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Tênias em gatos: tipos, sintomas e tratamentos

6 minutos
Sem os devidos cuidados, as tênias podem se tornar um sério problema de saúde para os gatos e seus tutores. Descubra no conteúdo a seguir a importância de manter esses parasitas fora de casa!
Tênias em gatos: tipos, sintomas e tratamentos
Sebastian Ramirez Ocampo

Escrito e verificado por veterinário e zootécnico Sebastian Ramirez Ocampo

Última atualização: 30 janeiro, 2024

As tênias em gatos representam um problema de grande preocupação no bem-estar desse animais. A infecção por esses vermes causa vômitos e diarreia graves, bem como desidratação acentuada e desnutrição progressiva.

Da mesma forma, por serem considerados parasitas zoonóticos, existe o risco de transmissão direta do animal para seu tutor. Se você tem dúvidas sobre os tipos de tênias existentes, os sintomas que elas geram e as melhores estratégias para combatê-las, você está no artigo certo. Não perca as informações que compartilhamos com você no conteúdo a seguir!

Como são as tênias em gatos?

As tênias pertencem à classe dos cestoides, também conhecidos como platelmintos. Sua composição anatômica é bastante simples. Seu corpo – que não possui boca, intestino e cavidades corporais – é composto das seguintes partes:

  • Cabeça ou escólex: possui pequenas vilosidades ou ventosas, com as quais aderem à parede intestinal de seus hospedeiros.
  • Pescoço: é uma área não segmentada, que tem a capacidade de se regenerar.
  • Série de segmentos ou proglótides: contém os ovos necessários para a reprodução.

De acordo com um artigo revisado na revista The Veterinary Clinics of North America, as tênias são animais hermafroditas, uma vez que os órgãos reprodutivos masculinos e femininos são encontrados em seus proglótides.

Consequentemente, um indivíduo não precisa de outro para fertilizar seus óvulos.

Por outro lado, como refere esse mesmo documento, o seu ciclo reprodutivo requer um hospedeiro intermediário, onde se desenvolve a forma larval. Além disso, também necessita de um hospedeiro definitivo, no qual se transforma em seu estado adulto e começa a liberar seus ovos para o exterior por meio das fezes do animal infectado.

Tipos de tênias

Três vermes principais podem ser identificados em gatos: Dipylidium caninum, Echinococcus multilocularis e Taenia taeniaeformis.

Dipylidium caninum

Segundo o que foi exposto em uma publicação da revista Parasites & Vectors, esse verme tem distribuição mundial. Além disso, é considerado o verme que mais acomete os pets. Segundo os autores, pode atingir medidas que variam de 10 a 70 centímetros de comprimento.

Seu contágio ocorre quando um gato acidentalmente ingere pulgas infectadas (hospedeiro intermediário) com as larvas da tênia. Ao entrarem no corpo do felino (hospedeiro final), esses vermes viajam e aderem ao intestino. Nesse órgão, atingem a maturidade em 20 dias e recomeçam seu ciclo reprodutivo.

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Dipylidium caninum. Seu corpo é claramente dividido em vários segmentos. Crédito: Alan R. Walker/Wikimedia Commons.

Echinococcus multilocularis

Segundo o Center for Disease Control and Prevention, este é um verme menor, já que os adultos medem entre 1 e 4 milímetros de comprimento. Seus hospedeiros intermediários incluem vacas, porcos e ovelhas, enquanto seus hospedeiros finais são cães selvagens, gatos e raposas.

Sua infecção ocorre quando os animais ingerem ovos de tênia presentes em alimentos como carne e água contaminada.

Além disso, como afirma um artigo da revista Veterinary Parasitology, eles atingem a maturidade sexual no intestino 28 dias após a infecção. No entanto, as larvas também se alojam no fígado, formando cistos semelhantes a tumores no que é conhecido como equinococose alveolar.

Taenia taeniaeformis

Também é conhecida como “tênia do gato”. Segundo o livro The cat: Clinical Medicine and Management, é um dos vermes mais prevalentes em felinos de todo o planeta. Segundo seus autores, os gatos se infectam ao consumir as larvas presentes nos roedores infectados, que funcionam como hospedeiros intermediários. Elas atingem a idade adulta no intestino e podem medir até 60 centímetros de comprimento.

As tênias em gatos são contagiosas para humanos?

O estudo Dogs, cats, parasites, and humans in Brazil: opening the black box explica que cestódeos como o Dipylidium caninum têm alto potencial zoonótico, por isso podem ser transmitidos de animais para humanos.

No caso dessa tênia, as pessoas podem ser infectadas pela ingestão acidental de pulgas que contêm larvas de cestódeos.

Ou também ao manusear as fezes fecais de um animal contaminado e não lavar bem as mãos.

Por outro lado, o Echinococcus multilocularis também pode gerar zoonoses, e estima-se que afete mais de 18 mil pessoas por ano em todo o planeta, principalmente na Europa e na Ásia. É o que aponta um estudo publicado na revista Parasite.

No entanto, segundo essa pesquisa, apesar de os gatos serem os hospedeiros definitivos do parasita, eles não desempenham um papel importante no ciclo de vida e transmissão desse verme para as pessoas. Embora ainda haja um pequeno risco de contágio.

Quais são os sintomas?

Quando as cargas parasitárias são leves, os gatos infectados geralmente apresentam uma infecção assintomática, ou seja, não são observados sintomas marcantes. No entanto, em casos mais graves, os seguintes sinais clínicos podem ser diferenciados:

  • Distúrbios metabólicos: como as tênias se alimentam dos nutrientes de seus hospedeiros, os gatos infectados apresentam desnutrição, perda de peso, desidratação, má aparência geral e problemas de crescimento.
  • Vômitos, diarreia e dores abdominais: surgem como consequência de inflamações e alterações no bom funcionamento do intestino.
  • Obstrução intestinal: pode se manifestar —de forma aguda— devido a uma alta carga parasitária de Taenia taeniaeformis e comprometer a vida do paciente.
  • Segmentos do parasita no ânus: principalmente nas infecções por Dipylidium caninum, as proglotes podem ser observadas na região perianal e nas fezes do gato infectado. Sua aparência é semelhante à de pequenos grãos de arroz.
  • Irritação e coceira anal: origina-se da excreção dos segmentos do parasita. É comum ver gatos infectados arrastando o rabo no chão ou lambendo-se constantemente.
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Gatos infectados frequentemente manifestam lambedura excessiva na área perianal. Crédito: iStockphoto.

Como saber se o seu gato está com tênias?

O diagnóstico deve ser feito por um profissional capacitado. Portanto, é importante que, ao observar algum desses sintomas, você leve o animal a um veterinário o mais rápido possível. O profissional se encarregará de avaliar o estado funcional e nutricional do seu pet, além de identificar o cestódeo causador da parasitose.

Certamente será solicitada uma amostra das fezes do seu felino, pois, como refere um estudo da revista Parasites & Vectors, o diagnóstico é baseado na observação e contagem dos ovos da tênia nas fezes com técnicas como flutuação e contagem McMaster.

Como combater as tênias em gatos?

Dependendo do estado do seu animal de estimação, será necessário iniciar o tratamento com estabilização e reidratação do organismo com fluidos intravenosos.

Em um nível mais específico, medicamentos antiparasitários – como praziquantel e epsiprantel, que são altamente eficazes contra parasitas cestóidessão usados para erradicar as tênias.

Por outro lado, segundo dois estudos da revista Parasite, existem produtos comerciais que combinam afoxolaner, eprinomectina e praziquantel, com resultados bem-sucedidos no tratamento de infecções por Dipylidium caninum e Echinococcus multilocularis em gatos. Por fim, nos casos de obstrução intestinal por Taenia taeniaeformis, é necessária cirurgia para retirar as formas adultas do parasita alojadas no intestino.

O melhor tratamento é a prevenção

Como na maioria das doenças que afetam os gatos, os métodos de prevenção são muito mais eficazes do que o próprio tratamento. O uso de estratégias como a desparasitação de seu animal de estimação —a cada 3 meses, com medicamentos orais— ou o controle de pulgas —com coleiras ou pipetas de imidacloprida/flumetrina— prevenirá a apresentação de tênias em gatos.

Além disso, como você pode ver, os roedores atuam como hospedeiros intermediários para alguns desses cestódeos. Por isso, controlar o acesso dos gatos ao exterior, para que não os comam, é fundamental para a sua prevenção. Da mesma forma, lembre-se de que esses vermes podem infectá-lo, portanto, mantê-los longe de casa beneficiará você e seu animal de estimação.


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Este texto é fornecido apenas para fins informativos e não substitui a consulta com um profissional. Em caso de dúvida, consulte o seu especialista.