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Fenda palatina em cães: causas e tratamento

7 minutos
Nos cães, o momento de maior risco na formação do palato é durante o desenvolvimento embrionário, entre 25 e 28 dias de gestação.
Fenda palatina em cães: causas e tratamento
Cesar Paul Gonzalez Gonzalez

Escrito e verificado por o biólogo Cesar Paul Gonzalez Gonzalez

Última atualização: 22 dezembro, 2022

Como qualquer ser vivo, os cães podem sofrer de doenças congênitas ou hereditárias. Isso significa que existem doenças que são transmitidas de pais para filhos, causando sintomas que afetam seriamente a qualidade de vida do animal. Dentre todas essas patologias, a fenda palatina em cães se destaca como uma malformação física que, em filhotes, pode ser letal.

Em princípio, esse erro na formação da cavidade oronasal não representa um perigo em si. O problema está nas dificuldades que o cão encontra para se alimentar ao manifestar os sinais clínicos dessa condição hereditária. Descubra junto com a gente quais são as características da doença, seus sintomas e os tratamentos disponíveis.

Problemas na região oronasal dos cães

As patologias hereditárias mais comuns em cães são aquelas que afetam a cavidade oral e seus anexos. Dentre todas elas, o lábio leporino e a fenda palatina são as mais comuns, além de estarem relacionadas entre si por terem a mesma origem durante a gestação. Em geral, o problema se manifesta entre a quarta e a décima segunda semana de gestação do embrião.

Essas anomalias estão presentes em qualquer raça, tanto em cães quanto em gatos. No entanto, afetam em maior medida raças que têm um crânio diferente do resto, também chamadas de raças braquicefálicas. Isso porque a modificação do rosto, da boca, do nariz e dos dutos aumenta a suscetibilidade a esses tipos de doenças congênitas.

Acredita-se que, além de seu componente genético, esses tipos de doenças também sejam causados por fatores ambientais e nutricionais. Por exemplo, deficiências de minerais e vitamina A na dieta materna podem afetar o desenvolvimento e a conformação das estruturas do palato nos filhotes.

O grau dessas patologias varia muito entre os pacientes. Dependendo de sua gravidade, os filhotes podem ter que enfrentar problemas mínimos ou graves em sua qualidade de vida. Infelizmente, a maioria dos afetados morre ou é sacrificada pelos criadores.

A fenda palatina e outras condições causam problemas na sucção de alimento por parte do filhote. Portanto, a taxa de sobrevivência é muito baixa.

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O que é a fenda palatina em cães?

O palato é a estrutura que divide a cavidade nasal e oral. Por cobrir uma grande parte da boca, distinguem-se pelo menos 2 seções:

  • Palato primário: constituído por lábio e pré-maxilar (a ponta da mandíbula).
  • Palato secundário: estrutura que engloba o palato duro e o palato mole.

Visto de outra forma, o palato primário está restrito à entrada da boca, enquanto o palato secundário constitui a parte interna superior da cavidade oral. Se ordenarmos essas estruturas de fora para dentro, a conformação é a seguinte: lábio, pré-maxilar, palato duro e palato mole.

Em relação às últimas seções, é importante destacar que o palato duro é constituído por ossos e tecido mucoso, enquanto o palato mole é apenas a continuação da estrutura, mas sem o osso. É por isso que é feita a distinção entre palato duro (com osso) e palato mole (sem osso).

Quando falamos sobre problemas na cavidade oral, temos que distinguir a região que é afetada. Por esse motivo, as malformações congênitas no palato são classificadas como fenda palatina primária ou secundária. A seguir, vamos apresentar as peculiaridades de cada quadro.

Fenda palatina primária ou lábio leporino

O lábio leporino ocorre devido à falha de união das membranas faciais, resultando em uma fusão incompleta do lábio superior. Isso causa uma divisão no lábio, seja unilateral ou bilateral, que deixa uma abertura e expõe parte do pré-maxilar. Além disso, dependendo do caso, a malformação também pode afetar o nariz.

As consequências dessa patologia são leves na maioria dos casos. Quase não causa infecções orais ou alterações dentais, embora às vezes esses problemas possam estar presentes. Os casos mais graves são produto da soma do lábio leporino à palatosquise ou fenda palatina.

Fenda palatina secundária ou palatosquise

A presença de uma abertura no meio do palato é chamada de fenda palatina secundária ou palatosquise. Essa condição é resultado de um erro durante o desenvolvimento embrionário, que impede a união das placas palatinas. Em outras palavras, é um “buraco” na parte superior da boca, que pode afetar o palato duro, o palato mole ou ambos.

Sintomas de palatosquise em cães

Os sintomas da fenda palatina em cães se concentram nas dificuldades respiratórias e nos problemas para se alimentar. Isso é uma consequência direta da comunicação adicional que existe entre a boca e o nariz, devido à fenda existente. A malformação impossibilita a sucção e causa vazamento de fluido para a cavidade nasal.

Em geral, é recomendável consultar um veterinário ao detectar qualquer um dos seguintes sinais clínicos:

  • Secreção nasal: coriza devido ao excesso de líquido no nariz.
  • Dificuldades para mamar: problemas para se alimentar com leite materno.
  • Regurgitação nasal de líquidos ou alimentos: vazamento de alimentos ou líquidos ingeridos para a cavidade nasal.
  • Atraso no crescimento: causado por dificuldades ao se alimentar.
  • Pneumonia por aspiração: esse tipo de pneumonia é causada pelo vazamento de líquidos ou alimentos para as vias respiratórias. A presença de corpos estranhos no trato respiratório causa infecção nos pulmões.

A presença desses sintomas não garante que o diagnóstico seja fenda palatina. Porém, podem nos alertar para consultar um veterinário e poder descartar outras doenças. Afinal, apenas o profissional veterinário está habilitado a realizar o exame físico da cavidade oral, confirmando ou descartando o diagnóstico.

Consequências da fenda palatina em cães

As consequências dessa patologia podem afetar seriamente a qualidade de vida do cão. Isso é consequência da dificuldade de ingestão de alimentos, uma vez que os animais perdem peso e apresentam atrasos no crescimento. Além disso, ocorrem nesses pacientes infecções recorrentes do trato respiratório superior, devido ao vazamento de alimentos e líquidos para a região nasal.

É preciso estar atento aos sintomas, pois no melhor dos casos o cão sofrerá algum déficit nutricional. No entanto, na maioria dos quadros, os pacientes morrem ainda filhotes, pois é impossível para eles se alimentarem.

Causas da doença

Essa doença tem origem hereditária, pois seus sinais clínicos são transmitidos de pais para filhos. No entanto, também foi encontrada uma relação com fatores ambientais, que podem incluir desde a exposição da mãe a raios-X até problemas nutricionais durante o desenvolvimento.

Para que qualquer um desses fatores cause o lábio leporino, deve ocorrer entre a quarta e a sétima semana de gestação. Já para a fenda palatina, o gatilho deve aparecer entre a sétima e a décima segunda semanas.

Tratamento da fenda palatina em cães

O principal tratamento consiste na operação cirúrgica, cujo objetivo é reconstruir o assoalho nasal (palato). Por meio desse procedimento, o médico veterinário fecha a fenda e corrige a deformidade, tanto do palato mole quanto do palato duro. Após a intervenção, o tempo de cicatrização e recuperação costuma variar em torno de um mês.

Como essa condição pode ser letal em filhotes, é recomendado que o paciente tenha no mínimo 8 a 12 semanas de idade para a realização da cirurgia. Caso o animal não consiga se alimentar de forma eficiente, será necessário o uso de um tubo de gastrostomia ou prótese para o palato, a fim de manter seu estado nutricional e evitar atrasos de crescimento.

O prognóstico da cirurgia geralmente é bom, desde que o palato cicatrize adequadamente. Caso contrário, novas cirurgias podem ser necessárias, o que prolonga o tempo de recuperação. Depois disso, também é recomendável realizar a castração. Por ser uma condição hereditária, evita que a doença prevaleça nas gerações futuras.

O prognóstico da fenda palatina em cães depende da abordagem usada para seu tratamento.

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Lembre-se de consultar o veterinário caso tenha alguma dúvida que possa surgir, pois somente um profissional pode lhe fornecer informações adequadas sobre o caso do seu cão em particular. Tome os cuidados necessários e preste atenção ao seu animal, e diante de qualquer sinal de alerta, procure um profissional. Dê ao seu cão a atenção que ele merece.


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