Vasculite em cães: o que devemos saber?
Escrito e verificado por o veterinário Juan Pedro Vazquez Espeso
No mundo da medicina, existem certos sinais clínicos que ajudam os veterinários a orientar o diagnóstico. Existem muitas doenças associadas a certas condições.
O caso da vasculite em cães é particularmente interessante, pois fornece informações muito valiosas quanto à existência de outras patologias.
Quando um sinal clínico ocorre como consequência de outro processo patológico, ele é chamado de “secundário”. A vasculite em cães costuma ser um sinal secundário. Por isso, se um veterinário clínico detectar a vasculite em um cachorro, ele deve estar atento e se aprofundar mais quanto à natureza e à origem dessa condição.
O que é a vasculite?
A vasculite é uma inflamação dos vasos sanguíneos causada por uma lesão do endotélio, isto é, da camada interna que cobre esses vasos. Também pode ocorrer devido à extensão de processos inflamatórios ou infecciosos adjacentes.
Quando há danos no vaso sanguíneo (mais adiante, vamos explicar as causas disso), ocorre uma inflamação do tecido vascular. Durante essa inflamação, originam-se enzimas que provocam danos significativos à parede do vaso sanguíneo, causando hemorragia e necrose na área afetada.
- A vasculite pode ocorrer na pele, de modo que estaríamos falando de vasculite cutânea.
- Pelo contrário, também pode ocorrer de forma sistêmica, ou seja, afetando o animal de forma geral.
Quanto às lesões observáveis decorrentes da vasculite cutânea, é comum a presença de úlceras, bolhas ou necrose na área afetada. Mucosas, bordas das orelhas e almofadinhas das patas são as áreas preferenciais onde a lesão costuma se desenvolver. Esses sinais ocorrem em todos os processos que cursam com vasculite.
Outros sinais, tais como depressão, febre, edema ou dor nas articulações, também podem estar presentes dependendo da causa primária e costumam estar associados à vasculite sistêmica.
Causas da vasculite
Conforme já foi mencionado, há uma grande variedade de processos patológicos envolvidos no possível desenvolvimento da vasculite. Vamos mencionar os mais frequentes:
- Causas infecciosas: diversos parasitas, como, por exemplo, o famoso verme do coração. Ou também vírus, como o coronavírus canino ou certas bactérias.
- Causas imunomediadas: certas condições nas quais há o envolvimento de um transtorno do sistema imunológico podem levar ao desenvolvimento da vasculite. Por exemplo, reações adversas a medicamentos ou vacinas, hipersensibilidade alimentar, artrite reumatoide ou lúpus eritematoso sistêmico, entre outras.
Foi demonstrado que a inoculação de certas toxinas, como, por exemplo, as picadas de aranha, também podem causar vasculite.
Tratamento
O tratamento da vasculite em cães sempre estará focado na resolução da causa primária do problema. Às vezes, o prognóstico da vasculite é reservado até que a doença primária seja resolvida. Uma vez que há muitas variáveis envolvidas, pode ser difícil encontrar o elemento causador de forma precoce.
No entanto, enquanto a origem do problema é determinada, recomenda-se o uso de antibióticos preventivos. Por outro lado, muitos autores também citam os benefícios do uso de corticoides como anti-inflamatórios e imunossupressores, embora esses procedimentos não tenham sido comprovados como totalmente eficazes.
A vasculite em cães derivada da vacina antirrábica
A vasculite causada pela administração da vacina antirrábica merece especial consideração. Na opinião do escritor, estamos diante da causa mais frequente de doença. Esse quadro tem sido descrito frequentemente em indivíduos de raças como Poodle miniatura, Yorkshire Terrier, Pequinês ou Bichon Maltês.
Nesses animais, pode surgir uma lesão secundária à administração da vacina, na forma de alopecia localizada.
A queda de pelo no local da aplicação da vacina ocorre entre o primeiro e o quinto mês após a aplicação. Além dessa lesão, também podem se formar crostas ou úlceras em diferentes áreas do corpo, tais como as pontas das orelhas ou os lábios.
É necessário lembrar que esse conteúdo não constitui um diagnóstico nem uma indicação de tratamento. São informações interessantes para que qualquer leitor possa aprender um pouco mais sobre temas tão interessantes quanto o que foi discutido aqui.
Assim, caso o seu cachorro apresente alguma lesão, sempre procure um veterinário de confiança e nunca administre medicamentos sem receita médica.
Este texto é fornecido apenas para fins informativos e não substitui a consulta com um profissional. Em caso de dúvida, consulte o seu especialista.