O que é a agroecologia?
Escrito e verificado por a bióloga Ana Díaz Maqueda
Não se pode duvidar de que os sistemas agrícolas atuais forneceram alimentos para bilhões de pessoas em todo o mundo. Esse tipo de cultivo intensivo é cada vez mais essencial, já que estamos diante de um planeta claramente superpovoado pela espécie humana. No entanto, esses métodos de obtenção de alimentos também têm causado algumas das ações mais danosas para o planeta, como desmatamento, contaminação de aquíferos, perda de biodiversidade ou desertificação. A agroecologia foi desenvolvida para neutralizar esses danos e salvar o meio ambiente.
Uma nova disciplina
Os procedimentos e as técnicas que definem esse tipo de sistema não são uma invenção nova, pois as primeiras referências a essa nova forma de agricultura foram publicadas em 1920.
Desde então, de forma ampla, esse ramo da ciência tem oferecido abordagens para o desenvolvimento sustentável, de forma a proporcionar soluções reais para os problemas locais e capacitar os produtores.
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A diversidade dos recursos naturais
Atualmente, existem três tipos de lavouras que sustentam 50% da população mundial: arroz, trigo e milho. Enquanto isso, a diversidade genética de outros tipos de plantações, do gado e de milhões de espécies selvagens de plantas e animais está desaparecendo rapidamente.
Os sistemas agroecológicos, ao contrário, tendem à diversidade. De uma perspectiva biológica, a agroecologia aumenta a variedade de espécies em um ambiente específico.
Assim, as lavouras são desenvolvidas onde há espaço para um maior número de espécies e incluem arbustos e árvores. Outras ações realizadas para aumentar a biodiversidade local são:
- Culturas rotativas, que incluem leguminosas que aumentam o nitrogênio no solo naturalmente graças à sua simbiose com bactérias.
- Os sistemas de gado melhoram as espécies e raças locais.
- No mundo aquático, a piscicultura segue o mesmo padrão da pecuária.
Troca de conhecimento: a base da agroecologia
As práticas agroecológicas não seguem um padrão único, pois dependem do contexto ambiental, social, econômico, cultural e político da região.
A troca de conhecimento entre agricultores, por exemplo, é uma das bases que sustenta esse tipo de sistema. Dessa forma, a implementação de inovações é baseada na experiência e no conhecimento das pessoas que trabalham a terra, além de suporte científico.
A sinergia ou a ação conjunta que fortalece todos
Em suma, a sinergia da agroecologia favorece que todas as ações realizadas enfrentem um problema comum: um clima cada vez mais mutante, ou seja, deter a aceleração das mudanças climáticas.
Assim, os sistemas agroecológicos são projetados para combinar culturas perenes e anuais, gado, animais aquáticos, solo, recursos florestais, água e outros componentes da paisagem agrícola. Assim, todos têm o seu lugar e existe uma relação positiva entre eles, o que favorece o combate às alterações climáticas.
A agroecologia como um sistema mais eficiente e de reciclagem
Um dos maiores problemas que surge da agricultura tradicional é o excesso de compostos de nitrogênio usados como fertilizantes nas lavouras. 50% desse nitrogênio é absorvido pelas plantas, mas o resto se perde na terra e acaba contaminando as águas.
Os sistemas de cultivo rotativo que incluem leguminosas resolveriam esse problema, pois fixam nitrogênio suficiente e o disponibilizam para as safras subsequentes. Aqui, a capacidade de reciclagem da agroecologia entraria em jogo.
Os fertilizantes químicos ricos em nitrogênio têm altos custos econômicos e ambientais. Ao implementar o uso do rodízio, essas despesas seriam reduzidas exponencialmente. Na natureza, o termo desperdício não existe, pois tudo vale para alguma coisa ou é benéfico para algumas espécies.
Fortalece os valores humanos e sociais
A agroecologia protege e melhora o modo de vida rural, a igualdade entre as pessoas e o bem-estar social. Esses fatores são essenciais para um sistema agrícola sustentável.
Se os agricultores são maltratados, principalmente agricultores dos países em desenvolvimento, nada faz sentido. Afinal, sua função é produzir para outros que não valorizam seu trabalho, nem seu tempo, muito menos a biodiversidade que os faz subsistir.
Os governos entram em jogo aqui porque se eles não promovem uma forma eficaz de proteger seus cidadãos, deve haver um poder global que o faça.
Dessa forma, as leis internacionais que defendem a natureza como um todo e também os direitos humanos são totalmente necessárias para o estabelecimento da agroecologia.
De forma semelhante, os sistemas agroecológicos apoiam dietas saudáveis e diversificadas que são culturalmente apropriadas. Ou seja, incentiva o consumo de produtos locais que enriquecem as pessoas e a cultura, além de proteger a biodiversidade das espécies.
Isso também cria uma rede de comércio circular local e a solidariedade econômica.
Agroecologia, a transição para uma agricultura sustentável
A agroecologia está na agenda da maioria dos países desenvolvidos, assim como dos países em desenvolvimento.
A mudança climática é uma realidade, o aumento da temperatura global, a falta de terras agricultáveis e o aumento da população mundial são fatos que precisam ser resolvidos.
Esses tipos de sistemas são uma trégua para o planeta, bem como uma forma de ensinar à população mundial que existem outras formas de vida igualmente enriquecedoras, mas mais saudáveis para a Terra.
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