Os cães podem ser clonados?
Escrito e verificado por o advogado Francisco María García
A resposta à pergunta se é possível clonar cães suscita uma discussão muito controversa atualmente. Isso ocorre porque clonar seres vivos combina aspectos científicos com questões éticas profundas. A seguir, tentaremos apresentar o panorama dessa discussão a partir de todos os pontos de vista.
É possível clonar cães?
Cientificamente, a resposta é sim. Isso significa que a prática é moralmente válida, mas seria ela socialmente bem vista? Vários pesquisadores dedicaram suas carreiras a estudar o processo de clonagem em diferentes espécies de seres vivos. Supõe-se que os primeiros experimentos foram feitos com vegetais e que, atualmente, a técnica seja amplamente utilizada na produção de alimentos e reflorestamentos.
Posteriormente, o método foi adaptado para ser experimentado em animais. Lembre-se do caso globalmente discutido de Dolly, a ovelha, por exemplo. Desde então, as técnicas evoluíram, os equipamentos tornaram-se mais sofisticados e os experimentos se estenderam de animais de laboratório a animais de estimação.
Embora a clonagem comercial gere muita controvérsia, é fundamental que não limitemos os nossos pensamentos e que possamos visualizar os danos desnecessários. O objetivo da clonagem e dos estudos genéticos nem sempre envolvem ganhos financeiros.
De fato, a clonagem pode ser um método muito eficaz para ajudar a preservar várias espécies de animais e plantas em risco de extinção. Além disso, a manipulação genética pode contribuir significativamente para o avanço da medicina humana e veterinária.
O que é a clonagem comercial de cães?
Atualmente, algumas empresas afirmam ter uma técnica avançada para clonar cães, segundo eles, “à perfeição”. Isso inaugurou um novo segmento no mercado moderno, chamado de ‘clonagem comercial’.
A clonagem comercial oferece aos proprietários a capacidade de clonar seus melhores amigos. O procedimento permite obter um ou vários filhotes de características genéticas e fenótipo idêntico ao animal original. Logicamente, a contratação envolve um alto custo e não garante a expectativa ou a qualidade de vida dos animais.
É importante esclarecer que nem todos os estudantes de clonagem participam ou colaboram com esta proposta. Muitos deles nem sequer concordam com a exploração comercial da manipulação genética.
O problema ético da clonagem de cães
A comercialização de cães clonados tem despertado muita controvérsia entre admiradores, defensores e profissionais dedicados aos animais. E o fato é que a ideia de manipular geneticamente seres vivos tem despertado discussões morais já há algumas décadas.
O primeiro problema associado à clonagem de cães para fins lucrativos é tratar a vida animal como um tipo de mercadoria. Isso revive a discussão sobre muitas práticas controversas que ainda são válidas no mercado para a venda de animais.
Certamente, nunca poderíamos pensar em nossa própria vida e organismo como produto ou objeto manipulável. Então, por que parece justificável fazer o mesmo com um cão ou com outro animal?
Isso confirma um problema ético que consiste em uma certa hierarquia de formas de vida. Como se fosse possível estabelecer valores diferentes para cada tipo de vida, onde a nossa seria superior às demais. Mais uma vez, parece que falamos da vida mais como algo apreciável do que como uma experiência única da existência.
A clonagem de animais domésticos também pressupõe o direito de decidir sobre a vida e a morte. Esta é uma das discussões éticas mais controversas na história da humanidade. Cabe ao homem tomar decisões e interferir no ciclo de vida do outro? Uma pergunta que não é fácil de ser respondida.
A importância de avançar com a bioética
A base ética é fundamental para entender os limites da capacidade humana. Sem isso, nosso pensamento e ação carecem de perspectiva e fundamento, assim, com isso também corremos o risco de ignorar a importância da alteridade. Ou seja: respeitar, considerar e valorizar o outro como nosso igual em direitos e responsabilidades.
Devemos reconhecer que a bioética precisa evoluir para contemplar questões atuais relativas à vida humana e animal. Por exemplo, há pouca literatura e pouco é discutido sobre a real possibilidade de clonar seres humanos.
Certamente, na década de 90, esse fenômeno pareceria estranho e muito distante da realidade, mas hoje estamos falando concretamente da clonagem de cães e de outros mamíferos de maior tamanho. Ainda é difícil encontrar um debate sério e honesto que tente fazer nossa sociedade refletir sobre esse problema.
Considerando os avanços da manipulação genética, não parece ser demais afirmar que os estudos bioéticos devem focar a possibilidade de conviver diariamente com seres clonados. Também, em um futuro não muito distante, será essencial abrir um debate social sincero e levar em conta todas as suscetibilidades desse processo.
Este texto é fornecido apenas para fins informativos e não substitui a consulta com um profissional. Em caso de dúvida, consulte o seu especialista.