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Animais na religião: um vínculo histórico

3 minutos
A caça pode ser a origem dos sacrifícios sagrados dos animais.
Animais na religião: um vínculo histórico
Paloma de los Milagros

Escrito e verificado por a bióloga Paloma de los Milagros

Última atualização: 22 dezembro, 2022

A presença dos animais na religião é caracterizada por sua variedade simbólica e sua diversidade, dependendo da divindade referente. Seja como guias, objetos de sacrifício ou meros companheiros, várias espécies contribuíram para o culto sagrado.

A realidade mais óbvia é que os animais na religião são estranhos à natureza do homem. Isso foi confirmado pela rejeição dos fiéis à obra A Origem das Espécies, com a qual Charles Darwin divulgou sua teoria da evolução humana em 1859.

Essa dualidade homem-animal aprimora a missão das diferentes religiões de ‘elevar’ o ser humano além de sua própria animalidade terrestre, confraternizando com o divino.

Papel dos animais na religião

Apesar da dualidade mencionada, vale ressaltar a importância que a presença animal ganhou em vários contextos religiosos. Nesse aspecto, os praticantes da fé e os teólogos estabelecem duas categorias principais:

  • Animais de sinalização ou mensageiros. Agem como seres com propriedades especiais e divinas que servem para guiar ou iluminar o homem em direção à divindade. Inúmeros exemplos aparecem nas narrativas bíblicas de cristãos e judeus.
  • Animais como populações discretas. Agem como um grupo de indivíduos, alheios à natureza humana, mas relevantes em relação ao seu simbolismo sagrado. Um exemplo seriam os macacos localizados nas proximidades dos templos budistas.
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Essa ampla classificação pode sofrer derivações subjacentes, uma vez que a diversidade de ritos, deuses e, em geral, a origem e evolução das diferentes religiões, complica a homogeneização do simbolismo animal.

Portanto, animais de sinalização que às vezes agem como transmissores podem, em outras vezes, alcançar o status divino, tornando-se objetos de adoração. O conceito de culto aos animais é atribuído aos polemistas gregos e romanos que os usavam para mostrar sua rejeição às teorias teriomórficas, cujos deuses tinham forma de animais.

No entanto, é preciso notar que seu culto, na maioria dos casos, não era destinado às espécies em questão, e sim ao poder sagrado que havia reencarnado em um novo ser.

Entre os mais conhecidos estão os elefantes, considerados um símbolo de boa sorte pelos hindus. Seu expoente máximo é Ganesha, que tem a cabeça do referido animal e corpo humano.

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A origem dos sacrifícios

Frente ao respeito mostrado a esses animais na religião, há também os sacrifícios. Apesar da dificuldade de explicar sua origem, diferentes estudiosos religiosos, como o alemão Walter Burkert ou o historiador romeno Mircea Eliade, atribuem isso à uma tensão emocional.

O homem, ao contrário de outras espécies, quando pratica a caça, simpatiza com o sofrimentoEssa tensão entre a compaixão e a necessidade de matar deu origem a rituais pré-caça que foram, posteriormente, extrapolados para o domínio religioso.

Para Burkert, quando o homem caça, um instinto típico de animal é despertado nele, daí a sua frase “na caça, deve-se tratar um animal que é muito semelhante a um humano da maneira que você não deve tratar um humano”, dando origem aos sacrifícios consequentes.

A catarse gerada pelo triunfo, e a ansiedade de ter matado, supunham a origem de diversas práticas destinadas a evidenciar o ‘consentimento’ do animal. É um mito herdado da mitologia grega ou dos rituais dos antigos israelitas na Bíblia.

Homogeneizar o papel dos animais na religião é complexo e teoricamente inviável, dada a diversidade de cultos existentes. No entanto, sua contribuição direta ou indireta para a iluminação do homem parece ser uma característica comum nos diferentes tipos de fé.


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  • Encyclopaedia Britannica. Animal Worship.(S.f). Recuperado de https://www.britannica.com/topic/animal-worship
  • Gross, A. S. (2017). Oxford Handbooks Online. Religion and Animals. Recuperado de https://www.oxfordhandbooks.com/view/10.1093/oxfordhb/9780199935420.001.0001/oxfordhb-9780199935420-e-10

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