Qual é a diferença entre espécies endêmicas e nativas?

Saber qual é a diferença entre espécies endêmicas e nativas é uma das bases para compreender a luta pela biodiversidade. Ambos os termos podem parecer sinônimos, mas não são.
Qual é a diferença entre espécies endêmicas e nativas?

Última atualização: 17 junho, 2021

Em um mundo globalizado, onde muitos animais deixam seu habitat por motivos alheios à sua vontade, é comum ver campanhas de conservação que utilizam os termos espécies ‘endêmicas’ e ‘nativas’. Existem certas diferenças importantes entre ambos os conceitos que devem ser conhecidas, a fim de não incorrer em erros biológicos graves.

Esse conhecimento é útil para mergulhar no mundo da categorização das espécies. Dessa forma, é realizado o tão necessário registro de animais e plantas que sustentam o equilíbrio dos biomas. Para proteger a natureza, devemos primeiro saber o que preservar.

Qual é a diferença entre espécies endêmicas e nativas?

Quer se aplique a plantas ou animais, espécies endêmicas e nativas são denominações com pontos em comum, mas também com uma diferença substancial. Portanto, a primeira coisa a fazer é definir cada um desses termos. Vamos lá!

  • Espécie nativa, indígena ou autóctone: é aquela que pode ser encontrada em seu lugar geográfico de origem – presente ou passado – sem que o ser humano tenha intervindo em sua introdução no ecossistema em qualquer momento de sua história. Pode ser encontrada naturalmente em outras partes do mundo.
  • Espécie endêmica: fauna e flora endêmicas são aquelas espécies que vivem apenas em um determinado local, ou seja, cujo raio de distribuição é limitado a uma área, região ou continente.

Uma espécie nativa também pode ser endêmica se estiver limitada à sua área geográfica original. Ao contrário, se fatores naturais a levaram a se espalhar para outros territórios, a espécie continuaria sendo nativa, mas não endêmica. A ponto-chave é o espaço geográfico que a espécie ocupa.

Algumas espécies nativas de flores se espalharam por diferentes territórios dos Estados Unidos graças à ajuda de abelhas. Em outras palavras, certos seres vivos podem alterar a distribuição de outros, direta ou indiretamente.

O lince-ibérico é uma espécie endêmica da Espanha.
O lince-ibérico é um uma espécie endêmica da Península Ibérica, uma vez que só pode ser encontrado nesse local.

O problema das espécies invasoras

Existe uma terceira categoria em termos de distribuição de espécies: as invasores. Ainda se trata de animais e plantas que saem de sua área original e se adaptam a uma área diferente, mas, nesse caso, é a ação humana que provoca essa mudança.

Qual é o problema disso? Normalmente, a expansão de uma espécie a partir de seu local de origem envolve um processo lento que permite que o equilíbrio do bioma se reajuste e se readapte às mudanças causadas por esses animais ou plantas. No entanto, a introdução abrupta de novas espécies em uma área geográfica costuma trazer problemas.

Por um lado, a espécie introduzidas pode não resistir às condições daquele novo local, por não encontrar fontes de alimento ou condições climáticas adequadas, e acabar desaparecendo. Ou ela também pode se adaptar e prosperar no novo local, mas então será o novo ecossistema que sofrerá as consequências.

Por exemplo, a introdução da caturrita (Myiopsitta monachus) na Espanha causou problemas para espécies autóctones, como o pardal (Passer domesticus), uma vez que consome grande parte de seus recursos alimentares e ocupa seu território. Uma espécie invasora pode matar uma espécie endêmica por predação direta ou por superposição de nichos (competição).

Em países como a Espanha, foram calculadas 200 espécies invasoras potencialmente perigosas para os ecossistemas.

 

Uma caturrita no chão

Endemismo em perigo

Uma espécie endêmica não se expande para outras áreas, devido à sua alta especialização no ecossistema que habita. Por isso, sua extinção significa perder para sempre uma parte da biodiversidade do planeta. Isso, somado ao fato de os táxons endêmicos serem compostos por populações com baixo número de indivíduos, muitas vezes dificulta os trabalhos de conservação.

A maioria dos estudos sobre a conservação aponta para um ponto-chave referente a essa questão. A importância do endemismo reside na necessidade de conhecer e proteger os atributos biológicos e a história evolutiva dos táxons endêmicos e de seus padrões biogeográficos.

Por isso, quando o ser humano introduz novas espécies em um lugar —ou as remove de seu habitat—, ele põe em perigo 2 ecossistemas: aquele que fica sem a espécie e aquele que a recebe. Basta olhar para o caso do axolote (Ambystoma mexicanum) que, ao mesmo tempo que se extingue nas zonas úmidas de Xochimilco, povoa as casas de milhares de entusiastas de animais de estimação exóticos.

Em um mundo onde 28% das espécies estudadas estão ameaçadas, perder espécies endêmicas não é uma opção.

 

O axolote é um anfíbio em extinção.

O problema das espécies invasoras tem se tornado mais urgente a cada dia. Na verdade, o tráfico ilegal de espécies ocupa o quarto lugar no mercado negro, movimentando quase tanto dinheiro quanto seus antecessores: as armas e as drogas. Cabe a todos nós, instituições e indivíduos, acabar com os crimes contra o planeta.


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