En tierra de todos: o documentário do WWF

O documentário do WWF expõe a importância de compreender o papel dos predadores na natureza.
En tierra de todos: o documentário do WWF
Ana Díaz Maqueda

Escrito e verificado por a bióloga Ana Díaz Maqueda.

Última atualização: 22 dezembro, 2022

Por mais que vejamos as notícias, não é difícil encontrar manchetes que mostram pecuaristas e pastores demonizando grandes predadores, como o lobo ou o urso. Os caçadores estão na linha de frente da batalha contra esses animais que, embora protegidos por lei, acabam sendo atingidos.

Em contrapartida, também, podemos observar como outros grupos de pessoas tentam salvá-los a todo custo, de forma a criminalizar as pessoas que tentam sobreviver em um mundo rural cada vez mais abandonado.

Em algumas partes da Europa, outra ideia parece estar crescendo: a coexistência com grandes predadores. O documentário “En tierra de todos” (ainda sem título oficial em português) do World Wildlife Fund (WWF) nos fala sobre isso. Esse grande projeto audiovisual mostra as experiências e os testemunhos de mais de 30 agricultores em toda a Europa, que aprenderam a conviver com esses animais.

Qual é o objetivo do documentário do WWF “En tierra de todos”?

Por trás do documentário do WWF “En tierra de todos”, encontramos um grande projeto LIFE. Esse grande programa visa alcançar a coexistência entre humanos e grandes carnívoros na Europa. Atingir esse objetivo não é fácil, mas eles tentam, não por meio de leis proibitivas ou ódio de um lado ou do outro, mas por meio da comunicação. É feita a conexão entre os diferentes fazendeiros de todo o continente, para que eles possam contar as suas experiências e partilhar todos os seus saberes.

Do ódio ao profundo respeito

Uma das pessoas entrevistadas no documentário é Sofía González Berdasco, criadora de cabras da região sul do Rio Douro, na Espanha. Essa mulher, como muitos outros fazendeiros, cresceu com um terror e ódio muito profundos pelos lobos. Como ela mesma conta, isto é o que ela viveu desde pequena: “histórias como a da Chapeuzinho Vermelho, mas reais”.

Sofia enfrentou um abismo muito profundo, até que não só conseguiu respeitar os lobos, mas também passou a amá-los e a querer que esses animais pudessem viver, assim como suas cabras.

Lobo com seu filhote.

Os primórdios da prevenção

Nesse mesmo documentário, o pastor Fernando Rodríguez Tabara dá seu depoimento. Acima de tudo, ele esclarece que entende o papel dos grandes predadores na natureza e como eles são necessários.

Como seus colegas de profissão, Fernando viu lobos atacarem suas vacas, mas, ao contrário deles, decidiu colocar em prática uma ideia para protegê-las.

Fernando adotou e treinou mastins para proteger seus ruminantes. Isso nunca havia sido feito e, portanto, não é comum. Ele comenta que, desde que tomou essa medida, os lobos não se aproximaram mais.

O conflito com os grandes predadores da Europa

Pode parecer recente, mas o conflito entre os seres humanos e animais como o lobo, o lince, o urso ou o glutão, é tão antigo quanto a pecuária, que surgiu no Neolítico.

Os grandes carnívoros, também chamados de superpredadores, desempenham um papel fundamental na manutenção dos ecossistemas. A biodiversidade das regiões depende deles. Sua principal função é manter outros pequenos predadores à distância, como raposas e muitos animais mais comuns.

Raposa vermelha: características

Por outro lado , esses animais regulam as populações de herbívoros, como veados ou javalis. Estes últimos costumam aparecer na imprensa devido à evidente superpopulação e sua aproximação com as cidades. Isso se deve, por um lado, à destruição de seu habitat e, por outro, à facilidade de reprodução por não terem predadores naturais.

Historicamente, grandes populações de carnívoros foram reguladas, principalmente para melhorar a segurança do gado. Portanto, o pastor não precisa estar sempre lá para defendê-los. Essa é mais uma das visões do documentário, em que um dos entrevistados mostra sua desaprovação em relação aos fazendeiros que conseguem ir para a cama sem deixar seus animais protegidos.

Reflexão final

Depois de assistir ao documentário e investigar mais sobre esse projeto inovador, podemos concluir que, para que exista a convivência, em primeiro lugar, deve haver a prevenção.

Como Fernando nos conta, os diferentes governos deveriam recompensar os fazendeiros que se esforçam para impedir que os predadores tenham acesso ao gado. Porém, hoje, a tendência é subsidiar aqueles cujos rebanhos são abatidos, supostamente, pelas garras desses animais.


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