Errar é humano e perdoar é canino
Parafraseando o ditado de errar é humano e perdoar é divino, popularizou-se entre aqueles que amam os seus animais de estimação dizer que perdoar é canino.
Basta ver dois cães que têm uma briga no meio de uma brincadeira – e como em poucos segundos a agressão desaparece e ele passam a se divertir juntos outra vez – dá para se compreender o pouco espaço que ocupa o rancor em suas vidas.
Nós, seres rancorosos, aspiramos ser perdoados por eles. Além disso, quase sempre o obtemos.
Perdão animal
O perdão, além de ser parte da natureza humana, também o é da de outros animais. Essas atitudes puderam ser observadas também em outras espécies, por exemplo:
- Macacos;
- Cabras;
- Ovelhas;
- Golfinhos.
É óbvio, como ser social que é, a reconciliação e o perdão é inerente ao cão.
Os animais sociais procuram a reconciliação
Assim é que os homens e outros animais sociais, como nossos amigos peludos, se não repararmos as nossas relações com os seres próximos e queridos, perderemos as vantagens da cooperação. Em resumo, os animais sociais – entre eles o humano e o cão- reconciliam-se porque se necessitam mutuamente.
O cientista Frans Do Waal, que passou mais de 30 anos estudando os comportamentos dos primatas, explica que o perdão, muitas vezes considerado como algo exclusivo dos homens, também poderia ser uma tendência natural entre os animais cooperativos.
Assim assinala que, na medida em que os dados da vida social são guardados a longo prazo na memória – na maior parte dos animais e dos humanos – existe uma necessidade de superar o passado em benefício do futuro.
Seguindo este raciocínio, a tendência à reconciliação seria um cálculo de personalidade política ou social que varia de acordo a espécie, o gênero e o tipo de sociedade.
Perdoar é canino
Estamos acostumados a observar como, muitas vezes, cães que foram maltratados por humanos, voltam a confiar em outras pessoas que lhes oferecem carinho e proteção.
Sem esses exemplos extremos, podemos assinalar que, cotidianamente, e inclusive sem nos darmos conta, podemos ter atitudes arbitrárias com os nossos animais de estimação, que são passadas por cima ou rapidamente esquecidas por eles.
Mais à frente do tema de que a memória dos cães funciona de maneira distinta à nossa, ou de que utilizam sinais de calma, e longe de qualquer afirmação científica a respeito, tudo pareceria indicar que os peludos tratam de entender nossas atitudes e nos desculpam por elas.
“A reconciliação não apenas existe, mas também está muito presente nos animais sociais. Até o perdão, às vezes considerado exclusivo da espécie humana, poderia ser uma tendência natural entre os animais cooperativos. ”
-Frans Do Waal-
Como funciona a memória dos cães
É que, se observarmos suas atitudes cotidianas, o cão parece não ter memória para guardar rancor.
Mas, como funcionam os diferentes tipos de memória dos peludos? Vejamos:
- A associativa. É a que lhes permite aprender diferentes comandos utilizados para seu treinamento.
- A mecânica. Através dela, sabem quais movimentos realizar para solucionar uma situação. Por exemplo, para resolver jogos de raciocínio elaborados nos quais devem superar diversos obstáculos para conseguirem uma recompensa.
- A afetiva. É a que relaciona seus estados de ânimo com situações concretas. Pode se manifestar quando os animais vomitam ou babam ou quando estão em um veículo. Em resumo, trata-se de um sentimento, com uma carga emocional especial, que se manifesta a cada vez que se dá uma situação que, previamente, tenha se adquirido um significado positivo ou negativo para o cão.
Memória e perdão
Também, nossos amigos caninos, além de terem muito bem desenvolvido o sentido do olfato, possuem uma grande memória olfativa. Embora não se lembrem dos aromas por vontade própria, quando entram em contato com um aroma o qual já foram expostos no passado, eles se lembram imediatamente.
Entretanto, carecem de memória temporal. Não têm a capacidade de recordar um momento exato ou uma data. Mas de qualquer forma, graças a sua memória episódica, podem associar uma pessoa com boas ou más lembranças, ainda que os cães careçam da possibilidade de se lembrarem em que momento ocorreu esse fato.
Possivelmente por este mecanismo, também possam escolher perdoar.
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