Por que meu cachorro adulto morde o filhote?
Escrito e verificado por a psicóloga Sara González Juárez
Quando pensamos em trazer um novo cachorro para casa, é fácil pensar em escolher cães de raças pequenas, pois eles são adoráveis, gentis e divertidos. Contudo, a diferença maturacional com o espécime que você tem em casa pode fazer com que você se encontre na seguinte situação: o cão adulto morde o filhote e não o aceita. O que fazer agora?
Como acontece com todos os problemas de convivência, é melhor preparar o terreno antes da chegada do novo inquilino e lidar com a situação com a maior calma possível. Aqui estão algumas dicas para fazer isso.
Por que meu cachorro adulto não aceita o filhote?
Na verdade, o primeiro passo não é a apresentação entre os 2 cães, e sim a preparação do lar e a escolha – se possível – do filhote com as características mais adequadas para viver com o adulto. Para fazer isso, você deve levar em consideração os seguintes fatores:
- Cães idosos: se o cão adulto for um idoso, é muito provável que sofra de algum tipo de doença típica de sua idade. Quando o filhote brinca com ele sem cuidado, ele pode machucá-lo com uma mordida.
- Socialização do adulto: se o cão mais velho tiver problemas de relacionamento com outros cães, ele terá dificuldades para se adaptar ao filhote. Antes de fazer o cão adulto morar com outro animal que ele não conhece, o ideal seria ajudá-lo primeiro a resolver os déficits que ele tem.
- Apresentação do filhote: as introduções de um novo membro da família devem ser feitas sempre de forma progressiva e com cautela. Como qualquer animal social, talvez adulto e filhote não gostem um do outro simplesmente porque são incompatíveis.
- Atividade de ambos os cães: levar para casa um filhote enérgico pode ser um incômodo para um adulto, especialmente se este tiver um caráter tranquilo e relaxado. Como os filhotes costumam não ter filtro, é possível que os chamados constantes terminem em agressões por parte dos mais velhos.
Depois de ter preparado tudo o que você precisa para a chegada do filhote e escolhido o mais adequado, é hora de fazer a apresentação. A seguir, você encontrará orientações gerais para fazer isso da melhor maneira possível.
Como apresentar um filhote a um cão adulto?
A apresentação deve ser sempre feita em zona neutra. Um bom lugar é a rua, onde os dois cães têm a oportunidade de se farejar e se conhecer pelo tempo que precisarem. É importante não interceder se não for estritamente necessário, pois você pode influenciar a impressão deles.
Evite snacks e brinquedos, pois os cães podem brigar por eles.
Se você conseguir marcar vários encontros antes de o filhote ir para casa, melhor. Quando chegar a hora, certifique-se de estar com tudo pronto: coloque um número de camas e comedouros igual ao número de cães mais um, brinquedos e acessórios suficientes para eles e áreas acondicionadas caso tenha que mantê-los separados.
Os primeiros dias de convivência são os mais críticos, pois os cães vão estabelecer sua hierarquia. À medida que o animal adulto se acostumar a dividir seu espaço, o filhote vai aprendendo os limites. Tente não interferir no relacionamento (exceto para evitar conflitos e separá-los se necessário).
O que fazer se meu cachorro adulto morder o filhote?
Se apesar de todos os seus esforços o cão adulto morder o filhote e isso não se tratar apenas de marcar seu espaço, você está em uma situação delicada. É hora de intervir ativamente e definir os limites para adultos e filhotes.
Quanto ao adulto, ele deve ser informado de que o que está fazendo é errado. Cada vez que ele mostrar uma atitude agressiva para com o filhote, ele deve ser repreendido e o conflito interrompido. No entanto, não isole o adulto e depois console o filhote nem demonstre sinais de rejeição, pois isso pode aumentar os sentimentos negativos do mais velho em relação ao mais novo.
Por outro lado, o filhote deve ser ensinado a respeitar os limites impostos pelo adulto. Embora essa parte seja mais longa, reforçar as advertências não agressivas do mais velho removendo o filhote reforçará a ideia de que ele não deve estar por perto se não quiser receber uma bronca.
Nesse ponto, é melhor evitar situações em que o cão adulto morde o filhote. Para fazer isso, aqui estão três dicas gerais:
- Não negligencie o cão adulto: educar um filhote tende a consumir muito do tempo que antes era dedicado ao cuidado do adulto. É possível que os maus comportamentos deste último se devam a ciúmes ou pedidos de atenção, por isso certifique-se de não se descuidar dos seus momentos de carinho.
- Use reforço positivo: nem tudo deve ser punição e repreensão. Recompense e parabenize os dois cães sempre que interagirem de maneira amigável e respeitosa.
- Evite que o cão adulto se sinta invadido: a boa apresentação de ambos e a configuração do espaço antes da chegada do filhote devem evitar que o adulto sinta que o cachorrinho é um invasor.
Tipos de agressão em cães adultos
A agressão faz parte da vida social de qualquer espécie. Embora nós, humanos, a condenemos porque construímos uma cultura em torno da coexistência pacífica, nos cães a agressão é uma ferramenta tão válida quanto a colaboração ou a compaixão.
O problema surge quando o cão só usa a agressividade para resolver conflitos sociais ou quando a usa de forma inadequada. Entender a origem da agressão do cão adulto também é útil para a prevenção. Estes são os tipos mais comuns:
- Agressão por dominância: o cão é uma espécie que se organiza de forma hierárquica. Essa hierarquia é estabelecida por meio da agressão (não da luta). Quando um cão vê sua posição em um grupo ameaçada, ele pode tentar mantê-la por meio de comportamentos claramente agressivos.
- Agressão por medo: se o cão perceber que está em perigo, sua resposta defensiva pode ser a agressão. Isso é frequentemente observado em espécimes com um passado abusivo.
- Instinto de caça: não é propriamente uma agressão, mas parece que sim quando este comportamento é observado em casa. Esse comportamento geralmente é direcionado a animais menores que o cachorro ou a espécies que na natureza serviriam de alimento.
- Agressão pela territorialidade: o canídeo está defendendo o espaço que pensa ser seu.
- Agressão protetora: ocorre quando o cão acredita que sua família está sendo ameaçada.
- Agressão possessiva: semelhante à agressão territorial, esta agressão visa manter seguros objetos ou recursos que o animal percebe como seus.
- Agressão redirecionada: é mais comum do que se pensa e até nós humanos a exercemos. Quando um cão está em um estado de alta tensão e excitação, é provável que direcione seu ataque a outro ser que está fora do conflito (mas que aparece na hora errada).
O que fazer para dois cachorros se darem bem?
A intervenção no relacionamento de 2 indivíduos de outra espécie deve ser feita com cautela e bom treinamento a este respeito, pois não falamos a mesma língua que o resto dos animais. Antes de mais nada, certifique-se do seguinte:
- Mantenha-se atualizado com o conhecimento sobre a linguagem canina e estude o comportamento de seus cães antes de agir. Caso contrário, você pode confundir alguns comportamentos com outros, como uma sequência de brincadeira com comportamento agressivo.
- Não mude as rotinas que você tinha com seu cão antes da chegada do filhote, pois isso poderia associar o pequeno a uma mudança negativa em sua vida.
- Além disso, crie uma nova rotina comum para os dois cães: isso os tranquilizará sobre os eventos que se seguirão. Por exemplo, se eles souberem que comerão em quartos separados, não vão brigar quando você colocar a primeira tigela de ração.
- Tente dar a mesma atenção aos dois cães.
- Evite repreensão e punição tanto quanto possível. Claro, violência e instrumentos como coleiras de enforcamento não são uma opção.
- Mantenha uma atitude neutra e calma: os cães sabem reconhecer quando você se sente inseguro ou impulsivo. Se eles o virem como seu guia, isso os deixará ansiosos e eles reagirão pior.
Depois de estabelecer sua posição contra eles e seus conflitos, é hora de começar a agir ativamente. Algumas atitudes são estas:
- Faça caminhadas longas e enriquecedoras com os dois cães todos os dias: assim, eles compartilharão experiências positivas em comum e criarão um vínculo aos poucos.
- Se eles não brigarem por isso, use snacks para cães para recompensar o bom comportamento entre eles, como relaxar durante o contato físico, cheirar o traseiro ou brincar sem conflito.
- Realize uma educação comum: salvaguardando as necessidades individuais de cada cão, é melhor que as ordens e dinâmicas estabelecidas em casa sejam comuns aos 2 cães. Ter esse aspecto de convivência nos mesmos termos os ajudará a criar um sentimento de igualitarismo em relação ao seu tratamento.
Por fim, o último conselho é o de costume: as agressões são um problema que pode se tornar sério e incontrolável. Se você não conseguir controlar a situação por conta própria, consulte um etologista canino antes que seja tarde demais.
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