Doenças transmitidas por coelhos
Esses lagomorfos se tornaram extremamente populares nos lares. No entanto, o conhecimento sobre como prevenir doenças transmitidas por coelhos não é tão extenso quanto no caso de cães e gatos.
Portanto, o primeiro passo para evitar problemas ao ter esses animais de estimação será conhecer as zoonoses mais comuns e como elas podem ser transmitidas entre animais e tutores. Além disso, aqui você encontrará dicas de prevenção nesse assunto. Portanto, fique de olho em todo o artigo.
Quais são as doenças que os coelhos transmitem?
Existem vários tipos de doenças que podem ser contraídas pelo contacto com um coelho. Aqui você as encontra classificadas de acordo com o agente infeccioso que as causa, ou seja: patologias virais, fúngicas, bacterianas e parasitárias.
Doenças causadas por parasitas
Em geral, se os coelhos não saem de casa e estão em ótimas condições de higiene, não há motivos para que abriguem parasitas. No entanto, se for o caso, podem transmitir uma série de doenças:
- Cheyletiellosis: Cheyletiella parasotivorax é um ácaro muito contagioso e capaz de infectar também humanos, embora geralmente desapareça por conta própria em cerca de 3 semanas. Produz dermatite localizada e coceira. Esse ácaro é conhecido como “caspa ambulante” porque às vezes é possível vê-lo se movendo na pelagem.
- Giardíase: Giardia duodenalis é um protozoário flagelado que se aloja no trato intestinal do animal, produzindo diarreia contínua. Não afeta os seres humanos, a menos que estejam imunossuprimidos, mas a diarreia em um coelho pode ser fatal se não for tratada a tempo.
- Leishmaniose: os coelhos podem atuar como reservatórios assintomáticos para Leishmania infantum, mas um mosquito flebotomíneo precisa picar o coelho e depois uma pessoa para infectá-la. Em humanos, a leishmaniose causa dificuldades para respirar e engolir, úlceras na pele, boca e lábios, congestão e sangramento nasal, febre, fadiga, fraqueza, perda de apetite e suores frios.
- Coccidiose: os coccídios são protozoários que vivem principalmente no sistema digestivo. Eles podem causar diarreia (às vezes com sangue), inflamação intestinal e desidratação. São transmitidos aos humanos através do manuseio de fezes.
- Microsporidiose: Encephalitozoon cuniculi é fácil de reconhecer porque deixa os coelhos com a cabeça torta para um lado, pois causa síndrome vestibular. Em humanos, também afeta o sistema nervoso, principalmente o cérebro (e os rins).
Doenças transmitidas por coelhos causadas por fungos
Muitos dos fungos que os coelhos contraem podem ser transmitidos aos humanos, geralmente por meio do contato direto com os esporos. Além disso, muitas vezes são difíceis de erradicar em casa. As doenças fúngicas mais comuns são 2:
- Micose: essa doença é contraída pelo contato com esporos de fungos dermatófitos dos gêneros Microsporum e Trichophyton. A alopecia que esse fungo produz em animais é característica, pois tem formato circular. Em humanos, causa irritações circulares que causam grande coceira. É muito difícil erradicar os esporos da micose de uma casa.
- Esporotricose: O fungo Sporothrix schenckii em humanos produz nódulos de pele que se espalham pelas vias linfáticas para se tornarem abscessos e úlceras. Tem uma forma na qual afeta os pulmões e é fatal, mas é muito incomum.
Doenças bacterianas
É aqui que se encontra a maioria das doenças que os coelhos transmitem aos humanos. O principal fator de contágio se dá pelo contato direto com o animal ou pela via oral-fecal. Aqui estão as doenças bacterianas mais comuns nessa área:
- Melioidose: a bactéria Burkholderia pseudomallei causa abscessos nos órgãos em que se aloja. Os locais mais comuns são os pulmões, o baço, o fígado e nódulos adjacentes.
- Campilobacteriose: os sintomas de Campylobacter jejuni costumam ser leves. Consiste em diarreia, dor abdominal e febre que geralmente não duram mais de uma semana. É comumente confundida com gastroenterite.
- Salmonelose: as bactérias do gênero Salmonella são muito raras em coelhos, mas há casos de zoonoses. Esses patógenos causam gastroenterite, vômito, diarreia, dor abdominal e febre.
- Pasteurelose: causada pela bactéria Pasteurella multocida, é transmitida ao homem por meio de mordidas ou arranhões. O quadro é caracterizado pela rápida formação de celulite, com ou sem abscessos. Aparecem feridas que exsudam sangue e pus e podem afetar os ossos. Em pessoas com problemas no sistema respiratório, causa pneumonia, bronquite e abscessos pulmonares.
- Iersiniose: a bactéria Yersinia pseudotuberculosis causa uma doença grave em humanos que consiste em enterocolite, diarreia, febre e dor abdominal. Se a infecção progredir, ela pode criar abscessos hepáticos e esplênicos, osteomielite, meningite e endocardite.
- Tétano: é transmitido pelo contato com feridas abertas ou com arranhões e mordidas que atravessam a pele. A bactéria que a causa é a Clostridium tetani e afeta o sistema nervoso, podendo levar à morte.
- Tularemia: também conhecida como “febre do coelho”, é uma doença raramente transmitida aos humanos. É causada pela bactéria Francisella tularensis e produz diferentes sintomas dependendo da via de entrada, embora os mais comuns sejam dores na área afetada, aumento do baço e do fígado, tosse, faringite e lesões cutâneas.
- Febre Q: Coxiella burnetii é o agente que causa febre principalmente em coelhos selvagens. Além dessa hipertermia, em humanos pode causar fadiga, calafrios, dor de cabeça, desconforto abdominal, náuseas, vômitos ou diarreia.
Doenças virais
Não existem muitas doenças que os coelhos transmitem por meio de vírus. Talvez o mais comum nessa área seja o Arenavírus, que causa coriomeningite linfocítica. É transmitida através das fezes e, se produzir sintomas, estes consistem em febre, encefalite ou meningite. Se uma mulher grávida for infectada, pode causar malformações e até morte fetal.
Prevenção das doenças transmitidas por coelhos
É raro um coelho transmitir uma doença a humanos. Em geral, as que mais acometem esses mamíferos (como mixomatose ou doença viral hemorrágica) são exclusivas dessa espécie. No entanto, a prevenção nunca é demais para evitar problemas. Aqui estão algumas dicas:
- Mantenha a vacinação e a desparasitação dos coelhos em dia.
- Controle de fezes: as mudanças nas fezes dos coelhos fornecem muitas informações úteis. A forma, a quantidade, a cor ou a presença de cecótrofos são aspectos a serem observados ao determinar se o lagomorfo pode estar doente.
- Não espere para ir ao veterinário: os coelhos, como boas presas, escondem os sintomas de suas doenças até ficarem muito doentes. Na presença de qualquer sinal evidente, ligue imediatamente para a clínica de sua confiança.
- Verifique o pelo periodicamente: os coelhos têm uma pelagem muito grossa que dificulta ver sua pele. Para verificar se há fungos, parasitas e outras doenças de pele, examine seu animal com frequência.
- Mantenha seu ambiente limpo e desinfetado: a higiene diária é fundamental para evitar o acúmulo de patógenos. Isso é muito importante se espécies diferentes coexistirem no mesmo espaço.
- Cuide da sua higiene: uma vez que terá de manipular restos potencialmente infecciosos, lave sempre as mãos depois de tocar no coelho ou limpar a sua área.
Para concluir, você deve ter observado que só se fala de zoonoses entre coelhos e humanos e não de outras espécies. Falar sobre doenças transmissíveis entre diferentes animais é impossível em um único artigo. Portanto, antes de adquirir um coelho, consulte o seu veterinário sobre os perigos que podem existir para você e para os outros companheiros não humanos que você possa ter.
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