Animais de estimação exóticos e zoonoses associadas

As pessoas são, por natureza, de curiosidade incansável. Por isso, o comum acaba nos entediando e temos que recorrer ao estranho, ao diferente, ao desconhecido. Os animais de estimação exóticos evidenciam esse fato.
Animais de estimação exóticos e zoonoses associadas
Érica Terrón González

Escrito e verificado por a veterinária Érica Terrón González.

Última atualização: 22 dezembro, 2022

A guarda de animais de estimação exóticos aumentou nos últimos anos. Faz tempo que cães e gatos já não são mais suficientes para uma população curiosa e que quer ter animais cada vez mais incomuns.

Portanto, hoje em dia é mais comum se deparar com espécies novas e completamente desconhecidas no mercado dos pets. O que é mais preocupante em tudo isso é a criação de animais de estimação exóticos e as zoonoses associadas a isso.

Esse é um desafio a partir de muitos pontos de vista, mas especialmente do ponto de vista da saúde pública, porque controlar esse fluxo crescente de espécies exóticas não é fácil. Infelizmente, os riscos associados a eles não são banais.

Quais animais podem ser considerados animais de estimação exóticos?

As definições são muitas e bastante variadas, mas a maioria coincide no básico: um animal de estimação exótico é qualquer espécie de vida selvagem não autóctone que, individualmente, depende dos humanos, vive com eles e assumiu o hábito do cativeiro.

Outras definições são mais simplistas e falam de animais de estimação exóticos quando animais selvagens são mantidos em casas. A verdade é que esse conceito pode estar sujeito à interpretação. No que diz respeito às espécies que podem ser consideradas como tais, existem duas situações:

  • Há alguns anos, a criação de furões, aves, répteis, anfíbios, coelhos ou roedores, por exemplo, era considerada rara. Hoje em dia, sua presença em clínicas veterinárias são tão frequentes que eles parecem não merecer mais o nome de exóticos, embora sejam.
  • Também há os casos mais extravagantes, como dos primatas, dos mamíferos exóticos —morcego, suricato, preguiça—, peixes —enguia, jamanta— e invertebrados. Todos eles constituem o que conhecemos como animais de estimação exóticos.
Um viveiro para Geckolepis maculata.

Responsabilidade na vigilância de animais exóticos e zoonoses associadas

Embora a primeira responsabilidade seja das autoridades e do poder legislador, a verdade é que existem dois pontos-chave no controle da guarda desses animais. Um são os pet shops, e o outro são os serviços veterinários que atuam nas fronteiras e fiscalizam a entrada desses animais no país.

O trabalho dos pet shops

O responsável pela venda de animais de estimação exóticos deve ter um controle de sua rastreabilidade. Portanto, terá que certificar as seguintes informações:

  • A espécie animal e suas características.
  • A data de entrada na loja.
  • Sua procedência – o país de origem e o fornecedor, entre outras coisas.
  • A data de venda ao estabelecimento e seus dados pessoais.

A regulamentação obriga as lojas a manter um registro das vendas de espécies exóticas e a fornecer a numeração de importação ao novo proprietário. Além disso, os estabelecimentos devem contar com funcionários treinados para cuidar dos animais e adotar as medidas necessárias para evitar a propagação de zoonoses.

Eles também devem ter o apoio de veterinários associados e qualificados para lidar com essas espécies. Essas lojas são o ponto inicial de acesso às informações sobre animais de estimação exóticos, sem falar que muitos animais e pessoas frequentam esses locais todos os dias, por isso a disseminação de doenças é bastante perigosa.

A responsabilidade dos veterinários de fronteira

Em termos gerais, eles são responsáveis por garantir que nenhuma espécie exótica invasora entre no país. A legislação de cada estado mantém um catálogo atualizado com os animais cuja entrada é proibida e reconhece penalidades para sua posse, transporte, tráfico e comercialização.

Por outro lado, no caso de animais de estimação exóticos que podem cruzar a fronteira, a situação deve ser diferente. Os veterinários do serviço de fiscalização verificarão se os animais possuem as vacinas adequadas e os tratamentos obrigatórios. Caso o animal represente risco imediato, caberá a esses profissionais solicitar o seu sacrifício.

Animais de estimação exóticos e zoonoses associadas: como controlar

Os serviços veterinários são responsáveis pela prevenção e pelo controle das doenças dos animais, com especial atenção às zoonoses. A convivência com espécies pouco comuns pega de surpresa o sistema imunológico e dificulta o combate aos micróbios.

Por isso, a guarda de animais exóticos está associada ao aparecimento de doenças contra as quais nunca havíamos lutado antes.

A crescente guarda de animais de estimação exóticos e os riscos associados colocam as autoridades internacionais em alerta constante. Portanto, são abertos canais de comunicação para conscientizar os potenciais tutores. Algumas das recomendações são as seguintes:

  • Manter os animais bem identificados – com microchips sempre que possível.
  • Fazer pelo menos um exame anual em uma clínica que disponha dos meios necessários para o manejo dessa espécie.
  • Não alimentar esses animais de estimação com sobras de carne ou vísceras cruas, para evitar a transmissão de infecções e parasitas. 

Animais de estimação exóticos e zoonoses associadas: um perigo evitável

Estima-se que as zoonoses representam atualmente até 75% das doenças emergentes. Os fatores que mais contribuem para o aumento dessa prevalência são a globalização e as mudanças climáticas.

Mesmo assim, não devemos esquecer o papel do tráfico constante de espécies exóticas. Não se pode subestimar que muitas delas são responsáveis por alguns surtos recentes de zoonoses. Por exemplo, os primatas e o ebola, ou o próprio coronavírus e os morcegos.

Quando se fala de zoonoses, a guarda de animais de estimação exóticos parece ser um fator crescente e importante que deve ser levado em consideração, daí a necessidade de alertar o público para a gravidade de sua introdução de forma fraudulenta. Não apenas por causa do perigo que representa para a biodiversidade nacional, mas também por causa do próprio risco para a saúde humana.


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