Doença de Aujeszky: relevante em javalis ou apenas em porcos?

Mais vezes do que podemos imaginar, para encontrar uma solução para uma doença no rebanho doméstico, devemos olhar para os seus parentes selvagens. É neles que pode estar a melhor ferramenta de controle.
Doença de Aujeszky: relevante em javalis ou apenas em porcos?
Érica Terrón González

Escrito e verificado por a veterinária Érica Terrón González.

Última atualização: 27 dezembro, 2022

A doença de Aujeszky é uma patologia viral que afeta os porcos. É considerada uma das doenças mais relevantes para a a criação animal do ponto de vista econômico por causa das elevadas taxas de mortalidade que provoca nos criadouros onde os suínos são mantidos para a engorda.

Não é apenas o fato de essa infecção afetar os suínos domésticos que preocupa. Há alguns anos, sabe-se que o javali também pode ser portador do vírus e disseminá-lo por todo o território, podendo transmiti-lo para o rebanho doméstico com extrema facilidade. Vamos contar tudo sobre essa doença que tem um nome tão estranho.

Visão geral da doença de Aujeszky

O agente causador desta doença é o herpesvírus suíno tipo 1. Embora o mais correto seja falar de Aujeszky, na verdade essa patologia é conhecida há muito tempo como pseudorraiva. Isso pode nos conduzir ao erro, já que o vírus em si nada tem a ver com o patógeno da raiva.

As espécies-alvo desse vírus são os suínos, domésticos e silvestres. Contudo, outros mamíferos, tais como vacas, ovelhas, cabras, cães, gatos e humanos também são suscetíveis à doença. Embora afete humanos, essa patologia só costuma ser fatal em animais.

Doença de Aujeszky

Epidemiologia

O vírus é liberado na saliva e nas secreções nasais de porcos infectados por via respiratória. Além disso, pode sobreviver durante várias horas no ar e contaminar todos os tipos de meios e superfícies. Vírus viáveis ​​foram detectados até mesmo nas fezes e no leite, mesmo após vários dias.

Alguns estudos afirmam que o vírus da doença de Aujeszky pode permanecer viável no esterco por vários meses.

É uma doença enzoótica – presente e contínua – em áreas com alta densidade de animais, como os locais de engorda de leitões. O porco adulto, aliás, é muito resistente ao vírus e só atua como o seu constante portador e disseminador.

A transmissão se dá pelo contato, direto ou indireto, com as secreções (respiratórias) e as excreções (fezes) nas quais o vírus esteja presente. Infelizmente, é uma doença muito contagiosa.

A via de transmissão mais problemática é a via respiratória, já que é a mais difícil de controlar. Como exceção, é importante destacar que, no caso das fêmeas reprodutoras, elas também podem transmitir o vírus diretamente ao feto por via transplacentária.

Sintomas em porcos, as principais espécies afetadas

A infecção pelo trato respiratório geralmente causa:

  • Abortos.
  • Sintomas respiratórios, tais como tosse, espirros, febre e mal-estar geral.
  • Alta mortalidade em leitões, quase 100% em porcos com menos de um mês de vida. No entanto, a partir do primeiro mês de idade, a mortalidade é reduzida para 10%. Portanto, a idade é um fator a ser considerado ao diagnosticar a doença de Aujeszky.

Diagnóstico da doença de Aujeszky

O diagnóstico individual sempre foi complexo, devido à ausência de sintomas em porcos adultos e à mortalidade em leitões. Os sintomas coletados são muito reduzidos e pouco reveladores quando se trata de garantir um patógeno ou outro. Portanto, é necessário diferenciar essa doença de outras como a colibacilose ou a gripe.

Quando há a suspeita de Aujeszky, a confirmação deve ser feita por meio de exames laboratoriais para detectar o material genético do vírus. Esse é o caso do exame PCR ou da cultura de amostras de animais em laboratórios.

Prevenção, controle e erradicação em porcos domésticos

Uma vez que não existe um tratamento específico contra o vírus, a melhor ferramenta de prevenção e controle é a vacinação. Em geral, é recomendada a vacinação em massa de todos os porcos da fazenda, machos e fêmeas reprodutores, três vezes por ano e em intervalos regulares.

Essa vacinação em massa ajuda a reduzir a disseminação do vírus e melhora a sobrevivência. Graças a ela, a doença de Aujeszky foi erradicada – se não completamente, praticamente – em porcos domésticos.

Doença de Aujeszky: javalis e porcos domésticos

Apesar do sucesso dos programas de controle por meio da vacinação, não se deve esquecer que existe o risco de que o vírus retorne ao rebanho doméstico. Como? Através do contato com reservatórios silvestres: os javalis.

Uma vez que os esforços de eliminação da doença sempre são dirigidos aos porcos domésticos, os javalis permanecem desprotegidos. Isso faz com que as populações de suínos silvestres apresentem altas taxas do vírus de Aujeszky.

O maior problema surge quando os países têm sistemas de produção extensiva de suínos, por exemplo, os porcos ibéricos. Nesses modelos de produção, o contato entre o porco doméstico e um javali infectado é muito provável. Isso coloca em risco a eliminação definitiva da doença.

Doença de Aujeszky

Monitorar espécies selvagens para salvar as espécies domésticas

Portanto, embora a vacina seja a melhor ferramenta para prevenir e controlar a doença de Aujeszky, ela é inútil quando aplicada sozinha. É necessário que ela seja acompanhada por medidas de biossegurança nas criações de suínos para evitar o contato entre animais doentes.

Acima de tudo, é essencial evitar o contato do rebanho doméstico com reservatórios silvestres e, por último, fazer um controle estrito do vírus diretamente sobre o referido reservatório.


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