Animais de estimação podem ter Alzheimer?
Escrito e verificado por a bióloga Paloma de los Milagros
O Alzheimer é uma doença neurológica que tem como principal grupo de risco a população humana acima de 65 anos. No entanto, cientistas afirmam que essa patologia também pode afetar o reino animal. Confira vários sintomas que ajudam a detectá-la.
Os primeiros sintomas principais no diagnóstico do Alzheimer são perda de memória, problemas emocionais e dificuldades de raciocínio que, normalmente, vão evoluindo com o avançar da idade até atingir o estado de demência.
O declínio cognitivo está associado à formação de placas e emaranhados de duas proteínas fibrosas, o peptídeo beta-amilídeo e a proteína tau, no cérebro. No entanto, ainda está sendo investigado se essas estruturas são o foco da doença ou o resultado de um processo maior.
Até agora, os animais tinham desempenhado um papel fundamental tanto no desenvolvimento de modelos científicos que ajudassem a entender a doença, quanto na terapia dos próprios afetados. No entanto, nos últimos anos, vários animais selvagens passaram a ser objeto de estudo.
Novas descobertas sobre o Alzheimer em animais
Dois anos atrás, várias descobertas relacionadas à deterioração do cérebro de animais mudaram o curso da pesquisa sobre o Alzheimer. Foi em agosto de 2017 que um grupo de cientistas da Kent State University (EUA) detectou sinais da doença em chimpanzés.
A credibilidade do estudo se baseava no fato de ser a primeira vez que se trabalhava com amostras de cérebro de primatas que morreram na década de 90. Os cérebros, do National Chimpanzee Brain Resource, apresentavam maior quantidade de placas de proteína fibrosa quanto maior era o grau de envelhecimento do animal. Assim, a analogia com a espécie humana foi mostrada.
Posteriormente, em outubro daquele mesmo ano, outro estudo publicado na revista Alzheimer’s & Dementia revelou que havia encontrado vestígios da doença em golfinhos selvagens. Esses animais, como as orcas e os humanos, têm uma longa expectativa de vida que vai além do seu estágio fértil.
Essa possibilidade de atingir a longevidade foi o que motivou um grupo de cientistas da Universidade de Oxford (Reino Unido) a estudar a predisposição dos cetáceos para contrair o Alzheimer.
Em sua pesquisa, eles analisaram cérebros de golfinhos mortos que foram arrastados para a costa pela maré da Espanha. Neles, encontraram as formações proteicas fibrosas características da doença, o que, associado à velhice, os teria levado à morte natural.
No entanto, deve-se notar que as conclusões obtidas em ambos os experimentos carecem de dados sobre os sintomas que esses animais poderiam ter apresentado em vida. Portanto, sua demência não pode ser totalmente confirmada.
Demência em cães e gatos
Embora a presença do Alzheimer não tenha sido confirmada, esses animais são suscetíveis a apresentar uma patologia semelhante, talvez resultado da anterior, conhecida como demência cognitiva.
Entre os estudos que mostram tendência a contrair a doença, destaca-se um realizado pela Universidade da California-Berkeley. Nele, 62% dos cães analisados, com faixa etária entre 11 e 16 anos, apresentavam um ou mais sintomas de demência:
- Alterações no ciclo do sono: o animal dorme mais horas durante o dia, podendo acordar à noite.
- Falta de interação com o dono ou outros animais. O comportamento do animal se destaca pela inatividade e desmotivação.
- Falta de apetite.
- Incontinência urinária ou fecal.
Devido a esses sintomas, o ideal é consultar o veterinário, principalmente se ocorrerem em uma idade precoce. No entanto, o conselho geral diante de um estado fisiológico normal é encorajar exercícios, estimular brincadeiras, socializar com outras pessoas ou animais de estimação e cuidar bem da alimentação.
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