Tubarão-cobra: características, distribuição e alimentação
Escrito e verificado por o biólogo Samuel Sanchez
O tubarão-cobra (Chlamydoselachus anguineus) é um condríctio que desafia os preceitos culturais comuns sobre os tubarões. Normalmente, esses peixes são vistos como letais, grandes e perigosos, mas o tubarão-cobra é um ser discreto que se mantém na escuridão marinha, longe da luz.
Esse animal está catalogado no grupo dos “fósseis vivos”, pois sua linhagem evolutiva remonta ao Carbonífero, período que ocorreu há 359 milhões de anos. Se você quiser saber mais sobre essa relíquia histórica viva, continue lendo.
Um fóssil vivo
Até 2009, Chlamydoselachus anguineus era o único representante vivo da família Chlamydoselachidae. No mesmo ano, um grupo de biólogos publicou uma pesquisa na revista Zootaxa em que é descrito outro tubarão-cobra: Chlamydoselachus africana.
Dessa fora, há uma década, o termo “tubarão-cobra” define 2 espécies diferentes. Ambas são difíceis de serem distinguidas externamente, mas apresentam diferenças no condrocrânio, no número total de vértebras e no número de dobras da válvula espiral. Além disso, habitam diferentes regiões da Terra, como veremos nas linhas seguintes.
A espécie que aqui nos interessa é considerada um fóssil vivo, pois apresenta características típicas de animais ancestrais. Além disso, é importante destacar que foram encontrados fósseis de 8 espécies extintas em seu gênero, o que somaria um total de 10 tipos diferentes de tubarões-cobra que habitaram o planeta no passado.
Características do tubarão-cobra
Esse animal tem uma forma marcadamente anguiliforme. Seu corpo, cilíndrico e alongado, pode medir até 2 metros de comprimento, com as barbatanas dorsal, pélvica e anal colocadas junto à cauda. A cor é sempre escura, com tonalidades que vão do marrom ao preto.
Sua cabeça é achatada, como se fosse uma cobra d’água. Esse tubarão tem um focinho muito curto e uma boca alongada de forma terminal, que contém cerca de 300 dentes em forma de tridente (tricúspides). Sem dúvida, o aparato mandibular desse ser tão primitivo indica uma habilidade incomum para devorar.
Por outro lado, esse animal ainda é um peixe, por isso tem que ter guelras: o tubarão-cobra tem 6 fendas branquiais. A primeira delas se funde com a parte inferior da mandíbula, dando-lhe uma aparência de “colar”.
Habitat e ecologia
Como já dissemos, a variedade comum e a africana têm uma distribuição diferente. A primeira espécie vive de forma cosmopolita, mas irregular, nas águas dos oceanos Atlântico e Pacífico. Por outro lado, a espécie africana foi detectada no sul de países como Angola, Namíbia e África do Sul.
Esses animais são muito difíceis de encontrar na natureza, pois se movem em corpos d’água entre 200 e 1200 metros de profundidade. As informações que temos sobre eles vêm de espécimes em cativeiro ou de indivíduos presos em redes de arrasto em grandes profundidades.
Em cativeiro, esses tubarões nadam continuamente com a boca aberta. Supõe-se que seus conspícuos dentes brancos podem ser um mecanismo para atrair suas presas, mas essa teoria é difícil de confirmar. Em todo caso, sua morfologia e anatomia internas nos dizem uma coisa: esse animal está preparado para viver na escuridão.
O tubarão-cobra tem um esqueleto reduzido e um índice de calcificação muito baixo. Além disso, possui um enorme fígado repleto de lipídios de baixa densidade, o que o ajuda a manter a posição na coluna d’água sem esforços. Sua linha lateral sensível é muito primitiva, mas refinada, permitindo detectar movimentos mínimos nas presas ao redor.
Acredita-se que as lulas sejam a comida favorita desse tubarão. Além disso, ele pode abrir a boca de maneira exagerada para atacar animais muito grandes.
Um período de gestação de dar vertigem
Esses animais não se reproduzem como a maioria dos peixes, pois são ovovivíparos. Sua fertilização é interna e eles dão à luz filhotes vivos, mas estes não ficam conectados com a mãe por meio de uma placenta durante a gestação. Os filhotes se alimentam do saco vitelino de um ovo internalizado e, somente quando são jovens, a fêmea os libera para fora.
O período de gestação desses animais é anormalmente longo, pois pode levar até 3 anos e meio, o que o torna o ciclo mais longo de todos os vertebrados conhecidos. Estima-se que, em águas profundas, machos e fêmeas sexualmente maduros possam se reproduzir durante todo o ano.
O status do tubarão-cobra
Como você pode imaginar, calcular o número da população em um animal tão esquivo é uma tarefa praticamente impossível. Infelizmente, sabe-se que muitos espécimes acabam sendo vítimas das redes de pesca comercial, embora não sejam caçados especificamente por sua carne ou materiais.
Como quase não há informações sobre essa espécie, considera-se que ela não está ameaçada de extinção. No entanto, é necessário conhecer muito mais sobre sua ecologia e seus números populacionais para que se possa classificá-la. Sem dúvida, o fato de seu período de gestação ser tão longo torna esse tubarão um candidato perfeito para entrar na lista de espécies ameaçadas.
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- Ebert, D. A., & Compagno, L. J. (2009). Chlamydoselachus africana, a new species of frilled shark from southern Africa (Chondrichthyes, Hexanchiformes, Chlamydoselachidae). Zootaxa, 2173(1), 1-18.
- Frilled shark, oceana.org. Recogido a 26 de marzo en https://oceana.org/marine-life/sharks-rays/frilled-shark
- Frilled shark, Shark Research Institute. Recogido a 26 de marzo en https://www.sharks.org/frilled-shark-chlamydoselachus-anguineus
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