Diarreia neonatal em pequenos ruminantes
Escrito e verificado por a veterinária Érica Terrón González
A diarreia neonatal é uma das síndromes mais frequentes durante as primeiras semanas de vida de cordeiros e cabritos, sem falar nas graves perdas decorrentes das elevadas taxas de mortalidade e do atraso no crescimento que provocam. Dentre os diversos agentes que podem causar essa sintomatologia, destacamos o parasita Cryptosporidium parvum.
A criptosporidiose é uma doença de distribuição cosmopolita que afeta a maioria dos animais vertebrados – e o ser humano. De fato, diversos estudos mostram que a sua importância é crescente e constante.
A criptosporidiose como principal causa de diarreia neonatal em pequenos ruminantes
A seguir, vamos descrever as características mais relevantes dessa patologia e como ela afeta ovinos e caprinos.
Cryptosporidium parvum e sua epidemiologia
Estamos diante de um protozoário, ou seja, um parasita microscópico que invade a mucosa intestinal causando gastroenterite aguda. Os recém-nascidos que permanecem com as suas mães (e outros neonatos no mesmo curral até o momento do desmame) o ingerem sem querer.
Dessa maneira, havendo um indivíduo parasitado, a transmissão aos outros habitantes do curral é praticamente inevitável. Vários são os fatores que devem ser levados em consideração porque favorecem o aparecimento da infecção. Entre eles, encontramos os seguintes:
- O Cryptosporidium gera um número muito elevado de oocistos que os animais eliminam juntamente com as fezes.
- A dose infectante, ou seja, o número de parasitas que devem ser ingeridos para o contágio da doença, é baixa.
- Os oocistos podem permanecer infecciosos durante vários meses no chão das fazendas.
- O alto número de cordeiros/cabritos em criações de produção intensiva favorece a transmissão.
- A superlotação e a falta de higiene dos animais são muito prejudiciais. Quando as condições higiênicas e sanitárias da fazenda são ruins, surgem surtos de diarreia com alta mortalidade.
- A presença de animais adultos parasitados, porém sem sintomas, é um perigo. Eles agem como portadores ocultos que são impossíveis de detectar.
Sintomas de diarreia neonatal causada por C. parvum
Cordeiros e cabritos são infectados durante os primeiros dias de vida e são especialmente receptivos entre a primeira e a terceira semana após o nascimento. O estado imunológico parece ser um fator determinante na gravidade e duração da diarreia.
Isso ocorre porque o sistema imunológico desses animais ainda não está desenvolvido e não assimilou as defesas fornecidas pelo colostro materno. O que o criador detecta nesses animais infectados é o seguinte:
- Eliminação súbita de fezes pastosas amareladas, acompanhada de dor abdominal.
- Apatia.
- Desidratação.
- Anorexia, responsável pelo atraso no crescimento e pela perda de peso em animais infectados.
Esses sintomas geralmente remitem em 3-5 dias. Mesmo assim, nos casos mais graves, esse quadro clínico pode durar até 2 semanas, fato que reduz bastante o interesse pecuário e o bem-estar do animal.
Diagnóstico e tratamento
A diarreia em filhotes recém-nascidos pode ser causada por diversos agentes infecciosos. Portanto, será necessário fazer um diagnóstico diferencial para descartar, por exemplo, a Escherichia coli ou a Salmonella.
O diagnóstico in vivo é realizado por meio da detecção de oocistos nas fezes a partir de um exame coprológico. Na verdade, as características dos oocistos requerem o uso de técnicas mais sofisticadas do que um exame de rotina. Por outro lado, os testes sorológicos têm se mostrado pouco úteis no controle da disseminação da doença.
Em relação ao tratamento, foram avaliados vários medicamentos contra essa doença. A maioria deles é apenas parcialmente eficaz, pois reduz o número de parasitas nas fezes ou a duração do quadro de diarreia.
Esses medicamentos geralmente são acompanhados por aqueles que tratam os sintomas para recuperar os animais da desidratação e da perda de peso.
Controle e prevenção da diarreia neonatal causada por C. parvum
Diante da ausência de medicamentos específicos contra o Cryptosporidium, o melhor a fazer é recorrer a técnicas de controle e prevenção. A primeira delas é a vacinação, mas, na verdade, ainda não houve muito progresso em pequenos ruminantes. Portanto, recorre-se a medidas profiláticas relacionadas à higiene e biossegurança:
- É aconselhável separar os animais infectados dos saudáveis, proporcionando alojamentos limpos e renovando a palha para evitar o acúmulo de fezes.
- A superlotação deve ser evitada por meio da redução da densidade de animais recém-nascidos nas áreas de parto e separando os animais em lotes.
- Também é recomendável limpar e desinfetar as baias de parto e os currais com desinfetantes. As fêmeas que vão dar à luz devem ser levadas para áreas que não tenham sido ocupadas por recém-nascidos infectados.
- O colostro deve ser fornecido para os cordeiros/cabritos em quantidade e qualidade suficientes durante as primeiras 6 horas de vida.
A relevância da diarreia neonatal em pequenos ruminantes
O Cryptosporidium parvum é postulado como o principal agente causador da síndrome da diarreia neonatal em ovinos e caprinos. Apesar da sua alta incidência, ainda não existe um tratamento específico ou uma vacina eficaz à disposição de todos os criadores.
Por essa razão, recorre-se ao estabelecimento de medidas de higiene e biossegurança nas criações. Por fim, é preciso considerar a natureza zoonótica dessa doença e a possível transmissão para as pessoas em contato com animais infectados.
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