Os efeitos do comércio ilegal sobre as espécies animais
Infelizmente, os efeitos do comércio ilegal sobre as espécies animais é devastador. Por isso, estamos sempre à procura de novos caminhos para combatê-lo e deter aqueles que o praticam.
Você saberia dizer quais são os efeitos desse abuso sobre as espécies? E as suas repercussões para a fauna e a flora? A seguir, vamos nos aprofundar no comércio ilegal e na forma como ele é combatido, pois vamos mostrar um exemplo prático em forma de notícia.
Usando iscas para rastrear o comércio ilegal
Em outubro de 2020, surgiu uma notícia encorajadora para a luta contra o comércio ilegal. A história fala sobre como foi rastreada a venda proibida de ovos de tartaruga na Costa Rica, desde os ladrões até os consumidores.
É melhor começar desde o início: o uso de ovos de tartaruga verde falsos como isca. Para a criação dessas imitações tão realistas, chamadas de InvestEggators, foi utilizada uma impressora 3D.
Após a sua confecção, eles foram estrategicamente posicionados entre 101 ninhos de tartarugas, localizados em quatro praias diferentes. De todos eles, estima-se que um quarto dos ovos foi roubado.
O truque está no fato de que esses ovos incluíam um rastreador GPS que, em alguns casos, permitiu rastrear o trajeto percorrido. Isso aconteceu porque as iscas foram programadas para transmitir a sua posição exata a cada hora.
Porém, alguns falharam quando foram levados para áreas sem sinal e outros não enganaram os ladrões. Entretanto, em muitos casos, foi possível identificar a passagem do ladrão para o traficante e deste para o consumidor.
Como resultado, as forças da lei conseguiram rastrear os ovos, a fim de desmantelar as redes de comércio ilegal e endurecer as penalidades impostas aos criminosos. Mesmo assim, foi determinado que grande parte desses produtos de origem animal deve permanecer nas comunidades locais e, por isso, vão investir na conscientização.
Além disso, alguns dos ovos com GPS foram levados para o interior do país, enquanto outros viajaram para fora dele. Por outro lado, os especialistas verificaram que os embriões em incubação não sofreram nenhum dano com o uso das iscas.
Alguns detalhes sobre o comércio ilegal
Primeiramente, o comércio ilegal é “a venda de qualquer mercadoria proibida no país”. Também conhecido como mercado negro, envolve tanto a fauna quanto a flora do mundo todo.
A comercialização ilegal da fauna e flora é um negócio do qual existem registros desde o ano 10 000 a. C. Essa atividade econômica ilegal é imensamente lucrativa e fez com que numerosas espécies de animais e plantas fossem removidas do seu habitat.
Quais são os seus efeitos sobre as espécies?
São múltiplas as consequências do comércio ilegal, uma vez que não são apenas as espécies deslocadas que são afetadas, já que muitas delas são soltas na natureza quando os seus tutores não conseguem continuar cuidando delas.
Essa pode parecer uma boa notícia, mas isso não poderia estar mais longe da realidade: dessa forma, os seres vivos nativos da área podem se ver ameaçados por essas espécies invasoras. Os impactos causados por essas espécies foram observados em todos os ecossistemas do mundo:
- Predação: foi observado que guaxinins invasores se alimentam de diferentes animais e plantas, tais como lagostins, ovos de tartarugas, aves aquáticas ou frutas e grãos, entre outros.
- Competição: luta por recursos, como, por exemplo, entre o cágado-de-carapaça-estriada e a tartaruga-de-ouvido-vermelho.
- Hibridização: a hibridização genética, se ocorrer por muito tempo, envolve a perda de espécies a longo prazo.
- Mudanças nos ecossistemas.
- Influência negativa na flora: devido ao seu consumo, escavação, danos às plantas ou árvores, assim como outros danos. Um exemplo são os pássaros, como as caturritas e seus enormes ninhos, que quebram os galhos das árvores.
- Transmissão de doenças e/ou parasitas: o guaxinim, apesar da sua máscara graciosa, pode transmitir doenças como a raiva.
Quais são as técnicas usadas para combater o comércio ilegal?
Conforme foi visto, o uso dessa técnica por meio de iscas vem permitindo o avanço na erradicação do comércio ilegal. Apesar disso, os pesquisadores do mencionado estudo concluíram que são necessários vários passos para atingir o objetivo real:
- Conservação múltipla: aplicação de diversas técnicas de conservação, tanto in situ quanto ex situ.
- Conscientizar desde cedo: por exemplo, na Espanha, foi desenvolvido um “Código de Conduta” para evitar problemas futuros com a fauna invasora.
- Criação de novos empregos: dessa forma, as pessoas não vão se arriscar a roubar os ovos para revendê-los e obter uma renda extra.
- Aplicação e aprimoramento da lei: atualmente, as leis contra a caça furtiva de ovos de tartaruga são muito leves. É necessário um maior rigor legislativo.
- Educação sobre o papel das espécies invasoras: é preciso aumentar a conscientização não só para evitar o comércio ilegal. Também devemos proteger a flora e a fauna nativas de cada país.
Assim, como podemos ver, os efeitos do comércio ilegal são mais graves e complexos do que se pensava. As espécies comercializadas não só estão em perigo, como também podem prejudicar as espécies nativas da região.
Por isso, devemos combater esse tráfico ilegal da fauna e flora, começando a partir da conscientização e educação. Somente assim poderemos acabar com um negócio tão lucrativo quanto imoral.
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- Decoy turtle eggs put in nests to track illegal trade in Costa Rica. The Guardian. Recogido a 18 de Octubre de 2020 en: https://www.theguardian.com/environment/2020/oct/05/decoy-turtle-eggs-put-in-nests-to-track-trade-in-costa-rica
- Comercio internacional de fauna: causas, consecuencias y posibles soluciones. Tesis Doctoral, Universida de Málaga, España; 2019. Recogido a 18 de Octubre de 2020 en: https://riuma.uma.es/xmlui/bitstream/handle/10630/18762/TD_SOUVIRON_PRIEGO_Lucrecia_Beatriz.pdf?sequence=1&isAllowed=n
- Código de conducta para evitar el comercio de fauna exótica invasora. Colvema.org (participa el Ministerio de Agricultura, Alimentación y Medio Ambiente). Recogido a 18 de Octubre de 2020 en: https://www.colvema.org/pdf/CFaunaweb_final_15012015.pdf
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