Emergências obstétricas pós-parto comuns em gatas
Escrito e verificado por a veterinária Érica Terrón González
Uma vez terminado o período de gestação, parece que qualquer possibilidade de complicação desaparece, mas não é bem assim. Existem diversas emergências reprodutivas pós-parto em fêmeas domésticas, algumas mais frequentes do que outras.
Portanto, é fundamental que o tutor esteja muito atento a qualquer sinal de problema, principalmente porque isso pode colocar em risco não só a fêmea, como também a ninhada recém-nascida.
Diante da menor suspeita da presença de qualquer uma dessas patologias, o melhor a fazer é ir ao veterinário. Assim, poderemos confirmar o bom ou o mau estado do animal de estimação e dos gatos recém-nascidos, nesse caso.
Emergências obstétricas pós-parto comuns em gatas
A seguir, vamos mostrar as emergências obstétricas pós-parto mais comuns em gatas domésticas. Confira!
Metrite
Assim como o próprio nome sugere, trata-se de uma inflamação do útero, geralmente acompanhada de infecção bacteriana. As causas mais comuns geralmente são as seguintes:
- Trabalho de parto prolongado.
- Involução uterina incorreta após o parto.
- Retenção placentária/fetal.
- Intervenções obstétricas.
Sintomatologia
O mais comum é que a fêmea apresente uma secreção vulvar anormal, com pus e sangue. Na palpação abdominal, é possível perceber o útero dilatado e cheio de líquido. Além disso, a gata ficará apática e debilitada.
Tratamento
Primeiramente, é preciso estabilizar o animal por via intravenosa e com terapia antimicrobiana. Em segundo lugar, o conteúdo infeccioso terá que ser drenado do útero. Para isso, pode ser útil enxaguar o colo do útero com soro fisiológico. A drenagem também pode ser promovida por meio da administração de ocitocina, que estimula as contrações.
Mastite séptica
A mastite é uma infecção das mamas. Na maioria dos casos, é uma patologia leve. No entanto, a mastite séptica aguda pode ser muito grave.
Esta última está relacionada à entrada de bactérias (Escherichia coli, Staphylococcus spp. ou Streptococcus spp.) através do mamilo durante a amamentação. Essa invasão pode afetar uma ou várias glândulas, fazendo com que fiquem quentes, inchadas e doloridas. Pode ocorrer até mesmo descoloração da pele ao redor do mamilo.
Nos casos mais graves, pode haver gangrena nas mamas e até mesmo a formação de abscessos.
Tratamento
Caso seja necessária a aplicação de antibióticos orais, isso deve ser feito com moderação se a gata ainda estiver amamentando os filhotes. Por quê? Porque muitas dessas substâncias são excretadas no leite. Para os casos de mastite séptica grave, pode ser necessário separar a mãe dos filhotes e alimentá-los artificialmente.
A mastite séptica persistente eventualmente exigirá uma mastectomia ou remoção da mama.
Retenção placentária/fetal
Trata-se de uma patologia pouco comum em fêmeas domésticas, apesar da preocupação que gera nos tutores. O mais comum é que se trate de uma suspeita infundada, uma vez que as placentas não são expelidas imediatamente após cada feto.
Sintomatologia
A fêmea pode apresentar uma secreção vulvar verde e malcheirosa várias semanas após o parto. Além disso, seu estado geral estará deteriorado e pode impedir o restante dos filhotes de se alimentar.
Para confirmar o diagnóstico, será necessário recorrer a uma ultrassonografia ou endoscopia, pois os sintomas não são patognomônicos, ou seja, evidentes ou generalizados. De fato, a palpação abdominal, por exemplo, pode dar falsos positivos. Isso ocorre porque um útero pós-parto normal pode ter partes mais dilatadas que outras.
Tratamento
Os casos mais graves cursam com choque séptico e é preciso remover o material infectado. Por isso, a administração repetida de ocitocina é necessária para causar a expulsão da placenta retida. Isso resolve os sinais clínicos, embora seja necessário manter a terapia antimicrobiana.
O problema é que se a retenção estiver muito avançada, a ação da ocitocina no útero será muito menor e, portanto, seu efeito clínico será mínimo. Nesses casos, o uso de prostaglandinas deve ser considerado. Em última instância, será necessário recorrer à histerectomia, ou seja, a retirada total do útero.
Prolapso uterino
O prolapso de um ou de ambos os cornos uterinos também é raro em fêmeas domésticas. Apesar disso, pode acontecer após um parto ou um aborto, em fêmeas de todas as idades. A etiologia é incerta, mas está relacionada a:
- Musculatura pélvica danificada.
- Atonia uterina (falta de força nos músculos do útero).
- Traumatismos uterinos.
- Um parto distócico, ou seja, anormalmente difícil ou trabalhoso.
Sintomatologia
Se o histórico médico da gata incluir um parto ou um aborto recente, é possível suspeitar da causa. Além disso, o prolapso geralmente é evidente através da abertura vaginal, e a gata frequentemente continua a ter contrações abdominais. A consequência mais grave é útero prolapsado sofrer traumatismos ou até mesmo mutilações por parte da própria fêmea.
Tratamento
Mais uma vez, será necessário restaurar o estado normal da gata através da administração de soro. Posteriormente, uma cirurgia deverá ser realizada para reintroduzir o útero prolapsado. Se os vasos uterinos estiverem gravemente comprometidos, será necessário recorrer a uma ovariohisterectomia (remoção cirúrgica dos ovários e do útero).
Emergências obstétricas pós-parto comuns em gatas: conclusão
Assim, como podemos ver, as emergências obstétricas em gatas gestantes, embora não sejam comuns, podem ocorrer no âmbito doméstico. Aprender a identificá-las é fundamental para agir com rapidez e planejar uma consulta com o veterinário.
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- King L, Boag A. BSAVA manual of canine and feline emergency and critical care. 2nd ed.
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