As origens de um cachorro de acordo com suas orelhas
Escrito e verificado por a bioquímica Luz Eduviges Thomas-Romero
Os cães vêm em uma ampla variedade de formas e tamanhos. É difícil imaginar que um grande Dogue alemão e um pequeno poodle sejam da mesma espécie. No entanto, eles são geneticamente idênticos e com as mesmas características anatômicas. Mas as origens de um cachorro podem ser deduzidas de acordo com suas orelhas?
É claro que as orelhas de um cachorro são uma das partes mais notáveis de sua anatomia. Além da função sensorial, expressam boa parte do caráter e da personalidade do cão. A seguir, vamos revelar todos os segredos dessas fascinantes estruturas sensoriais.
As origens de um cachorro foram estudadas
Os lobos-cinzentos e os cães são descendentes de uma espécie de lobo que foi extinta há cerca de 15 000 a 40 000 anos. Há um consenso científico geral sobre esse ponto, mas abundam as controvérsias sobre onde começou a domesticação.
O evento não é trivial: onde um animal inicialmente temido se tornou o companheiro doméstico mais próximo do ser humano. Estudos genéticos identificaram evidências em vários lugares, do sul da China até a Mongólia e a Europa.
A partir desses achados, surgiu a hipótese de que o cão pode ter sido domesticado a partir do lobo, mais de uma vez em diferentes locais.
A mão do homem na formação das raças caninas
Os humanos têm desempenhado um papel importante na criação de raças de cães que atendam a diferentes necessidades sociais. Usando engenharia genética rudimentar, os cães foram criados para acentuar um conjunto de características específicas através da seleção artificial.
Esses processos impactaram os padrões de variação genética. Eles também resultaram em uma maior incidência de mutações deletérias, bem como em uma alta prevalência de doenças hereditárias, que variam especificamente entre as raças de cães.
Aparentemente, a mão do homem também desempenhou um papel menos direto no aspecto do cão moderno. Os cientistas, ao comparar a morfologia dos animais domésticos com os selvagens, postularam a teoria da “síndrome da domesticação”.
Nos últimos cem anos, uma grande variedade de raças foi formada a partir do conjunto ancestral de genes caninos. Segundo essa teoria, os animais submetidos à domesticação sofrem alterações morfológicas que incluem o aparecimento das orelhas caídas.
Das origens de um cachorro à sua tipologia
De acordo com evidências obtidas em restos fósseis, no início da Idade do Bronze (por volta de 4.500 a.C) já havia cinco tipos diferentes de cães:
- O mastim.
- Os cães tipo lobo.
- Cães de caça (como o Saluki ou o galgo).
- Cães de aponte (pointers).
- Pastores.
Embora muitas raças sejam extremamente antigas, a maioria se desenvolveu recentemente, por volta do século XIX.
Formato das orelhas do cachorro
As primeiras raças tinham orelhas eretas e focinhos pontiagudos ou em formato de cunha, semelhantes às raças do norte, comuns hoje. Hoje, as orelhas dos cães têm muitos formatos diferentes: pequenas, longas, largas ou em forma de V, mas geralmente são classificadas em três grupos principais:
- Flexível ou caída (por exemplo, cães do grupo de cães de caça, como o Dachshund),
- Erguidas (por exemplo, West Highland White Terrier, Pinscher ou Yorkshire terrier, Pastor Alemão ou Husky siberiano)
- Semierguidas (por exemplo, o cão pastor Collie ou Shetland).
Existem listas de raças de cães que ilustram cada uma dessas três formas de orelha.
A genética dita a forma das orelhas do cão?
Vários estudos científicos identificaram uma região no cromossomo 10 que apresenta altos níveis de diferenciação genética entre as raças de cães. Essa região do DNA parece estar associada à massa corporal e ao formato das orelhas.
De acordo com esses estudos, essa região cromossômica contém variantes genéticas que afetam o tipo de orelha e a massa corporal. Assim, os especialistas sugerem que pequenas mutações são responsáveis por essas características.
Outra pesquisa recente analisou um catálogo de genomas caninos de 1417 cães correspondendo a 193 raças e 9 canídeos selvagens. Nesse estudo, genes que determinam a forma e o tamanho das orelhas caninas foram investigados.
Os autores discriminaram entre raças com orelhas erguidas (101 cães) e com orelhas caídas (113 cães), e identificaram uma associação significativa entre a presença de um gene específico (com função reguladora sobre outros genes) e a morfologia da orelha caída.
Da mesma forma, eles foram capazes de identificar uma associação entre a expressão de dois genes específicos e o formato de orelhas grandes e redondas (por exemplo, raças como o Spaniel, Beagle e Corgi). Esses genes não são detectados em cães com orelhas triangulares de tamanho padrão (como o Eurasier ou o Pinscher miniatura).
Em resumo, é possível conhecer as origens de um cão pelas orelhas. A variabilidade genética que se traduz no formato das orelhas do seu cão não será mais um segredo.
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