Hidatidose: uma doença parasitária que tende a ressurgir
Escrito e verificado por a veterinária Érica Terrón González
A hidatidose é uma doença de origem parasitária causada por vermes planos conhecidos como cestoides. É uma patologia que afeta inúmeras espécies de mamíferos, incluindo o homem.
Essa patologia tem caráter zoonótico derivado da estreita relação entre os hospedeiros naturais (grande parte dos animais domésticos) e os humanos. Portanto, para evitar que se torne um problema de saúde pública, é necessário controlar a sua incidência em animais.
Visão geral da hidatidose e do seu efeito nos animais
O agente causador dessa doença é um parasita do gênero Echinococcus, um parente próximo das talvez mais conhecidas tênias. A espécie mais importante em medicina veterinária é o Echinococcus granulosus, que se mantém na natureza graças ao ciclo de transmissão cachorro-ovelha.
Essa espécie parasitária também é muito importante na medicina humana, pois causa a maioria dos casos de hidatidose em pessoas.
Ciclo biológico
Assim como quase todos os parasitas complexos, os equinococos possuem um ciclo de vida indireto. Isso significa que eles precisam de mais de um hospedeiro para poder completar todas as suas fases de vida e fechar o ciclo. Os parasitas têm como hospedeiros definitivos alguns carnívoros na fase adulta e uma grande variedade de herbívoros e onívoros durante a fase larval.
Os vermes adultos vivem no intestino delgado do carnívoro em questão. Quando se reproduzem, liberam seus ovos no ambiente juntamente com as fezes do animal hospedeiro. Esses ovos contaminam todos os tipos de superfícies e pastagens e podem sobreviver por até um ano em ambientes frios e úmidos.
Esses ovos são posteriormente ingeridos por hospedeiros intermediários que consomem água, pastagens ou outros alimentos contaminados. Os ovos do parasita eclodem ao chegar ao seu estômago e as larvas atravessam as paredes do intestino.
É assim que as larvas chegam à corrente sanguínea, que as transporta para os diversos órgãos-alvo. É nesses órgãos que se formam os chamados cistos hidáticos, responsáveis pelos sintomas mais graves no hospedeiro.
O que é um cisto hidático?
Trata-se de uma forma intermediária entre a larva e o adulto de alguns parasitas, na qual as larvas se escondem durante um tempo, antes de se tornarem sexualmente maduras. Ou seja, nesses cistos, os futuros parasitas estão sendo formados, de alguma forma. Essa fase de cisto hidático causa a chamada hidatidose cística.
O ciclo biológico terminará quando um hospedeiro carnívoro definitivo ingerir um cisto, fato que permite a liberação das larvas no seu intestino. Lá, elas darão origem aos novos adultos que, em poucos dias, poderão liberar uma nova geração de ovos no ambiente.
Sintomas da hidatidose
Em hospedeiros intermediários, os sintomas são decorrentes do crescimento dos cistos, que deslocam os tecidos normais e causam atrofia por pressão. É aqui que surge a verdadeira doença da hidatidose.
Os sintomas geralmente dependem do número, do tamanho e do tipo de órgão em que os cistos se desenvolvem. Quando o E. granulosus, por exemplo, está localizado no cérebro, nos rins, nos ossos ou nos testículos, há sinais clínicos mais graves.
As ovelhas são uma das espécies domésticas mais afetadas pela fase larval do verme em questão. Os sintomas que apresentam geralmente incluem atraso no crescimento e uma diminuição acentuada na produção de leite e lã. Ainda assim, como os cistos crescem lentamente, são muito poucos os animais infectados que morrem por causa da doença.
Em cães e outros hospedeiros definitivos, os parasitas adultos geralmente causam poucos sintomas. No máximo, um leve desconforto digestivo.
A hidatidose como zoonose
A hidatidose é uma zoonose grave. As taxas de cistos hidáticos em humanos são bastante altas no mundo todo, especialmente em populações rurais de países em desenvolvimento. Além disso, pessoas que trabalham com animais, veterinários e tutores de cães correm o risco de contrair a infecção.
Como os ovos do verme contaminam o meio ambiente, eles podem infestar todos os tipos de alimentos vegetais ou a água potável. Da mesma forma, também podem aderir ao pelo de um animal doméstico e, assim, chegar às casas dos seus tutores.
Os sintomas da hidatidose em humanos são importantes quando os parasitas se alojam no fígado, nos pulmões, nos ossos ou até mesmo no cérebro.
Quando os cistos formados dentro do indivíduo se rompem, muitas larvas são liberadas repentinamente no organismo. Isso gera uma resposta exagerada do sistema imunológico e pode levar à morte do paciente por choque anafilático.
Controle e prevenção
A melhor medida de controle da hidatidose é interromper o ciclo biológico do parasita. No caso do E. granulosus, as seguintes medidas devem ser tomadas para isso:
- Impedir que os cães se aproximem de carcaças e vísceras de animais de criação em fazendas, casas, matadouros e açougues.
- Administrar um vermífugo adequado aos cães para eliminar os vermes adultos.
- Detectar cistos em animais durante inspeções sanitárias.
- Vacinar as espécies domésticas mais suscetíveis – por exemplo, as ovelhas – para prevenir o desenvolvimento das larvas.
Em relação à fauna silvestre transmissora, não é fácil controlar o ciclo do equinococo, mas os animais silvestres podem ser impedidos de acessar resíduos que possam estar contaminados, fato que está ligado à prevenção nos próprios ambientes pecuários. Todas essas medidas previnem a hidatidose em humanos.
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