De onde vem a lenda da cegonha e das crianças?
Escrito e verificado por o advogado Francisco María García
A sexualidade humana tem sido um tabu social e familiar. Um tabu absurdo que impediu os adultos de dizerem aos filhos a verdade sobre a concepção. Assim, metáforas como a da semente e a lenda da cegonha e das crianças foram elaboradas, sendo esta última a mais popular de todas.
Diz a lenda que as crianças são trazidas para as mães por esse pássaro em uma pequena trouxa, pendurada em seu bico. A seguir, veremos as razões pelas quais essa ave foi associada ao nascimento ou à chegada de bebês humanos. Também analisaremos sua repercussão em diferentes manifestações da cultura popular.
Origem da lenda da cegonha e das crianças
As características e o comportamento desse animal de pernas longas favoreceram a relação com o surgimento dos bebês.
Por um lado, as cegonhas são aves migratórias. Por isso, normalmente voltam ao mesmo lugar todos os anos. Seu retorno geralmente coincide com a chegada da primavera: época de floração e fertilidade.
As cegonhas vivem com o mesmo parceiro durante toda a vida e têm um comportamento reprodutivo muito particular. Para a incubação, elas elaboram o ninho com grande zelo, e continuam a construí-lo por anos. Fazem-no em cima de árvores ou edifícios, como torres ou campanários.
Depois que os filhotes da cegonha nascem, eles são alimentados e cuidados com zelo e dedicação, até que possam voar.
Este comportamento da cegonha foi observado desde os tempos antigos pelos gregos, que começaram a ter muito respeito por essa ave. Tanto que era considerado crime matar cegonhas. Os romanos, por sua vez, consideravam-nas sagradas. Acreditavam que a presença delas era capaz de proteger as mulheres, assim como o casamento, as crianças pequenas e o processo de nascimento.
A lenda continuou sendo alimentada na Idade Média. Naquela época, pensava-se que os bebês ainda não nascidos estavam nos pântanos frequentados por essas aves.
Seguindo com esta viagem no tempo, para os antigos escandinavos, a cegonha era um símbolo de sorte e sua presença era considerada um bom sinal para gestantes.
Já no século 19, a lenda segundo a qual as cegonhas trazem os bebês é captada por Han Christian Andersen. Em seu conto “As cegonhas”, ele apresenta uma história relacionada.
Mais tarde, a lenda foi modificada e a declaração de que essas aves traziam as crianças de Paris para qualquer parte do mundo foi incorporada.
Por que, segundo a lenda, as cegonhas vêm de Paris?
Diz-se que algumas cegonhas costumavam migrar para uma área perto de Paris, em vez de para a África. Elas construíram seu ninho em uma determinada casa e sua chegada coincidiu com o nascimento de um bebê do casal que morava lá. Desta forma, espalhou-se a história de que foram os pássaros que trouxeram o bebê de Paris.
A imagem mais comum que se refere a isso é a cegonha com o bebê enrolado em um pano pendurado em seu bico. A lenda chegou intacta ao presente e ainda é usada.
Para os pais de crianças que fazem muitas perguntas, essa lenda da cegonha que traz crianças de Paris tem sido a opção menos desconfortável; em vez de dizer a verdade sobre a reprodução humana.
Divulgação da lenda
A lenda da cegonha e das crianças encontrou grande difusão na literatura e em outros gêneros. Na publicidade comercial contemporânea, as agências de publicidade aproveitaram essa simplificação romântica da reprodução humana para seus propósitos. Como resultado, eles foram ainda mais reforçados.
Por exemplo, o filme Dumbo, de Walt Disney, apresenta o nascimento de crianças de acordo com a lenda descrita. Se assistirmos a filmes infantis, veremos mais exemplos.
Os pais devem continuar a contar às crianças a lenda das cegonhas?
É poder dos pais escolher a informação que eles dão aos filhos em sua educação. Muitos ainda usam a história da cegonha branca trazendo de Paris uma criança no bico. Outros pais escolhem explicar a verdade, de uma maneira completamente natural, que permite que a inteligência da criança seja adequadamente desenvolvida.
Este texto é fornecido apenas para fins informativos e não substitui a consulta com um profissional. Em caso de dúvida, consulte o seu especialista.