Na Alemanha, será obrigatório passear com os cães duas vezes por dia
Escrito e verificado por a bióloga Ana Díaz Maqueda
Para as pessoas que têm cães no núcleo familiar e os tratam com igualdade, essa notícia pode ser estranha. Mesmo assim, muitos animais de estimação não se exercitam o suficiente diariamente. Pensando no interesse do bem-estar animal, a Alemanha decidiu que será obrigatório passear com os cães duas vezes por dia a partir do ano de 2021.
Muitos cães alemães nunca saem de casa ou dão apenas uma volta no quarteirão. Essa lei, além disso, levará em consideração outros sofrimentos caninos, como a solidão ou o fato de ficar preso na coleira o dia todo.
A lei alemã que tornará obrigatório passear com os cães
A nova lei a ser tornada pública na Alemanha em 2021 especificará a frequência com que os responsáveis devem passear com os cães diariamente.
A nova regulamentação foi proposta pela ministra da Agricultura do país, Julia Klöckner, baseando-se em estudos científicos que mostram que os cães precisam de uma quantidade suficiente de atividades e estímulos, tanto ambientais quanto sociais.
As evidências mostram que muitos dos 9,4 milhões de cães alemães não fazem exercícios físicos ou mentais suficientes. Por esse motivo, a Hundeverordnung ou Lei Canina impedirá que os tutores façam o que quiserem e deem apenas uma curta caminhada ao redor do prédio.
Entretanto, como fazer ou verificar que esses tutores não acostumados a andar com seus bichinhos vão fazer isso a partir de agora? De acordo com uma porta-voz do ministério, caberá a cada estado alemão fazer cumprir a lei assim que ela for promulgada.
Outros detalhes da Lei Canina
Além de ser obrigatório passear com os cães duas vezes ao dia, essas caminhadas não poderão durar menos de uma hora.
A lei também faz referência ao fato de que muitos cães passam muitas horas sozinhos ao longo do dia, não apenas devido ao horário de trabalho do tutor. A partir do momento em que a lei passar a valer, essa questão também será regulamentada.
Dessa forma, se um responsável tiver que deixar seu cachorro por mais de oito horas, alguém terá que visitá-lo. Outro dos artigos da referida lei vai no mesmo sentido: será proibido deixar um cão preso na coleira por mais do que um período de tempo muito específico e breve.
Um debate polêmico
Após a notícia, surgiu um debate que alguns jornais chamam de “animado”, um título impreciso quando falamos sobre o bem-estar dos animais. Na verdade, de dentro do próprio partido da ministra, uma deputada chamada Saskia Ludwig tuitou o seguinte:
“DIVULGAÇÃO VOLUNTÁRIA: Não vou levar meu Rhodesian Ridgeback para caminhar duas vezes em um calor de 32 graus, mas vamos pular no rio para nos refrescar.”
Quando se trata do bem-estar dos cães, não é correto mantê-los dentro de casa por dias, nem mesmo quando se tem um quintal. Os cães precisam de novos estímulos que os façam desenvolver o olfato e os mantenham mentalmente ativos.
Da mesma forma, cães que receberam uma educação correta e sabem se comunicar com outros cães e humanos devem continuar trabalhando nesse sentido. Aqueles que, por outro lado, não tiveram essa sorte, devem ter a possibilidade de melhorar e aprender.
Se privarmos os cães de alguns bons passeios, não só pelo bairro ou pelo parque mais próximo, mas também pelos campos, não estaremos oferecendo a esses animais todo o bem-estar que merecem. Como disse Klöckner:
“Os cachorros não são brinquedos de pelúcia. Eles também têm necessidades próprias, que devem ser levadas em consideração”.
Pessoas isentas de cumprir a nova lei?
Até o momento, não se sabe se haverá pessoas que não terão que cumprir a lei, embora o bom senso possa nos dar algumas pistas. Por exemplo, um homem comentou que seu cachorro de 14 anos com câncer não conseguia andar tanto por causa de sua condição médica.
Qualquer veterinário concordará que os cães precisam sair para se exercitar diariamente e, além disso, que esse exercício deva ser de qualidade.
Contudo, obviamente, se um animal tiver alguma patologia que dificulte a caminhada ou provoque cansaço, ele não pode ser forçado, pois também seria uma forma de maus-tratos.
Infelizmente, devido ao comportamento incorreto de alguns responsáveis, leis como essa que promovem o bem-estar dos animais de estimação são necessárias, da mesma forma que existem regulamentações sobre abandono, maus-tratos físicos e outros tipos de danos aos animais.
Leis que fortalecem a segurança e o bem-estar de cães e de outros animais devem ser sempre bem-vindas.
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