Parasita e hospedeiro: uma corrida armamentista
Escrito e verificado por o biólogo Samuel Sanchez
Doenças e epidemias estão na ordem do dia. Desde máscaras até o fechamento de instituições, agora mais do que nunca está evidente que existem organismos cujo único objetivo é tirar vantagem de nós. Afinal, o que é o coronavírus se não um parasita que se beneficia das nossas células?
Os parasitas têm uma relação ancestral com os outros seres vivos, embora, atualmente, as atenções estejam voltadas para eles. São definidos como seres que obtêm benefícios enquanto vivem no corpo de outra espécie (o hospedeiro).
O parasitismo se baseia em uma relação de perda para o hospedeiro: o carrapato suga o sangue do cachorro, ganhando alimento enquanto o cachorro perde saúde. Mas há uma intrincada batalha entre os dois componentes, cheia de nuances.
A seguir, vamos explicar com mais detalhes por que, sem parasitas, a vida como a conhecemos não seria possível. Continue lendo para não perder nenhum detalhe!
Tipos de parasitas
Existem dois tipos fundamentais de parasitas:
- Microparasitas: parasitas de pequeno tamanho que vivem dentro das células. Eles se multiplicam dentro do hospedeiro (os vírus, por exemplo).
- Macroparasitas: vivem no corpo ou nas cavidades do corpo do hospedeiro. Eles crescem no hospedeiro, mas se multiplicam fora dele (os carrapatos são o primeiro exemplo que vem à mente).
O conceito geral de um parasita é o de um sugador de sangue, mas é a astúcia que reina no mundo natural. Assim, existem outros tipos de parasitismo muito mais sutis, que vão desde tirar proveito dos cuidados parentais de algumas espécies (parasitismo reprodutivo) até se aproveitar dos serviços de outros animais (parasitismo social).
Uma guerra dentro do corpo
Quando um parasita se relaciona com um hospedeiro, ocorre um processo de coevolução. Esse evento complexo pode ser resumido no fato de que ambos mudam ao longo do tempo de maneira recíproca. A chave da questão é simples: os parasitas não estão interessados em acabar com a vida dos hospedeiros.
Essa frase chocante, porém verdadeira, permite uma delicada e complexa dança entre os dois componentes dessa relação. O parasita está interessado em manter o seu hospedeiro vivo durante o maior tempo possível, a fim de continuar a se beneficiar dele. O que um vírus ganha se matar a pessoa que o carrega assim que começar a se multiplicar no seu corpo?
Se pensarmos cuidadosamente, o parasita está interessado em um equilíbrio. Foi sugerido em vários estudos que os parasitas melhor adaptados são aqueles que causam poucos efeitos.
Se o hospedeiro puder fazer atividades sem perceber a doença, a probabilidade de propagação para outros animais da mesma espécie é muito maior.
Por outro lado, se a existência de um parasita matar o seu veículo, ele não poderá mais se beneficiar dele nem poderá se multiplicar em outros seres. Uma alta letalidade supõe o fim da própria espécie que a causou, ao longo do tempo.
Os animais respondem
Enquanto o parasita enche a barriga, o hospedeiro cria armas para expulsá-lo. A hipótese complexa gene a gene sugere que, para cada novo atributo de um agente infeccioso, o paciente produz uma defesa em resposta.
É aqui que entram em ação tanto o complexo sistema imunológico animal quanto outros tipos de barreiras. Os animais podem evoluir criando estruturas que dificultem a entrada de parasitas nos seus corpos: pele espessa, pelos, calos, secreção mucosa e outras.
Existem também barreiras comportamentais, através das quais os animais aprendem a evitar locais com alta carga parasitária e até mesmo a identificar doentes na sua própria espécie.
Vírus e sexo, mais relacionados do que parece
Essa corrida entre infectar e evitar ser infectado pode ser desgastante para ambos os componentes. Ainda assim, há uma diferença essencial: o parasita vive apenas para infectar, enquanto o hospedeiro precisa se reproduzir.
Procurar um parceiro e impressioná-lo é cansativo. Somente animais saudáveis podem se permitir esse gasto energético, enquanto animais parasitados gastam as suas reservas para combater a doença. Essa é a expressão máxima de que apenas os mais fortes triunfam na natureza.
Portanto, apenas os animais com um sistema imunológico poderoso e barreiras eficazes poderão ter descendência. Até certo ponto, os filhos também vão herdar essa força, tornando-se, assim, mais preparados para combater doenças. Enquanto isso, os parasitas vão evoluir com eles para contornar as barreiras e continuar a infectar.
Uma questão de força
A existência de parasitas exemplifica a seleção natural em ação na sua máxima expressão. Aqueles que são capazes de combater doenças terão sucesso, enquanto os fracos vão perecer. Isso força os animais a criar barreiras, tanto imunológicas quanto físicas, diante da ameaça de serem infectados.
Essa corrida armamentista é mais um mecanismo de evolução. Portanto, sem parasitas, a vida como a conhecemos não existiria.
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- http://www.scielo.org.co/pdf/rudca/v14n2/v14n2a13.pdf
- http://scielo.sld.cu/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0253-570X2014000100001
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