Como e por que evitar o tráfico ilegal de espécies?
Há anos é de conhecimento geral que a biodiversidade da Terra está em perigo e, com ela, o próprio planeta. Esse problema requer várias soluções, sendo uma das mais importantes evitar o tráfico ilegal de espécies.
Reverter as alterações climáticas, o degelo dos polos, as pandemias e muitas outras ameaças à vida dependem dessa medida e de muitas outras. Neste artigo iremos nos concentrar em uma das ações humanas que mais prejudicam o futuro e o presente do globo: a captura, o transporte e a venda ilegal de animais e plantas.
O comércio ilegal e a convenção CITES
Se você é um amante da natureza e tem interesse em protegê-la, será estranho pensar que em alguns países o comércio de certas espécies é considerado legal, assim como suas partes ou derivados. Você deve saber que a legislação de cada país regula a coleta e venda de cada espécie com base no seu valor econômico para o ser humano, principalmente.
Em nível internacional, existe um regulamento denominado Convenção CITES (Convenção sobre o Comércio Internacional de Espécies Silvestres Ameaçadas de Extinção). Graças a esse tratado, é estabelecida uma rede mundial para controlar o comércio de espécies selvagens ameaçadas.
As transações registradas pela CITES abrangem 78% de animais exóticos e 22% de espécies de plantas.
Até o momento, mais de 37 mil espécies de animais e plantas estão incluídas na lista da CITES. Dentro dessa lista existem 3 apêndices que determinam o grau de proteção para cada táxon:
- Apêndice I: as espécies ameaçadas estão listadas aqui. Seu comércio, bem como suas partes e derivados, é proibido.
- Apêndice II: essa seção lista as plantas e animais cujo comércio é regulamentado por razões de conservação, mas não necessariamente correm o risco de extinção.
- Apêndice III: quando uma parte da convenção solicita que o comércio de uma espécie específica seja regulamentado, esse táxon entra neste apêndice até que as outras partes o aprovem ou rejeitem.
Os números do comércio ilegal
No papel, os números e as regras parecem impressionantes. No entanto, colocá-los em prática envolve um grande número de fatores adversos a se controlar, resultando em problemas não resolvidos, como os seguintes:
- Os milhões de espécies que não fazem parte da CITES dependem da legislação de cada país, o que as torna suscetíveis de continuar sendo coletadas e comercializadas, independentemente das consequências negativas que possam ter.
- A CITES limita-se a regulamentar o comércio: não tem poder para impedir atividades criminosas, como a caça furtiva e a colheita ilegal de plantas, se não forem comercializadas posteriormente.
- Se não for possível demonstrar que as espécies protegidas cruzaram a fronteira violando as regras da CITES, não há maneira legal de agir contra os traficantes.
Portanto, pressupõe-se que os crimes contra a natureza são muito mais amplos do que o que se reflete nos enormes documentos oficiais. Em 2017 (último ano do qual existem dados disponíveis), foram realizadas 20 762 apreensões de animais e plantas nas fronteiras e alfândegas.
O tráfico ilegal de espécies movimenta anualmente entre 10 e 20 bilhões de euros, valor comparável ao do narcotráfico e só superado pela venda ilegal de armas.
As espécies mais ameaçadas são 2: os elefantes (cujo comércio de espécimes e suas partes responde por 33,1% do total) e o pau-rosa, uma madeira exótica de áreas tropicais da África, América e Ásia. A árvore de onde provém esse material ocupa 40,7% do comércio total com espécies ameaçadas.
Por que evitar o tráfico ilegal de espécies?
Os motivos para evitar o tráfico ilegal de espécies que todos conhecem são de bom senso: para o planeta, para os animais e para os próprios humanos. Não há muito o que discutir com esses argumentos. Contudo, os fatos que tocam o coração são muito mais explícitos e concretos.
Certamente você já viu imagens de um rinoceronte recortado no pôr do sol na savana. É muito provável que você também se lembre de relatos em que aparecem as peças inertes do rinoceronte, seja por meio de investigações secretas ou em relatórios oficiais de sua apreensão. Os dois lados dessa realidade aludem a um processo humano básico: a empatia.
Todos os humanos são sensíveis o suficiente para ficar horrorizados com a violência e gostam de imagens idílicas. Portanto, o principal motivo do combate a esse tráfico é simples e, ao mesmo tempo, repleto de nuances: ninguém pode testemunhar abusos sem sentir que deve fazer algo para evitá-lo.
Milhões de detalhes são adicionados a tudo isso. Guerras financiadas com dinheiro da exploração animal e humana, uma Amazônia cada vez menor, ursos-polares flutuando em pedaços de gelo, um elefante espancado em um circo, uma pandemia global, cães encolhidos em celas de laboratórios: a lista poderia continuar ad infinitum e o tráfico ilegal de espécies é apenas parte dele, distante para o mundo ocidental, mas inter-relacionado com todos os aspectos da vida diária.
Como evitar o tráfico ilegal de espécies?
Finalmente, chegamos à parte mais importante desse tópico: o que posso fazer para evitar tudo isso? Que poder um indivíduo tem contra números na casa dos milhões? A resposta é simples: as pessoas também chegam a cifras de milhões.
Muitas vezes, os dados que chegam aos nossos ouvidos são de crimes fisicamente distantes: caça ilegal na África, apreensões em aeroportos e assim por diante. No entanto, e infelizmente, os abusos e crimes contra animais e plantas estão presentes em todo o lado. Se você quiser lutar contra isso, aqui estão alguns passos que você pode tomar:
- Descubra quais espécies são protegidas em sua área: às vezes, um gesto inocente como arrancar uma flor tem um impacto negativo no ecossistema. Informação é poder.
- Denuncie crimes que encontrar em seu ambiente: a criação e comercialização de animais e plantas protegidos são a origem de muitos problemas, como invasões de espécies estrangeiras.
- Obviamente, não compre animais: além de poder estar cometendo um crime, há milhares de amigos de outra espécie que você não conhece esperando nos abrigos.
- Rejeite todas as formas de exploração animal: o dinheiro que é dado a indústrias como a de peles, a caça desportiva ou a própria alimentação fecha o ciclo de financiamento de muitas atividades ilegais.
- Inclua costumes ecológicos e de proteção ambiental no seu dia a dia: desde reciclar uma lata até comprar frutas a granel tem um impacto positivo, então não subestime essas ações.
- Colabore com grupos de pressão social: as mudanças sempre vêm de baixo. Seja local ou internacionalmente, as organizações que fazem lobby contra os gigantes da economia precisam de todo o apoio possível.
Acima de tudo, nunca se esqueça de que sua contribuição individual é inestimável para o planeta. Vivemos em uma época em que grandes feitos são realizados em grupos e não respondem a nomes individuais, então não perca a esperança de criar um mundo melhor para todos.
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- UNODC. (2020). World Wildlife Crime Report: Trafficking in protected species. https://www.unodc.org/documents/data-and-analysis/wildlife/2020/World_Wildlife_Report_2020_9July.pdf
- Fundación Aquae. (2021, 2 febrero). 10 Consejos para la Protección Animal | Fundación Aquae. https://www.fundacionaquae.org/consejos-para-proteger-a-los-animales/
- CITES. (s. f.). ¿Qué es la CITES? | CITES. Recuperado 2 de diciembre de 2021, de https://cites.org/esp/disc/what.php
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