A capacidade de mimetismo da lula
Escrito e verificado por o advogado Francisco María García
A lula vem da família dos cefalópodes, assim como o polvo e as sépias. São espécies de moluscos invertebrados, que se caracterizam por ter uma cabeça volumosa, tentáculos e capacidade de camuflagem.
A capacidade de mimetismo da lula é uma peculiaridade que fascina o ser humano há anos. Devido a esse interesse, muitos estudos foram realizados.
Cefalópodes são capazes de imitar seu ambiente em uma situação de risco, perigo e, também, de acasalamento.
Para isso, eles têm um saco de tinta que expelem como parte de seu mecanismo de defesa. Em muitas ocasiões, essa ‘habilidade’ permite que fujam dos predadores ou capturem suas presas.
Existem outros crustáceos, peixes e anfíbios capazes de se camuflar, mas o funcionamento dessa capacidade varia.
Até agora, os cientistas observaram melhores resultados no processo de pigmentação da lula.
O segredo do mimetismo na lula
O mimetismo na lula é possibilitado pelas células distribuídas ao longo de sua pele. Essas células, chamadas cromatóforos, têm uma espécie de sacos que contêm pigmentos refletores da luz.
Em situações de perigo, estresse ou ansiedade para o cefalópode, os sacos são deformados como resultado de contrações musculares, o que atinge um efeito ótico de camuflagem com o ambiente.
Para expandir o saco, o cérebro da lula envia um estímulo elétrico aos músculos que envolvem os sacos.
Os músculos se contraem e os sacos se expandem até refletirem a luz; é isso que faz parecer que a lula mudou de cor.
Uma condição semelhante é apresentada pelo espécime Onychoteuthis banksii, que vai de um estado transparente a uma cor opaca.
A velocidade com que uma lula pode mimetizar-se permite reagir rapidamente ao perigo. Além disso, sua camuflagem é tão eficaz que até passa despercebida pela radiação infravermelha.
A tinta como arma de defesa
A lula é carnívora e agressiva, o que, em muitos casos, a coloca em risco de ser devorada por outros predadores.
Outro mecanismo de defesa da lula é sua tintura, um elemento que serve inclusive como camuflagem nas profundezas.
De acordo com sua anatomia, a tintura está localizada em um saco próximo ao ânus e é composta de melanina.
De fato, é o mesmo pigmento que determina a cor da pele humana, por isso a mancha é de cor intensa, mas não permanente.
A tintura da lula tem uma textura viscosa, o que a torna bastante espessa no momento de sua ejeção. Quando a lula se sente ameaçada, ou considera que está em risco, ela expele a tinta.
Essa substância se torna uma nuvem negra que desorienta o predador ou a vítima. Com isso, ela tem a oportunidade de agir.
Em algumas espécies, a tinta de lula pode ser tóxica ou irritante para a pele. Há até mesmo lulas venenosas que, com outras substâncias que não a tinta, podem paralisar suas presas.
De água para material de camuflagem humana
O estudo sobre a capacidade de mimetismo na lula levou os cientistas a transferirem as habilidades delas para o homem.
Em estudos recentes, alguns especialistas investigaram o funcionamento de cromatóforos, com os quais avaliaram a possibilidade de criar materiais de camuflagem.
Uma das opções propostas é isolar os pigmentos das células da lula. Assim se criaria camadas ultrafinas de pigmentação que se adaptariam às cores do ambiente.
Este material poderia então ser usado, de forma externa e funcional, em qualquer tipo de vestimenta.
Outra linha de análise tem sido a recriação de sacos celulares através de pigmentos artificiais. Os cromatóforos artificiais são ativados por impulsos elétricos, como se fossem músculos artificiais, isso permite que o saco se expanda e tenha o efeito de camuflagem.
Especialistas o chamam de “vestuário inteligente”, embora esteja na fase inicial.
Em ambos os casos, estudos mostraram a possibilidade de criar materiais que podem ser colocados em roupas.
Esta poderia ser uma opção para equipes de guerra e defesa ou também para observadores da natureza. O que resta a partir de agora é materializar esses estudos, garantindo sempre a preservação da lula.
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