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7 comportamentos de dor em cães

8 minutos
Em muitas ocasiões, a dor de um cão pode passar despercebida. No entanto, existem certas mudanças comportamentais que podem ajudar um tutor a identificá-la. Descubra quais são no conteúdo a seguir!
7 comportamentos de dor em cães
Sebastian Ramirez Ocampo

Escrito e verificado por veterinário e zootécnico Sebastian Ramirez Ocampo

Última atualização: 07 dezembro, 2023

Segundo a International Association for the Study of Pain, a dor pode ser definida como uma experiência sensorial e emocional negativa que afeta a saúde e o bem-estar dos animais de companhia. No entanto, identificar a dor em cães pode ser um desafio, pois eles não agem ou respondem a uma doença da mesma forma que os humanos.

Por isso, convidamos você a rever uma série de sinais de desconforto canino. Essa gama de sinais – desde mudanças no apetite até demonstrações de agressividade exagerada – ajudará você a entender um pouco melhor o que está acontecendo com seu animal de estimação. Não perca!

Dor: um sentimento compartilhado por todos os animais

Do ponto de vista clínico, a dor nada mais é do que uma resposta fisiológica do organismo, que anuncia a presença de um estímulo potencialmente nocivo. Em outras palavras, pode ser considerada um aviso de que algo está errado. Em essência, sua função é protetora.

Qualquer animal que tenha um sistema nervoso central tem a capacidade de sentir dor porque as terminações nervosas – chamadas nociceptores – percebem a dor. De acordo com um artigo da revista Veterinary Medicine, esses receptores de dor estão localizados em diferentes partes do corpo:

  • Pelagem.
  • Músculos.
  • Articulações.
  • Polpa do dente.
  • Córnea.
  • Meninges.
  • Parede de alguns órgãos.

Como explica a World Small Animal Veterinary Association (WSAVA) em seu guia para o reconhecimento, a avaliação e o tratamento da dor, dois tipos podem ser reconhecidos:

  • Dor aguda: é aquela que ocorre imediatamente. Seu objetivo é modificar rapidamente o comportamento do animal para evitar ou minimizar possíveis danos. Pode ser causada por uma lesão ou doença específica, como cortes, fraturas, queimaduras ou úlceras da córnea.
  • Dor crônica: considera-se a dor que persiste por mais de 3 meses. Ao contrário da dor aguda, a crônica não tem um propósito biológico ou um ponto final claro. Ocorre em doenças como osteoartrite, displasia coxofemoral e câncer.

Como saber se um cão está com dor?

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Pelo exposto acima, pode-se pensar que é fácil identificar uma dor aguda em um cão, desde que sua origem ou causa seja evidente. No entanto, existem doenças agudas que causam dor, como pancreatite ou torção gástrica, que não são vistas a olho nu.

Inclusive, um estudo no Journal of Veterinary Internal Medicine sugere que, como os humanos, os cães também podem sofrer de episódios de enxaqueca. Portanto, é importante que – como tutor – você conheça os seguintes 7 sinais de desconforto em seu cão.

1. Agressividade

Talvez essa seja a manifestação mais comum de dor em cães. Ocorre como um ato defensivo dos pets para evitar a todo custo o contato com pessoas ou animais que desencadeiem o estímulo doloroso.

Observa-se tanto em patologias crônicas como agudas, e caracteriza-se por ser uma mudança drástica no comportamento.

Em particular, cães que antes eram sociáveis e amigáveis podem se envolver em comportamentos agressivos, como morder ou rosnar, quando abordados. Também pode haver casos de cães – com mau temperamento – que manifestam a exacerbação de sua agressividade.

Por exemplo, conforme explicado no artigo  Pain-related agression in dogs: 12 clinical cases (Agressão relacionada à dor em cães: 12 casos clínicos, em tradução livre), os cães que não apresentam comportamento agressivo anterior tendem a ser mais impulsivos e a adotar posturas corporais defensivas diante de estímulos dolorosos. Enquanto, no mesmo contexto, os de temperamento ruim expressam sua agressividade com maior intensidade.

2. Medo

Nesse caso, os cães – que estão com dor ou já a sentiram – criam associações entre experiências traumáticas e estímulos negativos, resultando em uma resposta de medo a situações específicas. Inclusive, conforme explicado em publicação na revista Animals, o medo pode permanecer mesmo na ausência de dor, já que o pet pode prever uma situação semelhante nos mesmos contextos.

Cães que desenvolvem esse comportamento podem ser mais cautelosos e tranquilos em casa.

Além disso, eles mostram sinais de medo – sem motivo aparente – de objetos, pessoas, animais ou cenários, aos quais geralmente não reagem dessa maneira. Um estudo da revista Companion Animal sustenta essa associação. Nessa investigação, foi relatado que dois cães sofriam de medo de certos estímulos não convencionais. Em ambos os casos, as ações tomadas para resolver o medo não funcionaram.

No entanto, após um exame clínico, eles foram diagnosticados com doenças musculoesqueléticas que lhes causavam dor. Uma vez instituído o tratamento analgésico e resolvidos os gatilhos do medo, os pacientes tiveram uma recuperação completa.

3. Ansiedade

De acordo com o artigo da revista Animals citado acima, cachorros com dor também podem demonstrar ansiedade. Isso pode ser expresso com mudanças comportamentais, como as seguintes:

  • Hiperatividade.
  • Ofegante constante.
  • Latidos excessivos.
  • Destruição de objetos domésticos, especialmente quando deixados sozinhos.

Além disso, de acordo com essa publicação, os cães que sofrem de dor crônica são mais propensos a sofrer de ansiedade. Somado a isso, sugere-se que, assim como nos seres humanos, pode ocorrer um fenômeno conhecido como “viés cognitivo”.

Nisso, dizem os autores, cães com uma fonte adicional de ansiedade – como ansiedade de separaçãoexibem uma resposta exagerada a estímulos neutros ou fontes irreais de dor, piorando ainda mais a condição. Ou seja, eles têm uma visão negativa ou pessimista do ambiente. No entanto, com o tratamento adequado, geralmente se resolve o problema.

4. Transtornos alimentares

É um dos sinais mais comuns associados à dor em cães. Está relacionada ao desconforto produzido por diferentes doenças crônicas e agudas que levam à anorexia. Pode ser o produto de dores pontuais, como uma lesão na boca ou uma fratura dentária, a patologias sistêmicas, como pancreatite, gastroenterite ou torção gástrica.

O animal pode perder completamente o apetite ou consumir apenas alimentos muito apetitosos. Da mesma forma, a dor pode incapacitar o cão de se movimentar adequadamente, como é o caso da displasia coxofemoral. Portanto, o animal escolherá não ir para onde está sua comida.

5. Comportamentos compulsivos

Certas situações que produzem estresse, ansiedade e conflito em cães podem levar ao aparecimento de “vícios” ou comportamentos anormais, que não têm função.

Como foi possível perceber de antemão, a dor – principalmente quando é crônica – pode desencadear esse tipo de sensação nos animais de estimação, o que leva ao aparecimento desses comportamentos repetitivos.

A título de ilustração, de acordo com o artigo Pain and Problem Behavior in Cats and Dogs, (Dor e comportamento problemático em gatos e cães, em tradução livre), lambidas excessivas e contínuas dos membros ou da cauda podem ser indicativas de dores articulares em cães. Como dizem seus autores, é possível que seja pelo fato de o animal direcionar sua atenção para a área que está causando o desconforto.

Da mesma forma, outro dos comportamentos compulsivos relatados ocorre quando o cão doente adota uma posição de “olhar para as estrelas”. Nesse estado, o animal apresenta elevação da cabeça e pescoço para cima, com o olhar fixo no teto.

Está associada a problemas gastrointestinais, como gastrite erosiva com esofagite de refluxo.

Também pode causar o comportamento conhecido como “caça à mosca”, no qual o cão observa algo inexistente que pretende morder. É visto da mesma forma em patologias gástricas.

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Lamber frequentemente a área do carpo pode indicar dor nas articulações. Esse comportamento pode levar a outros problemas de saúde, como dermatite. Crédito: iStockphoto.

6. Distúrbios do sono

Em um animal de estimação, existe uma relação direta entre os episódios de dor e a incapacidade de dormir bem. Pode-se observar como o cachorro não tem uma boa noite de sono e fica perambulando pela casa em busca de atenção. Ou, ao contrário, fica mais tempo do que o normal na cama.

É possível que essas alterações ocorram na dor aguda, crônica e em cães de qualquer idade. No entanto, uma publicação no Journal of The American Veterinary Medical Association sugere que os cães mais velhos têm maior probabilidade de manifestar distúrbios relacionados ao repouso.

7. Defecação e micção inadequadas

Devido à dor, especialmente quando é crônica, o cão pode optar por não ir ao local onde deveria fazer suas necessidades. Mais uma vez, os pesquisadores do estudo Pain and Problem Behavior in Cats and Dogs relatam que isso está associado a problemas musculoesqueléticos e dores nas articulações que dificultam o acesso a essas áreas. Normalmente, o problema é resolvido com a terapia médica indicada.

O que fazer quando um cachorro reclama de dor?

Ver um animal de estimação nessas condições pode ser angustiante para os tutores. No entanto, é importante ter em mente que a automedicação não deve ser usada para tratar a dor em cães. Nesse sentido, fornecer medicamentos empiricamente pode agravar a situação ou a doença que está causando o desconforto.

Pelo contrário, diante de qualquer uma dessas alterações comportamentais, devemos procurar um veterinário capacitado. Em relação ao seu manejo, um documento do Journal of the American Animal Hospital Association especifica que a dor aguda pode ser tratada com AINEs, como o meloxicam, ou opioides, como o tramadol.

Quanto à dor crônica, os mesmos medicamentos podem ser usados, juntamente com certas estratégias, como modificação ambiental, redução de peso e fisioterapia. Além disso, outros tratamentos não convencionais, como a acupuntura, podem ser benéficos no controle de diferentes tipos de dor.

Atenção aos sinais de dor em cães

Agora que você conhece os principais comportamentos associados à dor em cães, é seu dever evitar que seu animal sofra uma doença de forma exagerada. Levá-los em consideração ajudará a identificar uma doença a tempo e, assim, fornecer atendimento oportuno.


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Este texto é fornecido apenas para fins informativos e não substitui a consulta com um profissional. Em caso de dúvida, consulte o seu especialista.