Biologia da ariranha: saiba mais sobre esse animal
A ariranha é uma espécie de mamífero pertencente à ordem carnívora e a família Mustelidae, que vive principalmente na Amazônia.
Além disso, o seu nome científico é Pteronura brasiliensis e é a única espécie do gênero. Entretanto, duas subespécies são conhecidas: P. b. brasiliensis e P. b. paraguensis. Neste artigo, vamos conhecer um pouco mais sobre a biologia da ariranha.
Este mustelídeo também é chamado de lobo-do-rio ou onça-d’água. Além desses, outros nomes conhecidos são: no Brasil, ariraí ou ariranha; no Uruguai, lobo corbata; na Argentina, lobo gargantilla ou ariray; e no Paraguai, lobope.
O nome do gênero Pteronura vem das palavras do grego antigo “pteron” (pena ou asa) e “ura” (cauda), e se refere à forma característica de sua cauda, que se assemelha a uma asa.
Biologia da ariranha: distribuição e habitat
A subespécie P. b. brasiliensis está distribuída ao norte da América do Sul, entre as bacias do Orinoco e da Amazônia, incluindo as Guianas.
Por sua vez, a subespécie P. b. paraguensis está distribuída no Cone Sul e ocupa regiões do Paraguai, Uruguai, sul do Brasil e norte da Argentina.
Esse animal é encontrado em rios e riachos de água doce, sazonalmente inundados. Outros habitats aquáticos incluem nascentes de água doce e lagos permanentes. Além disso, dois fatores foram identificados para a seleção de habitat:
- A quantidade de alimentos, que parece estar correlacionada com locais de águas rasas e a presença de bancos de areia.
- Boa cobertura vegetal e, portanto, acesso direto aos locais de caça preferidos dessa espécie.
As áreas adjacentes aos rios são usadas para construir as tocas. Nelas, esses animais ficam protegidos durante boa parte do dia.
Além disso, as lontras limpam áreas de vegetação para construírem seus territórios. Inclusive, a extensão dessas áreas pode atingir um máximo de 28 metros de comprimento por 15 de largura. São marcadas por meio de glândulas odoríferas, urina e fezes.
Biologia da ariranha: características físicas
É a espécie mais longa entre os mustelídeos, mas não a mais pesada. Em outras palavras, os machos adultos têm entre 1,5 e 1,8 metro de comprimento e pesam entre 32 e 45 kg. Por sua vez, as fêmeas medem entre 1,5 e 1,7 metro de comprimento e pesam entre 22 e 26 quilos.
Entre todas as lontras do mundo, a lontra gigante tem o pelo mais curto. A coloração deste pelo varia entre o castanho claro e o castanho escuro, dependendo da parte do corpo. Entretanto, alguns animais também podem apresentar pelos loiros acobreados ou escuros.
O pelo é extremamente denso. Assim, a camada externa é a única que fica molhada, enquanto a camada interna fica sempre seca.
A camada externa tem aproximadamente oito milímetros de espessura, aproximadamente o dobro da largura da camada interna.
Além disso, as ariranhas têm uma mancha no pescoço, que varia entre creme e branco. O curioso sobre essa mancha é que sua forma é única para cada indivíduo.
Biologia da Ariranha: mais características físicas
O focinho da lontra gigante é bastante curto, característica que dá um aspecto oval ao seu rosto. Por outro lado, as orelhas são pequenas e arredondadas.
Além disso, esse animal tem vibrissas muito sensíveis, que permitem detectar qualquer alteração na pressão da água e nas correntes.
Isso torna mais fácil para a ariranha localizar sua presa. Por fim, todos os seus membros são grossos, terminando em grandes pés palmados com garras afiadas.
Elas também têm membranas interdigitais nas patas, que são usadas para nadar, manobrar e se impulsionar na água.
No caso desses animais quererem nadar mais rápido, eles podem se impulsionar com suas fortes caudas. Portanto, eles estão muito bem adaptados à vida aquática.
As ariranhas mostram-se ativas apenas durante o dia. A visão é especialmente aguda para caçar e, ao mesmo tempo, detectar e evitar possíveis predadores.
Esta característica é distintiva da lontra gigante, uma vez que as outras espécies de lontra têm visão normal ou ligeiramente míope, tanto em terra como na água. No caso da audição, sabe-se que ela é bastante aguçada e o sentido do olfato é muito desenvolvido.
Comportamento da ariranha
A ariranha é conhecida por ser um animal altamente social, que vive em grandes grupos familiares. Esses grupos geralmente são compostos de três a oito indivíduos e podem ter até 20 indivíduos no total. Esses grupos têm uma ligação forte, porque as lontras dormem, brincam, viajam e comem juntas.
Entretanto, atos de agressão entre indivíduos da espécie já foram documentados. A defesa contra intrusos parece ser cooperativa.Os machos adultos são os que normalmente lidam com encontros agressivos. Apesar disso, há casos de fêmeas alfa formando grupos de vigilância.
Alimentação da ariranha
A ariranha é um predador localizado no topo da cadeia alimentar e que come principalmente peixe. Esse animal captura mais frequentemente peixes de tamanho médio que vivem em águas rasas.
Além disso, também parecem ser oportunistas, porque têm uma grande capacidade adaptativa para consumir as espécies mais abundantes do seu ambiente. No caso de haver indisponibilidade de peixes, esses animais podem se alimentar de caranguejos e cobras.
Pode caçar sozinho, em pares ou em grupos. Para isso, usam sua visão apurada para localizar a presa. Às vezes, eles caçam de forma coordenada quando uma presa não pode ser capturada por uma única lontra. Por exemplo, quando caçam anacondas ou jacarés grandes.
A ariranha tem uma grade capacidade de se mover debaixo d’água. Assim, ela pode atacar sua presa de cima ou de baixo, segurando-a com suas mandíbulas.Ao capturá-la, a ariranha começa a consumi-la imediatamente. Esses animais comem cerca de 10% do seu peso corporal por dia (aproximadamente três quilos).
Reprodução da ariranha
As fêmeas costumam dar à luz aos filhotes durante a estação seca. Os ciclos de estro são de 21 dias e as fêmeas são sexualmente ativas entre o terceiro e o décimo dia. Entre as ariranhas, há a formação de casais e uniões de longo prazo.
Os períodos de gestação variam entre 65 e 70 dias. Após esse período, dão à luz entre um e cinco filhotes com uma média de dois. Os intervalos entre nascimentos relatados variam de 21 a 33 meses.
As fêmeas dão à luz em tocas previamente construídas e defendidas por seu grupo familiar. Ou seja, geralmente localizadas perto das margens dos rios e dos lugares favoritos para a pesca.
Ao nascer, os jovens têm muito pelo para se protegerem e são cegos. Os machos participam em toda a criação dos filhotes, mostrando que os laços familiares são fortes.
Da mesma forma, irmãos mais velhos também participam da criação dos filhotes, mas de forma menos ativa.
Geralmente, os filhotes abrem os olhos na quarta semana depois de nascerem e começam a andar na quinta semana.
Finalmente, são capazes de nadar adequadamente depois de 14 semanas. Eles param de crescer aos nove meses e começam a caçar por si mesmos pouco depois.
Estado de conservação da ariranha
Em 1999, a União Internacional de Conservação da Natureza (IUCN, na sigla em inglês) catalogou a ariranha como uma espécie em extinção. No entanto, já desde 1982, ela era considerada como uma espécie vulnerável.
O comércio da espécie e seus produtos é ilegal em todo o mundo, sob a regulamentação da Convenção sobre o Comércio Internacional das Espécies da Fauna e da Flora Selvagens Ameaçadas de Extinção (CITES).
A população total é difícil de estimar. Um estudo da IUCN, em 2006, sugeriu um número entre 1.000 a 5.000 ariranhas.
Conforme publicado na Lista Vermelha da instituição, considera-se que a presença da ariranha na Argentina e no Uruguai é incerta. A ariranha foi declarada monumento natural na província de Misiones, na Argentina, em agosto de 1996.
Como resultado da caça para extrair a pele, que foi mais acentuada nas décadas de 1950 e 1960, a população diminuiu consideravelmente.
Atualmente, a perda de habitat tornou-se a principal ameaça após a suspensão da caça. Tudo isso fez com que a distribuição da lontra fosse reduzida consideravelmente.
A ariranha, sendo um grande predador de peixes, causa conflitos com pescadores, que consideram a espécie uma competidora. O ecoturismo também representa um perigo para a espécie.
Esperamos que você tenha gostado de saber mais sobre a biologia da ariranha!
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- Duplaix, N. (1980). “Observations on the ecology and behavior of the giant river otter Pteronura brasiliensis in Suriname”. Revue d’Ecologie (Terre Vie), N° 34: 495-620.
- Carter, S.K. y Rosas, F.C.W. (1998). “Biology and conservation of Giant Otter (Pteronura brasiliensis)”. Mammal review, XXVII-1: 1-26.
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