre seu comportamento. Embora estejam atrás de outras espécies em termos de observação, não perca sua análise, pois são animais fascinantes.

As características das girafas

Atualmente, são reconhecidas 4 espécies de girafas, todas pertencentes ao gênero Giraffa, classificadas na família Giraffidae e na ordem Artiodactyla. Essas espécies são Giraffa camelopardalis, Giraffa reticulata, Giraffa giraffa e Giraffa tippelskirchi.

A girafa é o mamífero mais alto do mundo. Os machos têm cerca de 5,7 metros de altura e as fêmeas são um pouco mais baixas, cerca de 4,5 metros. Em termos de peso, os machos podem atingir quase 2 toneladas de massa corporal, enquanto as fêmeas ficam com cerca de 1200 quilos.

As girafas estão distribuídas por todo o continente africano, onde são encontradas em populações de número variável, dependendo dos recursos disponíveis. Especificamente, elas podem ser encontradas do sul do Saara ao leste do Transvaal, Natal e no norte de Botswana.

As girafas desapareceram da maior parte da África Ocidental, exceto por uma população residual no Níger.

As girafas alimentam-se de folhas, flores, vagens e frutos, embora a sua principal alimentação sejam as folhas de acácia. Essas árvores são espinhosas, mas os grossos lábios desse animal, junto com sua saliva espessa e seus molares fortes, permitem que o mamífero mastigue as folhas tranquilamente, sem se cortar ou se machucar.

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Caráter das girafas

São animais de caráter calmo e pouco territorialista, já que a escassez de predadores e a possibilidade de se alimentar na copa das árvores os livra da maioria dos perigos da savana. São mamíferos gregários e diurnos, capazes de viver em grupo sem grandes conflitos, além das lutas dos machos pelo acasalamento.

A comunicação das girafas

Inicialmente as girafas eram consideradas o único animal que não emitia ruído, mas depois descobriu que não: as girafas se comunicam entre si por infrassons. Outras vezes, é possível ouvi-las emitir grunhidos ou vocalizações semelhantes a assobios.

Quando uma girafa se assusta, ela rosna ou bufa para alertar as outras. As mães emitem um assobio característico para chamar seus filhotes, mas, se não os virem, podem vocalizar em alto volume, chamado ao qual suas crias respondem com sons de balidos.

A incrível altura desses mamíferos não é útil apenas para comer: as girafas podem fazer contato visual entre si a grandes distâncias e, portanto, avisar umas às outras sobre possíveis ameaças. Observar outra girafa em perigo à distância dá às outras tempo para se unirem e se defenderem.

O comportamento das girafas

Como mencionado acima, é necessário um aprofundamento maior nos estudos etológicos sobre as girafas, embora existam muitas informações que dão uma perspectiva geral sobre seu comportamento. A seguir, você encontra uma análise dos diferentes aspectos do seu comportamento.

Comportamento das girafas durante o dia

As girafas têm dois picos de atividade, um durante a manhã e outro no crepúsculo, que coincidem com os horários em que se alimentam. Os vales em sua atividade ocorrem à noite e nas horas centrais do dia, nas quais descansam e tiram pequenos cochilos, não mais longos do que 2 horas, sem se deitar no chão.

As girafas, como bons ruminantes, passam a maior parte do dia se alimentando, dedicando entre 16 a 20 horas a selecionar a folhagem, pastar, mastigar e ruminar. Outros comportamentos, como o deslocamento, a exploração e a observação, também estão relacionados à alimentação, assim como beber ou lamber o chão.

Comportamento social

Os relacionamentos das girafas são descritos como aleatórios, temporários e dinâmicos, embora os vínculos entre mãe e filhos sejam bastante estáveis. Por serem sociedades de fissão-fusão, formam-se grupos temporários que podem ser facilmente dissolvidos.

Acredita-se que as relações parentais, reprodutivas e alimentares motivem a formação de grupos de girafas, mas no momento em que a necessidade desaparece, a manada se desintegra.

As fêmeas são mais propensas a criar grupos sociais. Relacionamentos de longo prazo foram documentados entre mães e filhas, e até mesmo entre fêmeas adultas aparentadas dentro de grupos de jovens. Pelo contrário, os machos são geralmente solitários e independentes, e as interações entre eles costumam se dar por competição.

Não há nenhum tipo de hierarquia ou domínio entre os espécimes dentro dos grupos. Acredita-se que as associações femininas têm como objetivo garantir a sobrevivência das mais jovens e dos filhotes.

As girafas não são animais territoriais, nem mesmo com outras espécies. Elas geralmente podem ser vistas na companhia de outros herbívoros, como zebras (Equus burchellii), impalas (Aepyceros camelus) e avestruzes ( Struthio camelus). Como não há competição na alimentação, não há conflito entre as espécies.

Comportamento alimentar

Por serem animais de grande porte, as girafas têm uma grande demanda nutricional a atender, podendo consumir até 30 quilos de matéria vegetal por dia. Além disso, elas preferem plantas com folhas verdes, flores, botões ou frutos.

A rotina de alimentação no comportamento das girafas começa com a exploração do terreno e a localização de fontes de alimento. Assim que forem encontradas, é possível observá-las procurando nos galhos das árvores e pastando na grama alta.

Elas também podem ser vistas lambendo o chão ou até mastigando ossos. Embora pareça estranho em um herbívoro, isso está relacionado à busca por sais minerais que complementem sua dieta. Na natureza, todo comportamento atípico tem seu significado.

As girafas não precisam consumir água com frequência. Como a maior parte de sua hidratação vem da matéria vegetal que consomem, eles podem ficar 2 ou 3 dias sem beber. Curiosidade: elas não conseguem se abaixar para beber água, então abrem as pernas até que a cabeça alcance o solo.

Comportamento estereotipado

Muitas das pesquisas sobre o comportamento das girafas foram feitas em cativeiro. Nesse ambiente, observou-se que seu modo de agir não difere muito do que fazem em liberdade, exceto por exibirem comportamentos mais afiliativos entre as fêmeas, em decorrência da impossibilidade de se espalharem por grandes extensões de terra.

Quando a instalação das girafas não é adequada, elas podem desenvolver distúrbios de comportamento, como qualquer animal. O mais comum é observar estereotipias, comportamentos repetitivos que não têm um objetivo e que acabam prejudicando a saúde do animal. Algumas das mais comuns em girafas são as seguintes:

  • Tongue playing: é um movimento de torção da língua, semelhante ao que fazem ao se alimentar, mas com a boca vazia.
  • Vacuum chewing ou mastigar o vazio: como o próprio nome indica, é o movimento de mastigação fora do comportamento alimentar.
  • Mordiscar o pelo: é semelhante ao comportamento de catação ou de se coçar, mas ocorre de forma contínua, a ponto de provocar lesões na pele ou alopecias.
  • Passeio: é um movimento com um percurso específico e invariável que se repete continuamente.
  • Lamber objetos não comestíveis: é uma das estereotipias mais comuns das girafas, na qual elas lambem de forma persistente objetos não alimentícios, como barras, postes de madeira, paredes ou pedras.

O comportamento das girafas durante a reprodução

As girafas são animais polígamos: machos e fêmeas podem se reproduzir com pares diferentes. Além disso, as fêmeas são poliéstricas, podendo se reproduzir em qualquer época do ano.

O comportamento das girafas durante a reprodução pode ser dividido em 4 etapas:

  • Aproximação: quando as fêmeas entram no cio, os machos se aproximam e lambem, esfregam e mordiscam seus quadris até que elas urinem. Dessa forma, ao cheirar sua urina, eles podem dizer se elas estão no período reprodutivo.
  • Demonstração: o macho estica o pescoço com a intenção de impressioná-la e fica territorial com outros machos que porventura se aproximem. Também pode empurrar suavemente a fêmea ou lamber sua cauda.
  • Perseguição: se a fêmea o ignorar, o macho começará a persegui-la e a empurrá-la até que ela se mostre receptiva.
  • Cópula: se a fêmea finalmente o aceita, eles acasalam.

A gestação da girafa dura aproximadamente 14 a 16 meses, dando à luz um único filhote ou gêmeos em casos excepcionais. Ao nascer, as mães ajudam seus filhotes a se levantarem e lambem os restos da placenta, estabelecendo os primeiros laços entre mãe e filho.

As mães se encarregam de cuidar dos filhotes. Observa-se, às vezes, que elas formam os chamados berçários, nos quais uma mãe pode deixar sua filha sob responsabilidade de outras girafas adultas para sair se alimentar ou encontrar água. Nesses espaços, várias adultas cuidam de um grupo de jovens e se revezam para se ausentar do grupo.

O que é o necking?

O necking é um comportamento documentado entre machos, no qual 2 espécimes lutam usando seus pescoços como se fossem espadas. Os encontros podem ser de baixa ou alta intensidade, desde empurrões leves até golpes de grande violência. Esses encontros, embora pareçam impressionantes, geralmente não causam ferimentos graves.

Esse tipo de comportamento permite estabelecer uma hierarquia entre os machos pelo direito de acasalar. Além disso, curiosamente, foi documentado que após cada encontro os machos compartilham carícias, se cortejam e até montam uns nos outros.

Comportamento dos filhotes

Ao nascer, os filhotes das girafas caem de uma altura de 2 metros. Embora possa parecer perigoso, em 15 minutos eles estão em pé mamando. Eles não serão desmamados até 12-16 meses.

Após 3-4 semanas de vida, as mães conduzem seus filhotes aos grupos de berçário. Esse é o tipo de vida que os espera até atingirem a maturidade, aos 3-4 anos no caso das fêmeas e quase 5 anos nos machos. Depois disso, as fêmeas tendem a ficar em grupos e os machos se tornam mais solitários e errantes.

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Existem certas maravilhas da natureza que não podem ser perdidas. Após ser comprovado que as populações de girafas estavam ficando menores e mais fragmentadas, elas finalmente receberam o status de espécie vulnerável, possibilitando o início de projetos de conservação. Felizmente, nem tudo está perdido para essas gigantas.


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