O horror das selfies com gibões
Escrito e verificado por o veterinário Eugenio Fernández Suárez
Os primatas da China e de outras partes da Ásia estão ameaçados, entre outras coisas, pelo turismo: as selfies com gibões representam uma enorme ameaça para esses macacos tão desconhecidos, que se tornaram a nova sensação das redes sociais.
O horror das selfies com gibões
Os gibões são primatas muito especiais: os seus braços longos e o seu canto caracterizam esse grupo de macacos, a maioria deles ameaçados. Ao desmatamento do sudeste asiático, resultado do conflito do óleo de palma, soma-se o uso desses primatas para selfies.
Uma das ONGs que mais trabalha contra as selfies com gibões é o Gibbon Rehabilitation Project, um centro localizado na Tailândia que conseguiu reabilitar dezenas desses primatas e devolvê-los à natureza nos últimos 26 anos.
De fato, na Tailândia, as selfies com animais são uma indústria muito importante, e espécies como o lóris lento e os gibões são vítimas dela. Essa atividade costuma usar filhotes, e ao falarmos em espécies ameaçadas, geralmente nos referimos a animais capturados em seu habitat e não aos criados em cativeiro.
O gibão de mãos brancas, a espécie mais afetada
Embora existam, sem dúvida, várias espécies afetadas pela indústria do turismo, uma das principais é o gibão de mãos brancas (Hylobates lar), uma espécie considerada ameaçada de extinção, com pelo marrom claro, embora possua pelo branco ao redor do rosto e das mãos, daí o seu nome.
Assim como outros hilobatídeos, esses primatas vivem em grupos familiares que defendem os seus territórios através de vocalizações e que são compostos por um macho e uma fêmea com os seus filhotes, que são cuidados durante muito tempo: considera-se que os gibões de mãos brancas se tornam sexualmente maduros aos oito anos de idade, e são amamentados durante quase dois anos.
Isso significa que eles são animais com uma infância muito prolongada e que, portanto, separá-los de suas mães é uma crueldade. Como são primatas arborícolas, é difícil capturá-los no chão, então os caçadores atiram nas fêmeas adultas com filhotes.
Com sorte, quando a mãe cai, o bebê consegue sobreviver e ser capturado, embora às vezes ele também venha a falecer.
Phuket, um refúgio de paz para a espécie
Phuket é uma ilha da Tailândia e cerca de 70% de seu território é de floresta, embora existam várias praias com uma certa fama turística, como é o caso da praia de Patong, por exemplo.
Embora os gibões tenham desaparecido da ilha nos anos 80 por causa da caça furtiva, o Gibbon Rehabilitation Project está fazendo com que as vítimas das selfies com gibões e da captura ilegal repovoem a ilha.
Desde 1992, mais de três dezenas de exemplares foram reintroduzidos, e existem até mesmo vários gibões que já nasceram na natureza. Este trabalho não foi fácil, uma vez que a ONG admite que durante os seus primeiros 10 anos de vida as reintroduções foram malsucedidas.
Atualmente, os gibões são soltos em Khao Phra Thaew, uma zona livre de caça onde está sendo realizado um trabalho educacional e de proteção do habitat para garantir a permanência dos macacos.
A ONG avalia se os animais são aptos para a reintrodução, pois muitos chegam com comportamentos estereotipados que impedem que isso aconteça: em 2012, 19 dos 54 gibões resgatados não foram considerados aptos por esse motivo.
O processo realizado com esses animais consiste em formar casais estáveis em gaiolas perto da floresta e, uma vez que os animais tenham um filhote e sejam capazes de cuidar dele, eles são soltos na natureza. Os animais são ajudados por meio de alimentos, mas isso é gradualmente reduzido a ponto de todos os alimentos que eles consomem virem da natureza.
Assim, foi possível fazer com que animais como Cop, uma fêmea usada para selfies com gibões na praia de Patong em 2004, quando tinha apenas dois anos de idade, fosse solta em 2012 ao lado de um macho (Jorn) e de seu filhote (Sherpa). Eles vivem tranquilamente nas florestas da Tailândia, longe da indústria do turismo.
Este texto é fornecido apenas para fins informativos e não substitui a consulta com um profissional. Em caso de dúvida, consulte o seu especialista.