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Arenas de exibição: leks e seleção sexual

4 minutos
Os leks são arenas de combate onde os machos exibem as suas características para atrair as fêmeas, em muitos casos, arriscando suas vidas. Trata-se de um tipo de seleção sexual.
Arenas de exibição: leks e seleção sexual
Samuel Sanchez

Escrito e verificado por o biólogo Samuel Sanchez

Última atualização: 22 dezembro, 2022

A natureza é implacável: o sucesso no mundo animal vem com um risco inerente, algo conhecido como trade off ou compromisso. E uma das forças de seleção que define o mundo natural é a “seleção sexual”.

A seguir, vamos falar mais sobre esses termos e a forma como eles se relacionam com o sucesso reprodutivo no mundo animal. Tanto a seleção natural quanto a seleção sexual atuam sobre a capacidade de deixar descendentes entre os animais, uma vez que esse é o seu objetivo vital. Por isso, existem diversas estratégias na natureza para chamar a atenção das fêmeas.

Os machos mais bem-sucedidos estarão representados nas gerações futuras, de tal forma que, em muitos casos, podem até mesmo arriscar as próprias vidas para encontrar uma parceira.

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Muitos animais são capazes de fazer qualquer coisa por sexo

A seleção sexual atua sobre a capacidade de reprodução dos organismos. Essa força é condicionante o suficiente para que alguns animais exibam características que complicam as suas chances de sobrevivência.

Um exemplo que todos conhecemos é o dos pavões, que exibem suas caudas extravagantes e coloridas para impressionar suas potenciais parceiras, mas que também aumentam o risco de que eles sejam vistos por um predador.

Existem outros exemplos no mundo natural nos quais os machos mostram interesse e valorização pelas fêmeas: desde presentes de casamento até a construção de ninhos coloridos. Mas o que acontece quando os machos competem cara a cara pelo amor de suas pretendentes?

Os leks: autênticos campos de batalha

O termo lek faz alusão tanto a um local físico onde os machos de uma espécie se agrupam para atrair as fêmeas quanto às exibições comportamentais desses machos. Os leks são típicos das aves, mas também estão presentes em mamíferos, peixes, anfíbios e insetos.

Nessas arenas, os machos adotam uma ordem hierárquica. O macho alfa ocupa a área central com a melhor visão e defende alguns poucos metros de território. O restante dos machos vai se agrupando de acordo com sua força e os mais fracos são relegados a áreas menos atraentes e com menor visibilidade.

Uma vez escolhido o local, é hora de dar tudo de si. Os machos começam a fazer exibições e danças, movimentos ordenados, cantos e chamados… Tudo para chamar a atenção de suas pretendentes do sexo feminino.

Isso tudo, naturalmente, tem um preço a ser pago: estudos demonstraram que no tetraz-cauda-de-faisão (Centrocercus urophasianus) o gasto de energia aumenta linearmente com a frequência de danças e exibições. Os machos que mais acasalam são aqueles que mais se movem, então o esforço é recompensado.

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Questão de genes

As fêmeas passeiam pelos leks como quem está fazendo compras, mas como elas escolhem os pretendentes?

A preferência no mundo natural pode ser resumida de uma maneira simples: a genética. Os machos mais visíveis e que gastam mais energia com seus movimentos e exibições estão enviando uma mensagem clara: “Eu sou mais forte do que os outros”, colocando, assim, a seleção sexual em prática.

Estudos demonstraram que, no galo-lira (Lyrurus tetrix), existe uma correlação entre o vigor dos machos e as suas chances de sobrevivência. Assim, a escolha parece simples: as fêmeas escolhem os machos que mais chamam atenção porque eles carregam genes mais fortes que darão aos filhotes maiores chances de sobrevivência.

As fêmeas têm um objetivo claro: obter o esperma do macho dominante e ir embora o mais rápido possível. Elas cuidam sozinhas da prole, de modo que a estratégia do lek só é vista em espécies nas quais não há cuidado com os filhotes por parte do macho.

As fêmeas não ganham nada por serem fiéis aos seus parceiros, uma vez que os machos não vão se encarregar de cuidar dos filhotes. Assim, elas podem procurar o melhor de todos e depois abandoná-lo. 

Leks na Península Ibérica: a abetarda

A abetarda-comum (Otis tard) apresenta esse método único de cortejo e pode ser vista em áreas de grama baixa e seca no planalto central, a partir de março.

Os machos fazem o cortejo “em roda”, e se exibem inflando as gargantas, escondendo as cabeças e arrepiando as penas enquanto fazem movimentos cíclicos. Trata-se de um comportamento reprodutivo verdadeiramente fascinante e que pode ser apreciado ao vivo, mas sempre sob a supervisão de especialistas em vida selvagem.

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A seleção sexual é uma força que condiciona tudo

A seleção sexual é uma força que condiciona as formas e o comportamento de todos os animais selvagens. É por isso que, no mundo natural, encontramos formas tão estranhas, cores chamativas ou cantos estridentes.

O processo se baseia na competição intraespecífica (entre machos da mesma espécie) e tem como objetivo final dar origem à maior descendência possível. Os machos que se arriscam mais serão os mais bem-sucedidos, mas também estarão ao alcance dos seus predadores.

Os leks são um exemplo claro dessa força de seleção. Ao se exibirem como se estivessem em uma vitrine, fica evidente que os que mais chamam atenção e que são mais ousados serão os mais representados nas gerações futuras.


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  • Colaboradores de Wikipedia. Otis tarda [en línea]. Wikipedia, La enciclopedia libre, 2020 [fecha de consulta: 5 de marzo del 2020]. Disponible en <https://es.wikipedia.org/w/index.php?title=Otis_tarda&oldid=123898479>.
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  • Evolution.berkeley.edu. (2020). La selección sexual. [online] Available at: https://evolution.berkeley.edu/evolibrary/article/0_0_0/evo_28_sp.

 


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