A origem da tartaruga
Escrito e verificado por o advogado Francisco María García
As tartarugas são um dos répteis mais interessantes e que ganharam muita popularidade como animais de estimação. Apesar de seu comportamento, que sugere muita calma e uma certa monotonia, na verdade, a história e a origem da tartaruga nos parecerão extraordinárias se nos propusermos a conhecê-las.
A seguir, vamos analisar as incríveis mudanças pelas quais as tartarugas passaram ao longo dos séculos em que estão no nosso planeta.
A origem dos primeiros répteis do nosso planeta
Os répteis compreendem algumas das espécies mais antigas que conseguiram sobreviver no planeta Terra. Entre elas, existe um tipo muito peculiar de tartaruga nativa do continente americano, conhecida popularmente como ‘tartaruga-aligátor’.
Os chamados ‘primeiros répteis’ surgiram no início do período Carbonífero, há cerca de 300 milhões de anos. De acordo com a maioria dos zoólogos, essa antiga família de animais chamada de Captorhinomorfos é a ancestral de todos os répteis que conhecemos atualmente.
Os captorhinomorfos tinham um corpo semelhante aos atuais lagartos de pequeno porte. Além disso, também apresentavam mudanças significativas em relação aos anfíbios labirintodontes a partir dos quais evoluíram, principalmente nas proporções e características do crânio.
O crânio desses ‘primeiros répteis’ mostrava um revestimento ósseo completo na região das maçãs do rosto. Por esse motivo, são considerados animais anápsidos.
A origem da tartaruga: a evolução a partir dos anápsidos
A evolução das tartarugas é um caso muito particular, mesmo no contexto da história evolutiva dos répteis. Sua evolução a partir dos anápsidos registra mudanças únicas que não foram observadas no processo evolutivo de outras espécies de répteis.
Por causa dessas mudanças, as tartarugas têm um aspecto muito peculiar, já que não são parecidas com nenhum outro animal vivo na superfície da Terra.
Uma das grandes curiosidades sobre a história da tartaruga é que, ao contrário do que geralmente se pensa, ela originalmente era um animal terrestre. A história evolutiva dos répteis sugere que foram necessários cerca de 100 milhões de anos para que alguns testudíneos evoluíssem de tal forma que se adaptassem ao meio aquático.
O primeiro espécime
De fato, o primeiro animal diretamente relacionado às tartarugas atuais é o Eunotossauro. Trata-se de um réptil já extinto que foi o primeiro a desenvolver o alargamento das costelas, essencial para o processo de respiração e ventilação do corpo do animal.
Na prática, somente após o nascimento dos Pappochelys é que foi possível observar uma estrutura semelhante ao plastrão das tartarugas atuais. Essa estrutura primitiva era chamada de gastrália e sua principal função era proteger os órgãos vitais do indivíduo.
Por todas essas razões, a evolução das tartarugas incluiu um processo de dupla adaptação. Assim como todos os répteis, elas surgiram a partir dos anfíbios, para então passar por novas mudanças morfológicas e comportamentais a fim de voltar à vida debaixo d’água.
Os primeiros testudíneos a habitar o nosso planeta
O primeiro representante dos testudíneos de cuja existência temos conhecimento é chamado de Odontochelys. Essa espécie surgiu no sul da Ásia durante o período Triássico, há cerca de 220 milhões de anos. Era um animal aquático cujo plastrão – parte inferior do casco – já estava bem formado e suas costas ainda tinham traços primitivos.
Cerca de 10 milhões de anos depois, ainda durante o Triássico, surgiria o segundo testudíneo, conhecido como Proganochelys, que vivia na Eurásia. Apesar de também ser uma espécie primitiva, seu casco já era mais semelhante ao das tartarugas de hoje em dia.
Nesse segundo espécime, o pescoço e os membros ainda não eram retráteis, pois estavam cobertos de espinhos, e ele também tinha dentes no palato. De acordo com essas evidências, as tartarugas podem ser um dos répteis mais antigos do mundo, já que surgiram antes mesmo das serpentes e dos lagartos.
A controversa classificação das tartarugas
A taxonomia pode parecer uma ciência muito exata para aqueles que não estão diretamente envolvidos em seu estudo. No entanto, a classificação das tartarugas provocou grandes debates que, até hoje, não são um consenso na comunidade científica.
Durante muitos anos, os herpetologistas pareciam concordar que esses répteis pertenciam aos anápsidos. Mas, em 2011, o biólogo Gabe S. Bever fez um estudo detalhado sobre o crânio de uma tartaruga primitiva (Eunotosaurus africanus). Esse estudo mostrou que as tartarugas, na verdade, pertencem à subclasse dos diápsidos.
De fato, a evolução e a origem da tartaruga ainda podem guardar muitos mistérios, que esperamos descobrir por meio do avanço da ciência e da tecnologia.
Este texto é fornecido apenas para fins informativos e não substitui a consulta com um profissional. Em caso de dúvida, consulte o seu especialista.