5 curiosidades de animais que habitam a Antártica

A Antártica é considerada um dos climas mais extremos. Portanto, para sobreviver nesse local, os animais se adaptaram de várias formas com o único objetivo de sobreviver.
5 curiosidades de animais que habitam a Antártica
Cesar Paul Gonzalez Gonzalez

Escrito e verificado por o biólogo Cesar Paul Gonzalez Gonzalez.

Última atualização: 21 dezembro, 2022

A Antártica é um dos continentes mais frios, inexplorados e diversificados que conseguiu se manter como um mistério até agora. Essa região é capaz de abrigar uma diversidade de fauna que luta todos os dias por sua sobrevivência: devido ao ambiente que encaram, esses animais tiveram que desenvolver várias capacidades e adaptações para sobreviver.

A natureza sempre encontra uma maneira de sobreviver, apesar de ter tudo contra si. Junte-se a nós nas linhas a seguir para conhecer 5 curiosidades de animais que habitam a Antártica que vão te surpreender.

1. O animal mais importante na Antártica é o menor

O krill antártico (Euphausia superba) é um pequeno crustáceo de apenas 6 centímetros de comprimento. Sua aparência é semelhante à do camarão comum e costuma se alimentar do fitoplâncton que se desenvolve na superfície do mar. Por seu tamanho, é o banquete perfeito para muitas espécies de animais, como focas, pinguins e baleias.

Apesar de tão pequeno, esse invertebrado fornece muitos nutrientes e proteínas, que permitem a outros animais sobreviver em ambientes difíceis. Na Antártica, a dieta animal é composta de algumas proteínas e gorduras. Portanto, o ecossistema não poderia suportar o desaparecimento do krill, uma vez que afetaria severamente outras espécies.

O krill antártico.

2. No frio, os tamanhos importam

Os climas extremos causam mudanças profundas na biologia dos seres vivos, e a Antártica não é uma exceção. Para resistir ao frio, muitas espécies precisam apresentar corpos robustos e grandes, com o único objetivo de armazenar gordura.

Nessas espécies, a gordura serve como isolante, portanto, quanto mais tecido adiposo, melhor. Por esse motivo, uma grande ingestão alimentar também é fundamental na vida da maioria dos seres vivos da Antártica.

De qualquer forma, é surpreendente encontrar nesse ambiente animais de porte reduzido. Por exemplo, os pinguins-imperador (Aptenodytes forsteri) têm apenas 1,20 metros de altura. Comparado a um humano, é um animal bastante pequeno. No entanto, ainda é a maior espécie de pinguins.

Comparado aos pinguins tropicais – que medem entre 35 e 76 centímetros – o pinguim-imperador é quase 2 vezes maior. Em resumo, os seres vivos crescem de maneira mais geral em ambientes frios, mas suas imposições biológicas e sua herança genética também devem ser levadas em consideração.

Uma população de pinguins-imperador.

3. Bonitos, mas perigosos

Apesar de parecer bastante amigável, a foca-leopardo (Hydrurga leptonyx) é uma das espécies mais perigosas da Antártica. É tão feroz que pode devorar até 20 pinguins em um único dia.

Sua dieta é tão variada que pode consumir krill, pequenas focas, aves, pinguins e vários tipos de peixes. Tudo isso é possível graças ao seu grande tamanho, já que esse mamífero mede entre 3 e 3,6 metros. Com essas medidas, é listado como a segunda maior foca da Antártica.

Essa foca tende a ser bastante agressiva e ataca com seus caninos afiados, por isso seu comportamento é solitário. A única maneira que essa foca encontrou para sobreviver foi consumindo tudo que pode, mas quem pode julgar? Na Antártica, a comida é o mais importante.

Uma foca-leopardo mostra seus dentes.

4. A foca olímpica

A medalha de ouro em resistência dessa vez vai para a foca-de-wendell (Leptonychotes weddellii). Ela é capaz de aguentar até 80 minutos dentro da água.

Embora seja difícil de acreditar, muitas das espécies que habitam a Antártica são mamíferos, o que significa que têm pulmões. Ou seja, toda vez que entram na água para nadar, caçar ou se mover, elas realmente precisam prender a respiração.

Apenas para comparação, os pinguins-imperador podem aguentar – em média – até 20 minutos debaixo d’água, enquanto a foca-de-wendell consegue aguentar até 4 vezes mais. Comparada ao Recorde Mundial do Guinness para humanos, de apenas 11 minutos e 54 segundos, fica claro que essa foca vence qualquer adversário.

E tem mais: além disso, a foca-de-wendell tem a capacidade de descer até 600 metros de profundidade. Contudo, nesse quesito não é páreo para baleias, cachalotes ou baleias-bicudas-de-cuvier, que ultrapassam os 1000 metros de profundidade, mas não esqueça que a foca mede muito menos.

Um dos animais da Antártica no gelo.

5. A aparência também importa

Você provavelmente já se perguntou por que os pinguins andam de forma tão estranha ou por que as focas parecem mais um barril. A resposta é simples: as características físicas dos animais antárticos estão diretamente relacionadas ao próprio clima.

Se esses seres vivos tivessem mais área de superfície em suas extremidades – como pés mais longos ou nadadeiras mais grossas – a facilidade com que perderiam calor seria maior. Quanto maior a área do corpo exposta ao frio, mais rápido o calor do corpo é perdido.

O frio da Antártica era tão exigente que fazia com que as espécies se modificassem e se adaptassem ao clima. Desse modo, esses seres vivos são fisicamente barris de calor, enquanto nós ainda precisamos de roupas ou um bom abraço em climas frios.

Dois ursos-polares.

Como você viu, as inclemências climáticas provocam pressões evolutivas muito características nos animais da Antártica. É de vital importância conhecê-los para preservá-los, pois são alguns dos seres vivos mais ameaçados pelas mudanças climáticas.


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