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As sanguessugas e a sua aplicação na Medicina

4 minutos
A terapia com sanguessugas é um dos tratamentos mais antigos da história da Medicina. Essa terapia voltou a ser aplicada na atualidade em alguns procedimentos específicos.
As sanguessugas e a sua aplicação na Medicina
Última atualização: 17 setembro, 2019

As sanguessugas são invertebrados hermafroditas pertencentes à família dos anelídeos. Existem diferentes espécies com uma grande diversidade biológica. Este artigo vai se centrar na sua aplicação medicinal e na utilização de uma espécie: a Hirudo medicinalis.

Antecedentes

As sanguessugas têm sido consideradas indispensáveis no tratamento de doenças desde a sua aparição na história, por volta do ano de 3500 a.C.

Os indícios de sua presença ficaram registrados em estruturas arqueológicas de babilônios e egípcios, assim como nos túmulos da XVIII Dinastia do Antigo Egito (1567 – 1308 a.C.). Também aparecem na Bíblia e no Alcorão.

No Antigo Egito, a terapia com sanguessugas e a sangria foram os tratamentos mais empregados. De mesmo modo, foi uma prática realizada por outros povos, entre os quais encontravam-se os gregos, os romanos, os maias, os astecas e os mesopotâmicos.

Na Grécia, a terapia com sanguessugas foi introduzida por Hipócrates, o pai da Medicina. Essa técnica foi defendida pelo filósofo Galeno, que acreditava na teoria dos humores no corpo.

Segundo essa teoria, o corpo saudável caracteriza-se por ter um equilíbrio entre os diferentes humores. Por outro lado, um corpo doente apresenta um desequilíbrio entre esses humores. Para solucioná-lo, o sangue, considerado o humor predominante, deve ser extraído.

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Com relação à influência islâmica, a sangria e a terapia com sanguessugas eram as duas técnicas predominantes. Ficaram registradas em diferentes textos, como o Fil tib Alqanoon e o Altasreef liman Ajeza Anittalif.

Por último, na medicina ayurvédica, o deus hindu Ayurveda sustenta entre as suas quatro mãos uma sanguessuga, uma concha, um disco de energia e um pote.

Tratamento

A época de ouro dessa prática medicinal data da Idade Média. Há um relato curioso, inclusive, contado pelos peregrinos que faziam o Caminho de Santiago. Ao longo da viagem, paravam em poças d’água e banhavam-se na água dos rios.

Acreditava-se que o repouso propiciava alívio aos peregrinos. No entanto, as responsáveis por esse efeito eram as sanguessugas: elas aliviavam os edemas causados pela caminhada.

Especificamente, preveniam a doença tromboembólica graças à hirudina, uma substância produzida pelas glândulas salivares da sanguessuga.

O tratamento aplicava uma espécie específica de sanguessuga, a Hirudo medicinalis. Essa variedade é conhecida por suas diferentes propriedades terapêuticas e recebe o nome de sanguessuga medicinal.

Mecanismos de ação

O aspecto de maior destaque no seu uso são as substâncias que fazem parte da saliva dessa espécie. Entre essas substâncias encontram-se vasodilatadores, anti-inflamatórios, anticoagulantes, analgésicos, bacteriostáticos ou antiedematosos.

Essas substâncias têm diferentes ações:

  • Eliminam os transtornos da microcirculação e a hipóxia.
  • Diminuem a pressão arterial.
  • Recuperam a permeabilidade vascular danificada.
  • Aumentam a atividade do sistema imunológico.
  • Resolvem a dor na sua origem.
  • Favorecem a melhora do estado bioenergético do organismo.
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Entre as substâncias mais importantes, encontram-se:

  • Anticoagulantes. O principal é a hirudina. Esse agente inibidor da trombina age detendo a coagulação do sangue. Pode ser clonado e aplicado no tratamento de transtornos cardiológicos e hematológicos.
  • Anti-inflamatórios. Destacam-se as bdellins, um composto que inibe a ação da tripsina, da plasmina e da acrosina.
  • Vasodilatadores. Entre eles distinguem-se a histamina, a acetilcolina e os inibidores da carboxipeptidase A. Todos eles aumentam o fluxo de entrada do sangue na região indicada.

Vantagens da terapia com sanguessugas

A aplicação dessa terapia não tem efeitos colaterais nem consequências negativas. Esse processo também é indolor e seguro.

É necessário mencionar que cada exemplar de Hirudo medicinalis é de uso único. Cada exemplar é uma máquina fármaco-química junto com uma potente bomba de sucção.

Contraindicações das sanguessugas        

O uso da Hirudo medicinalis traz uma série de riscos que é preciso ter em conta. Um deles está presente no intestino dessa sanguessuga, a bactéria gram-negativa Aeromonas hydrophila. Existe uma relação simbiótica entre ambas.

A bactéria Aeromonas hydrophila expele enzimas proteolíticas para digerir o sangue, e a sanguessuga Hirudo medicinalis oferece proteção.

Essa bactéria pode causar diversos problemas em humanos, desde celulite ou abscesso local até perda da pele ou complicações severas como sepse ou meningite.

O seu uso também não é recomendado em pessoas que sofrem de insuficiência arterial ou imunossupressão, bem como transtornos de coagulação ou infecções locais ou sistêmicas.

O seu uso não é aconselhável no caso de mulheres grávidas ou pessoas alérgicas a substâncias ativas da sanguessuga.

Conclusão

Essa terapia ancestral voltou a ser utilizada na atualidade. A sua efetividade ficou constatada em diferentes tratamentos específicos. Não obstante, é conveniente mencionar que a sua forma de utilização praticamente não sofreu alteração ao longo dos anos.


Todas as fontes citadas foram minuciosamente revisadas por nossa equipe para garantir sua qualidade, confiabilidade, atualidade e validade. A bibliografia deste artigo foi considerada confiável e precisa academicamente ou cientificamente.


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