Gerald Durrell: devoção à natureza
Escrito e verificado por o biólogo Samuel Sanchez
Apesar de termos o costume de associar cientistas e pesquisadores a uma linguagem técnica e difícil de entender, nem todos são assim. Gerald Durrell é um exemplo dessa exceção.
As ciências biológicas são geralmente entendidas como fontes de conhecimento estagnadas que apenas alguns especialistas podem interpretar. No entanto, como já comentamos, existem várias figuras que conseguiram atravessar essa barreira, atingindo a paixão de milhares de leitores fora do mundo natural.
Existem cada vez mais cientistas que se esforçam para levar seu trabalho além do seu círculo, para que as pessoas possam se informar e aprender mais sobre a natureza.
Abaixo, vamos falar mais sobre um deles, Gerald Durrell, um escritor que ajudou a estabelecer as bases para a divulgação científica em todo o mundo.
Da infância à escrita da trilogia de Corfu
Gerald Durrell nasceu na Índia em 1924, mas sua família logo se mudou para Corfu, uma ilha grega. Devido ao clima mediterrâneo e à geografia acidentada, esse lugar foi perfeito para Gerald entrar em contato com a natureza desde a infância.
A partir da sua chegada na ilha, nasceu sua vocação como cientista, divulgador e escritor. Com o tempo, ele não apenas adquiriu conhecimento, mas também deixou sua imaginação correr solta. Isso se materializou nos seus três primeiros livros autobiográficos, a Trilogia de Corfu.
Segundo o próprio autor, a trilogia gira em torno da “sua família e outros animais, bichos e outros parentes e o jardim dos deuses”. São romances fáceis de ler e também são considerados um clássico da ecologia popular.
Em cada um desses romances, Gerald relata sua infância em todos os detalhes, desde a família heterogênea que o cercava, até as descobertas e incursões naturais que fez quando criança.
Devemos entender que essas memórias datam da década de 1940, de modo que a concepção da natureza era muito diferente do que é atualmente. O jovem Gerald captura muitos espécimes com um de seus professores e passa horas observando e os estudando da maneira mais rudimentar possível.
Esses livros exalam humor e jovialidade, mas acima de tudo um fascínio pelo mundo selvagem. Entre suas páginas, poderemos relembrar as experiências que nos moldaram como verdadeiros fãs do mundo animal. Quem não se lembra de se surpreender ao ver pela primeira vez uma aranha tecer sua teia?
Expedições e aventuras de Gerald Durrell
Depois de trabalhar em um zoológico por vários anos na Inglaterra, Gerald deixou sua casa em 1946 e desenvolveu suas próprias expedições em busca de animais desconhecidos. Os espécimes foram capturados e vendidos aos mais prestigiados jardins zoológicos.
Novamente, temos que lembrar o período dessas aventuras. Naquela época, a única forma de suprimento para a educação zoológica eram os espécimes capturados, e a criação em cativeiro só chegaria muito mais tarde. Além disso, Gerald seguiu critérios muito rígidos:
- Ele sempre mantinha e alimentava seus animais com as melhores opções disponíveis.
- Nunca pegou mais do que poderia ser carregado em boas condições.
- Não capturou espécimes pelo preço de mercado, mas pelo valor científico.
Sua principal motivação não foi o benefício monetário, mas a educação ambiental através de zoológicos e a busca para iniciar planos de criação em cativeiro. Portanto, o custo de suas expedições acabou o levando à falência.
“The Drunken Forest” é uma das obras mais reconhecidas do autor, na qual ele narra muitas das aventuras vividas durante suas expedições de maneira bem-humorada.
Jardim zoológico de Jersey
Gerald se lançou no mundo da escrita após suas incursões, o que lhe proporcionou fama como naturalista e lhe devolveu uma boa condição financeira.
Assim, com as suas economias, ele conseguiu fundar o zoológico de Jersey em 1958, um estandarte para a criação em cativeiro.
O zoológico estava crescendo em popularidade e, com ele, a organização de preservação fundada pelo próprio Gerald, a Jersey Wildlife Preservation Trust (agora conhecida como Durrell Wildlife Conservation Trust)
Durante a década de 1970, a organização se tornou uma entidade pioneira na preservação de espécies, e Gerald se tornou reconhecido como uma figura importante na conservação e no respeito aos animais. Seus fundamentos na gestão zoológica estabeleceram o pensamento atual e são encontrados no livro “The Stationary Ark”:
- O objetivo principal de um zoológico deve ser a preservação de espécies ameaçadas que precisam de criação em cativeiro para sobreviver.
- Um animal só deve estar em um zoológico como último recurso, quando todos os esforços para salvá-lo em seu ambiente natural tiverem falhado.
- Os zoológicos não devem ser gerenciados apenas para fins de entretenimento, e as espécies não ameaçadas devem ser reintroduzidas em seu habitat natural.
Gerald Durrell: pioneiro e escritor
Em resumo, Gerald Durrell foi uma figura essencial para a disseminação e conservação de espécies mundialmente. Seus livros abordam uma enorme variedade de tópicos, pois ele escreveu mais de 20 romances autobiográficos.
O famoso ator Henry Cavill (Superman , The Witcher) foi um dos embaixadores da organização Durrell e conseguiu expressar seu apoio ao projeto de conservação de várias maneiras, inclusive com a hashtag #doitfordurrell.
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