É possível identificar um cão pelas fezes?

Graças ao avanço da tecnologia, os cientistas conseguiram desenvolver um sistema que, por meio da análise de marcadores genéticos, permite identificar a origem das fezes caninas.
É possível identificar um cão pelas fezes?
Francisco María García

Escrito e verificado por o advogado Francisco María García.

Última atualização: 27 dezembro, 2022

Atualmente, existe um sistema que permite identificar um cão pelas suas fezes através de análises genéticas. Cada vez mais municípios espalhados pelo mundo estão decidindo aplicá-lo no combate à poluição gerada pelo abandono de fezes caninas em espaços públicos.

A seguir, explicaremos como é possível identificar o DNA de um cão a partir de suas fezes. Também falaremos sobre os debates gerados pelo uso desse método para punir os donos.

É possível identificar um cão pelas fezes?

De forma simples, o cocô de um cachorro carrega alguns traços de suas informações genéticas. A partir de uma amostra de fezes, é possível isolar os marcadores em questão em laboratório.

Com essas informações, e depois de compará-las com uma amostra de DNA, é possível confirmar que o cocô ‘pertence’ a um determinado cão.

Além de reconhecer o “dono” do cocô, esse tipo de análise também tornou possível reconhecer a origem de inúmeras bactérias encontradas nas águas subterrâneas. Dessa forma, foi possível confirmar a presença de resíduos orgânicos das fezes caninas nos aquíferos subterrâneos.

Além de atrair insetos que podem transmitir doenças, as fezes se dissolvem com a ajuda da chuva e permitem que vários patógenos penetrem no subsolo. Após essa constatação, muitos municípios decidiram fortalecer o combate ao abandono das fezes caninas.

Dono recolhendo fezes do seu cão

Análise de DNA para identificar donos que não recolhem as fezes de seus cães

Remover o cocô do cachorro em espaços públicos é uma das obrigações dos donos, mas ainda não existe uma lei que estabeleça as sanções aplicáveis ​​ao abandono das fezes caninas.

Cada município pode tomar suas próprias decisões a esse respeito e definir o valor mais adequado para multas.

Existem vários municípios que decidiram implementar o sistema de análise genética para identificar um cão pelas suas fezes e, assim, punir seus donos no caso de não recolhê-las. A ideia é reforçar o combate ao abandono de fezes e a consequente poluição ambiental.

Basicamente, trata-se de recolher uma amostra de fezes abandonadas e então analisar os marcadores genéticos para identificar sua origem. Depois de reconhecer o cão que fez os dejetos, o dono seria penalizado por não removê-los.

Para que esse método seja viável, é necessário criar um banco com amostras genéticas dos cães registrados em cada município. Somente comparando os traços de material genético das fezes com as amostras a identidade do cão pode ser confirmada.

Consequentemente, os donos são obrigados a levar seus cães para fazer uma coleta de sangue, a partir da qual seu perfil genético será obtido. Posteriormente, cada dono recebe uma placa de identificação que permite vincular o cão às fezes, e também ajuda a reconhecê-lo em caso de perda.

Cachorro fazendo cocô

Polêmicas sobre a eficácia e viabilidade da análise genética

Como esperado, a decisão de usar a genética para multar os donos tem gerado muita controvérsia desde a sua introdução em 2014. Desde então, mais de 40.000 donos foram multados por abandonar o cocô de seus cães.

Por um lado, a pesquisa de DNA para identificar um cão por suas fezes é muito cara. Além dos gastos com a própria análise, o município deve arcar com os custos relacionados às amostras de sangue e ao rastreamento do perfil genético de todos os cães registrados em seu território.

Conforme apontado pelo Colégio de Veterinários de Alicante (Icoval), trata-se de um investimento muito alto em um método com pouca eficácia comprovada. Principalmente porque o sistema levanta muitas dúvidas jurídicas sobre a custódia das amostras coletadas.

Para aumentar sua confiabilidade, seria necessário que a coleta, o transporte e o processamento das amostras fossem acompanhados por um funcionário com a competência necessária para garantir a legalidade do procedimento.

Isso implicaria um investimento ainda maior, o que se refletiria na necessidade de impor penalidades mais altas.

Além disso, de acordo com o Icoval, este sistema também não oferece vantagens para localizar animais perdidos ou roubados.

Como enfatizam, os microchips permitem identificar o cão imediatamente, depois de ler seu código, enquanto a comparação de amostras genéticas levaria pelo menos dois dias para retornar resultados confiáveis.


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