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As borboletas podem mudar a cor de suas asas?

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Talvez você nunca tenha ouvido falar sobre isso, mas algumas borboletas podem mudar a cor de suas asas. Os seres vivos respondem às pressões ambientais das formas mais variadas.
As borboletas podem mudar a cor de suas asas?
Última atualização: 15 dezembro, 2022

A vida em liberdade é uma luta incessante pela sobrevivência para todas as espécies que compõem um ecossistema. É por isso que algumas delas, principalmente os insetos, desenvolveram técnicas incríveis para evitar predadores, como mudar a cor das asas.

Esse é o caso de algumas borboletas que vocês verão a seguir. Até recentemente, a variação de cor desses animais era um mistério que os humanos não conseguiram desvendar por muitos anos. Recentemente, ocorreu uma série de descobertas interessantes que explicam a plasticidade das asas de alguns lepidópteros.

As borboletas podem mudar a cor de suas asas?

A primeira coisa é responder a essa pergunta: surpreendentemente, sim. Não é algo que seja possível observar a olho nu, por isso é difícil pensar que um ser tão básico como um invertebrado pode mudar de cor.

A função dessa habilidade é, como seria esperado, enganar predadores. Os especialistas que investigaram esse fenômeno se focaram na espécie Heliconius numata, que muda a cor de suas asas para imitar outras espécies, como a borboleta-monarca, rejeitada pelas aves.

As espécies de borboletas do gênero Heliconius são conhecidas por se camuflar entre si, por isso são objeto de estudo.

Essa habilidade é conhecida como mimetismo mülleriano, com a qual diferentes espécies com características que repelem os predadores, como cores brilhantes ou veneno, modificam sua aparência para se ficarem mais parecidas umas com as outras.

 

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E como eles são capazes de mudar a cor de suas asas?

Para saber como funciona esse mimetismo, os pesquisadores localizaram e sequenciaram a região cromossômica responsável pelos padrões das asas da espécie Heliconius numata. Por meio de estudos genéticos, foi possível dar uma resposta a esse mecanismo.

Durante este estudo publicado no portal JSTOR, os cientistas puderam observar que o padrão de variação é controlado por vários genes, cuja combinação favorece o mimetismo e, ao mesmo tempo, impede combinações que produzem padrões não miméticos.

O estudo também descobriu que coexistem três versões do mesmo cromossomo no DNA dessa espécie e cada versão controla o padrão das asas de maneiras diferentes. O que isso significa? Basicamente, o genoma permite que nasçam borboletas que parecem completamente diferentes umas das outras, apesar de terem a mesma carga genética.

Mimetismo em ambientes alterados

A espécie Heliconius numata não é a única borboleta que muda a cor das asas para promover a sua sobrevivência. Além disso, essa técnica não se baseia apenas na interação com os predadores, mas também com o meio ambiente.

Um exemplo claro disso foi o surgimento das traças com asas negras no período da Revolução Industrial na Inglaterra, ainda no século XIX. Um estudo de 2011 da Universidade de Liverpool revelou que a mariposa Biston betularia mudou a cor de suas asas para se camuflar nos troncos de árvores cobertos pela fuligem da indústria.

Esse estudo estabeleceu uma das bases da demonstração de que a interferência do ser humano no meio ambiente afeta todo o ecossistema. Essas mariposas, quando finalmente pousaram em bétulas sem fuligem, ficaram claramente visíveis para os predadores, com o consequente declínio populacional.

O ser humano também pode influenciar o equilíbrio fenotípico de uma espécie em longo prazo.

 

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Conclusões: a conservação das borboletas atualmente

As borboletas, como muitos outros insetos, são essenciais para manter o equilíbrio do meio ambiente. Sua função é vital como polinizadoras, e elas servem de alimento para outras espécies. Só essas tarefas já bastam para mostrar que é fundamental lutar pela sua conservação.

A poluição e as mudanças climáticas são os fatores que mais afetam as populações de borboletas. Muitos países já iniciaram seus programas de conservação desses lepidópteros, incluindo o censo de espécies para descobrir quais podem estar em perigo de extinção.

A educação ambiental e social das novas gerações é essencial para manter as cores vivas desses lepidópteros voando entre nós. É necessária uma reflexão final: se as borboletas decidem mudar a cor de suas asas, não deveria ser por imposição do ser humano.


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